Seja numa empresa pública ou privada, os funcionários têm que prestar conta da quantidade de horas trabalhadas. É comum o famoso ato de bater o ponto, hoje feito através de sistema eletrônico utilizando a digital do funcionário. Quem trabalha além do horário, entra para o banco de horas e recebe uma remuneração especial como hora extra ou folga para compensar as horas trabalhadas. Para grande maioria dos trabalhadores, o ato de bater ponto e ter ali registrada as horas trabalhadas é considerado um verdadeiro beneficio, um meio isento que pode dirimir qualquer dúvida entre empregado e empregador.
Avaliando essa situação surge a pergunta: Por que os médicos locados na Secretaria Estadual de Saúde colocam tanta resistência na implantação do ponto eletrônico nas Unidades de Saúde do Estado? Especialmente o Sindicato? Se eles trabalham a mais do que está no contrato, essa não seria uma maneira de garantirem que seus direitos fossem cumpridos? Não seria uma forma de mostrar que mesmo cumprindo a carga horária estabelecida não há profissionais suficientes para atender a população?
O problema da saúde no Rio Grande do Norte vai além da instalação de pontos eletrônicos. O que há por trás desse posicionamento dos médicos? Apesar da remuneração média de mais de R$ 8 mil mensais (valor que nem de longe é um dos mais sofríveis), é do conhecimento de todos os arrumadinhos que acontecem dentro dos hospitais. Em comum acordo, médicos colocam companheiros para ‘cobrir’ seus plantões enquanto viajam. Em comum acordo, montam escalas absurdas em que cada um trabalha no máximo duas horas. Ainda há aqueles que trabalham na capital, e complementam a renda no interior dos estados, recebendo por plantões que cumprem pela metade (quando cumprem).
O caos na saúde então, é culpa dos médicos? Não. Longe disso. Porém, se os médicos atendessem a esse chamamento será que o governo não passaria a focar em problemas reais como a falta de equipamentos, medicamentos, leitos. Além disso, existe um déficit deixado pelo abandono da saúde pelos municípios, o que só contribui para a superlotação das unidades estaduais.
De acordo com dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) existem algumas jornadas que extrapolam 120 horas semanais, o equivalente a atender pacientes de segunda a sexta-feira, sem parar, 24 horas por dia. As cargas horárias variam de 88 a até 144 horas semanais.
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