Foto: Reprodução/Globo
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Gebreyesus, demonstrou nesta quinta-feira (30) preocupação com o aumento das infecções de coronavírus Sars-Cov-2 entre os jovens.
“Os jovens também estão em risco. Um dos desafios que enfrentamos é convencê-los desse risco. Pessoas jovens não são invencíveis. Jovens podem se infectar, jovens podem morrer, jovens podem transmitir o vírus a outros”, alertou Tedros.
Apesar dos jovens não serem a maioria dos mortos pela Covid-19, o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan, afirmou que a ciência ainda não sabe quais serão os efeitos a longo prazo da infecção.
“Quando dizemos que maioria das pessoas têm sintomas leves e se recuperam, é verdade, mas não sabemos quais serão os impactos prolongados em todos os infectados”, disse Ryan. “Embora essa doença pode ser leve a moderada, ela pode afetar vários órgãos e pode ter efeitos de longo prazo.”
O diretor de emergências citou um estudo feito na Alemanha que identificou alterações e inflamações prolongadas no sistema cardíaco de jovens que se recuperaram da Covid-19.
Além de poder afetar o coração a longo prazo, Ryan também informou que “o processo inflamatório da Covid-19 pode fazer com que apareçam doenças crônicas muito antes do que elas apareceriam. Então, para que se arriscar?”, questionou o diretor.
A líder técnica da OMS, Maria van Kerkhove, alertou que boates e casas noturnas estão virando focos de coronavírus. “Cada vez mais vemos as boates como espaços de infecções”, disse.
“Talvez você seja saudável e jovem, mas você pode passar o vírus para um idoso, uma pessoa com doenças”, complementou Kerkhove, reforçando que também se preocupa com os efeitos a longo prazo da infecção nos jovens.
“Estamos aprendendo agora sobre os efeitos de longo prazo”, destacou a líder técnica.
Na quarta (29), o diretor regional da Europa para a OMS, Hans Kluge, afirmou à BBC que o aumento de infecções de novo coronavírus entre jovens pode estar provocando picos recentes de casos em todo o continente.
Idosos
Durante coletiva de imprensa desta quinta, a OMS também demonstrou preocupação com as mortes entre idosos pacientes de instituições de longa permanência.
“Em muitos países, mais de 40% das mortes relacionadas à Covid-19 foram ligadas a instituições de longa permanência e até 80% em alguns países de alta renda”, disse Tedros.
6 meses de emergência global
O diretor-geral da entidade lembrou que nesta quinta faz seis meses que a OMS declarou emergência de saúde pública de interesse internacional por causa do coronavírus.
“Esta é a sexta vez que uma emergência de saúde pública de interesse internacional é declarada sob o Regulamento Sanitário Internacional, e é facilmente a mais grave”, disse Tedros sobre a pandemia do coronavírus esta semana.
Em 30 de janeiro, o coronavírus estava em circulação na China e em mais 18 países e nenhuma morte fora do país havia sido registrada ainda. Seis meses depois, o vírus está em circulação em 216 países.
“Quando declarei uma emergência de saúde pública de interesse internacional em 30 de janeiro – o nível mais alto de alarme nos termos do Direito Internacional -, havia menos de 100 casos da Covid-19 e nenhuma morte fora da China”, publicou Tedros em seu Twitter na segunda-feira (27).
Na segunda-feira (27), a OMS informou que a pandemia continua acelerando pelo mundo e os casos globais quase dobraram nas últimas 6 semanas.
“A pandemia continua a acelerar. Nas últimas 6 semanas, o número total de casos aproximadamente dobrou”, afirmou Tedros.
O dado significa que, com um total de mais de 16 milhões de infectados durante os quase seis meses de pandemia, o mundo registrou cerca de 8 milhões de casos em apenas seis semanas.
G1
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