Os professores das escolas públicas da educação básica terão o menor reajuste salarial dos últimos três anos. Na tarde ontem, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, estimou que o novo piso será de R$ 1.567, apenas 7,97% sobre o valor do piso anterior. Os aumentos anteriores chegaram a 22% e 16%. “Este será um dos melhores reajustes de todas as categorias do serviço público”, contemporizou o ministro.
Em encontro com jornalistas, Mercadante se antecipou às reclamações de prefeitos e governadores que dizem não ter condições de pagar o aumento. Ele ressaltou que o dinheiro “repassado” pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb) aos municípios será R$ 8,9 bilhões a mais que no ano passado. O valor daria para pagar o impacto total de R$ 2,1 bilhões nos cofres das prefeituras com o aumento, calculado pela própria Confederação Nacional dos Municípios (CNM).
Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, avalia que o governo faz “populismo barato” e não discute a fundo a qualidade no ensino. Para ele, 90% do dinheiro do Fundeb vêm dos próprios Estados e municípios, que não conseguem pagar o aumento de gastos de outras áreas do sistema educacional com o aumento da arrecadação.
Uma planilha apresentada ontem pelo MEC mostra que o valor real a ser “repassado” a mais pelo governo por meio do Fundeb aos Estados e municípios, cerca de R$ 1 bilhão, será distribuído apenas a nove unidades da federação – os Estados do Nordeste, o Amazonas e o Amapá. Neste ano, o Fundeb terá cerca de R$ 117 bilhões, sendo R$ 107 bilhões de Estados e municípios e R$ 10,7 da União.
O presidente da CNM afirma que desde a aprovação da Lei 11.738, de julho de 2008, que definiu o reajuste dos professores levando em conta aumento do Fundeb e inflação, o governo federal e o Congresso não apontaram novas fontes de recursos. Ziulkoski diz que mil prefeituras já gastam 100% dos recursos do Fundeb em salários, não deixando sobra para reformas de escolas e melhorias de laboratórios. As prefeituras e Estados também estão deixando de fora dos reajustes inativos que se aposentaram antes da reforma da Previdência. “Não adianta jogar esse aumento goela abaixo. A grande maioria das prefeituras não conseguem cumprir o que diz a lei”, afirma Ziulkoski. “O grande drama é que a qualidade da educação continua a mesma.”
Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, ressalta que o novo piso é apenas o cumprimento da lei. Ele observa que o reajuste menor que nos anos anteriores é consequência da política de desoneração do governo, que atingiu diretamente o Fundeb.
Fonte: Tribuna do Norte
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