Rui Nogueira/BRASÍLIA – O Estado de S.Paulo
Ao final de uma manhã de reuniões com a equipe de assessores do gabinete da Casa Civil, o ministro Antonio Palocci decidiu que dará uma entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão, para tentar dar ao País as explicações sobre o enriquecimento súbito dos últimos quatro anos que a presidente Dilma Rousseff pediu que ele desse o mais rápido possível, não esperando pelo pronunciamento do procurador geral, Roberto Gurgel.
A entrevista será concedida a um repórter da emissora em Brasília. Os assessores chegaram a discutir com o ministro a possibilidade de ele também conceder entrevista a um ou mais jornais. Até o momento, a decisão é para falar só ao Jornal Nacional.
Como o Estado revelou na edição desta sexta-feira, 3, Dilma disse a Palocci na quinta-feira, 2, que é “um erro esperar” o parecer da Procuradoria-Geral da República para rebater as denúncias porque o desgaste já atinge o governo.
A situação de Palocci, acusado de multiplicar o patrimônio em 20 vezes durante quatro anos, é considerada gravíssima tanto pelo Planalto como por petistas. Sua permanência no cargo depende dos esclarecimentos e do fim das acusações.
A Executiva Nacional do PT, reunida na quinta, lavou as mãos e não produziu nenhuma linha em defesa de Palocci. “Não entramos no mérito da questão. O ministro me disse que vai se manifestar sobre suas consultorias”, afirmou o presidente do PT, Rui Falcão. “O assunto Palocci é do governo, não é do PT”, emendou o secretário de Comunicação, deputado André Vargas (PR), indicando que o chefe da Casa Civil foi abandonado à própria sorte.
Orientados pelo Planalto, os petistas contrariaram a praxe e não redigiram resolução política. Para não mexer no vespeiro, o PT se descolou de Palocci.
‘Manco’. “O problema do Brasil não é o Palocci. O problema é não deixar que esse episódio paralise o governo”, insistiu o secretário de Mobilização, Jorge Coelho. Embora Falcão tenha feito tímida defesa de Palocci, dirigentes do PT deixaram a reunião dizendo que o ministro estava “manco” e “cambaleante”.
“O que mais impactou o PT foi a revelação de que Palocci ganhou R$ 10 milhões entre e novembro e dezembro, após ter sido coordenador da campanha da Dilma”, contou um dirigente petista.
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