por Dinarte Assunção
Quando era criança, o último rei da França, Luís XVI recebeu uma previsão astrológica segundo a qual tivesse cuidado com os dias 21. Por um tempo, o marido de Maria Antonieta era tão apavorado que sequer trabalhava nos dias 21. Até que abraçou a imprevidência.
No dia 21 de junho de 1791, por causa de Revolução Francesa, Luís e sua rainha foram presos em Varenes enquanto tentavam escapar da França. Em 21 de setembro de 1791, a França aboliu a instituição da realeza e proclamou-se república. Finalmente, em 21 de janeiro de 1793, Luís XVI foi executado na guilhotina.
Se o dia 21 era o inevitável destino de Luís XVI, dele não poderia escapar.
Quando o inevitável chega, só resta a rendição.
Isso posto, nossa própria Revolução Francesa, a inquietação social que expõe os abismos entre as ilhas de excelência do serviço público potiguar, nos coloca diante do inevitável, qual seja, a realeza encastelada na estratosfera das folhas salariais não cabe mais no Estado que podemos pagar.
O ajuste fiscal que a Assembleia Legislativa vota nos próximos dias, no entanto, não atinge a realeza, e é isso que torna legítimo o grito do servidor que indaga por que os cortes vão lhe afetar tão drasticamente e a nobreza vai passar praticamente incólume.
Por mais compreensível que seja a reivindicação dos mais afetados, no entanto, nenhum ajuste que parta do Centro Administrativo pode derrubar auxílios-moradias; verbas de gabinete ou salários estratosféricos em outros poderes, pois se tratam de direitos previstos em legislação que não é estadual.
Necessitamos, portanto, de uma Revolução Francesa nacional para corrigir os abismos locais.
Como não dá para esperar, o Estado se propõe a fazer o que está a seu alcance, o que acontece tardiamente pela imposição que é característica do inevitável.
Atravessamos os últimos anos perseguindo a crença que de poderíamos esgotar com privilégios – inclusive para os servidores que agora gritam – os recursos do Tesouro Estadual. Agora, como Paulo no caminho para Damasco, caímos do cavalo e nos vemos obrigados à conversão da responsabilidade fiscal.
Para voltar ao inevitável: ou o Rio Grande do Norte passa esse projeto ou os três meses de salários atrasados passarão a ser quatro, cinco. E logo depois os poderes também serão afetados.
Cumpre alertar que os privilégios ululantes se aproximam do cadafalso e da guilhotina, para onde caminhou Luís XVI após ignorar as injustiças que rebelaram a França.
Dois lembretes: 1 – O atual governador, quando presidente da AL contribuiu para a constituição dessa "realeza"; 2 – O inventor da guilhotina também foi guilhotinado.
Parabéns, excelente texto!!!
Qualquer reforma fiscal só prospera se limitar os gastos como os poderes, principalmente com a JUSTIÇA, que custa MUITO, ainda mais pagando auxílio moradia. O CONTRIBUINTE está farto de bancar esses privilégios.
O que são os 2 bilhões de auxílio moradia, frente aos bilhões passados para os exércitos da esquerda ?
Só para o MST, foi mais de 1 bilhão. A justiça não faz parte do problema. Os Sérgios Moro do Brasil merecem seus auxílios e muito mais. Juízes ganham menos que auditores fiscais. Igual a procuradores do Estado, que ainda podem advogar. Estão há anos sem reajustes e não tem verbas de gabinete. Mas o povo engoliu a corda da esquerda corrupta direitinho e caiu no conto da demonização do judiciário, que é exatamente o que os petistas desejam. Quem bate na justiça ou é cumplice da corrupção ou ingênuo.
Lino, seu comentário é que parece ser de esquerdista, principalmente quando defende um Estado caro e cheio de privilégios para algumas classes de funcionários públicos. Essa tal de justiça custa muito, muitíssimo dinheiro ao bolso do contribuinte brasileiro com seus fartos salários, um monte de gratificações sem o menor sentido (auxílio moradia para aqueles que residem em mansões próprias a vinte anos), um monte de proteções jurídicas contra abusos de poder e falta de transparência em suas ações, chegando ao absurdo do magistrado condenado ser aposentado e receber salário integral (que é muito alto por sinal). Juiz no Brasil custa, pelo menos, 5 vezes o que custa um juiz na Suécia. Concordo contigo quando escreves que algumas outras classes de servidores públicos ganham uma fortuna de dinheiro (auditores fiscais, procuradores, delegados, militares do alto comando, entre outros). Para esses, deve-se também, sem o menor pudor, cortar a gordura, e se puder a carne também. Ganham muito, desproporcional a outros servidores públicos de serviços essenciais para a população (saúde, educação e segurança pública). O contribuinte pobre do Estado sofrido e falido do RN não aguenta mais sustentar esse povo. Outrossim, deixe de ser maniqueísta tentar em justificar os fins por outros meios (quando cita PT e seus asseclas). Justificar o erro pelo erro. Melhore seus argumentos.
O problema. é o nome da rubrica. É constrangedor o cara ganhar 30 mil e receber auxílio moradia. Isso deixa o contribuinte que ganha pouco furioso. E tem mais, o juiz vira alvo de chacota. Em todo lugar q chega quando sai a turma baixa o pau.
As verbas de gabinete podem, sim, ser extintas por legislação estadual. "Basta" a ALRN aprovar.
E sobre as isenções fiscais??
Diante do quadro estabelecido, eu também pensei na Revolução Francesa. Vai terminar a turba invadindo os palácios do RN, onde estão encastelados aqueles que ganham fortunas de um Estado falido, enquanto o povo e funcionários públicos humildes sofrem à mingua. Lembram da Bastilha, pois acho que está bem pertinho de acontecer.
Não vi nenhuma linha falando dos generosos regimes especiais de tributação que beneficiam algumas castas familiares do RN. Nem muito menos dos bondosos contratos de publicidade dos órgãos públicos com a imprensa marrom do RN.
Isso não faz nem cócegas se comparado ao que é gasto com a casta dos funcionários públicos. 1 bilhão o governo torra com FP em três meses. Isso é um saco sem fundo, depois tragam mais 1 bilhão…