Após encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ontem, na Rússia, a presidente Dilma Rousseff, disse hoje, no Twitter do Palácio do Planalto, que Obama “assumiu a responsabilidade direta e pessoal pela investigação das denúncias de espionagem”. Ela informou ainda que o presidente americano firmou um compromisso de dar uma resposta ao Brasil sobre o monitoramento até quarta-feira.
Espionagem 05/09
Dilma e Obama, que estão na Rússia participando da 8ª Cúpula do G-20, grupo das maiores economias mundias, conversaram ontem, cara a cara, durante 30 minutos, para tratar das denúncias de espionagem sobre as ligações, mensagens de telefone e e-mails da presidente pelo serviço secreto americano.
Ainda no Twitter, a presidente afirmou que irá propor à Organização das Nações Unidas (ONU) uma “nova governança contra invasão de privacidade”. Dilma voltou a dizer também que a viagem oficial dela aos Estados Unidos, marcada para outubro, depende das explicações que serão dadas pelo presidente americano na próxima semana.
Encontro fora da agenda oficial
Dilma e Obama se reuniram a portas fechadas na saída da reunião do grupo das 20 maiores economias do mundo, em São Petersburgo, por volta das 21h (horário local). Por esta razão, acabaram se atrasando para o jantar oferecido pelo presidente da Rússia, Vladmir Putin, aos líderes da cúpula no Peterhof, o palácio imperial russo por excelência. Participou da reunião bilateral ainda pelo lado brasileiro o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo.
Segundo o assessor da Casa Branca, são coletados dados de inteligência sobre praticamente todos os países.
– Entendemos a força do sentimento deles (brasileiros) sobre o assunto – afirmou, lembrando a importância do Brasil para os Estados Unidos.
Horas antes, durante a 8a. cúpula do G20, Dilma e Obama acabaram sentados lado a lado. Embora próximos, os dois não chegaram a conversar. Já sentada à mesa de reuniões, antes do vizinho, a presidente brasileira chegou a se levantar por duas vezes, enquanto o americano cumprimentava colegas ao lado, fazendo parecer que não queria dar a oportunidade para que ele se aproximasse.
Mesmo assim, foi vista trocando algumas palavras com ele pouco antes do discurso de apresentação da cúpula feito por Putin. O clima era frio, deixando claro o constrangimento.
Ainda não está claro se o governo brasileiro ficou satisfeito com a informações, nem se o gesto de Obama foi interpretado como um pedido de desculpas. De todo, Hodes já havia se adiantado em garantir que a Casa Branca pretende trabalhar com o governo brasileiro para entender melhor as suas “inquietações”.
– Continuaremos com esse trabalho.
Irritada, Dilma não havia considerado suficientes as explicações fornecidas pelos Estados Unidos desde as denúncias de espionagem dos seus dados. O governo brasileiro cobrou satisfações e chegou a chamar o embaixador americano Thomas Shanon duas vezes para que se explicasse.
O Globo
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