A revista Carta Capital é acusada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) de forjar documento reproduzido em reportagens relacionadas ao chamado “mensalão mineiro”, conhecido também como “valerioduto tucano”, “mensalão tucano” e “tucanoduto”. O caso teria acontecido durante a campanha de tentativa de reeleição do então governador mineiro, Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998.
Em nota, a Procuradoria-Geral de Justiça de Minas Gerais informa que, “em 3 de dezembro de 2012, encaminhou à redação da Carta Capital o ofício nº 108/2012-SCI-PGJ, pelo qual esclarece à Chefia de Redação da revista quanto à improcedência da informação veiculada na matéria ‘De volta à origem’, da edição de 14 de novembro”.
O texto referido é assinado por Leandro Fortes e aponta que o ex-governador e atual deputado federal, Eduardo Azeredo, teria sacado mais de R$ 100 milhões de estatais mineiras e repassado o montante a políticos e personalidades do judiciário, ligados principalmente ao PSDB, além de empresas de comunicação. Na lista, estariam o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Segundo a matéria, os desvios praticados pelos peessedebistas são piores que os dos petistas no caso do mensalão. “Para quem assistiu ao julgamento do caso do PT no Supremo Tribunal Federal, ninho de inovadoras teses de domínio de fato e a condenações baseadas em percepções sensoriais, o ‘mensalão tucano’ será ainda mais surpreendente por ter em abundância aquilo que muita falta fez no caso de agora: provas contundentes”.
O Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça Criminais (Caocrim), Joaquim José Miranda Júnior, requisitou instauração de inquérito policial à Delegacia do Departamento de Falsificações e Defraudações de Belo Horizonte, para apurar eventual estelionato jornalístico. Segundo o Ministério Público mineiro, a matéria traria uma assinatura falsificada do promotor de justiça Adriano Estrela, sugerindo que o alicerce da notícia é “absolutamente inidôneo” e “forjado”.
Em férias, o jornalista Leandro Fortes disse ao Comunique-se não ter conhecimento da acusação por parte do MP-MG.
Jornalismo de esgoto
“Quem acusa tem que provar”, é o título do editorial de CartaCapital em resposta às insinuações de que a revista teria criado e publiado falsos papéis do mensalão tucano.
Sérgio Lino é quem assina:
Leio por aí que o Ministério Público de Minas Gerais acusa CartaCapital de forjar documentos do processo do “mensalão tucano”. Repito: a revista teria sido acusada pelo MP mineiro de criar e publicar papéis falsos de uma ação judicial, segundo os relatos na internet. O autor de acusação tão grave terá de provar em juízo suas palavras.
Aos sites que se apressam em reproduzir a “informação” sem ouvir a revista, lembro que CartaCapital não publica fichas policiais nem documentos falsos, não acusa sem provas, não transforma bandidos em heróis da pátria, não se associa a meliantes da estirpe de Carlinhos Cachoeira nem recorre aos serviços de arapongas (que se converteram nos verdadeiros “repórteres investigativos” de Brasília). Não fazemos parte deste clube e é patético o afã de tentar nos misturar a esta gente. O jornalismo de esgoto corre por outras bandas.
Quanto ao processo do “mensalão tucano”, a exemplo do episódio da famosa Lista de Furnas, mais uma vez fica claro o poder de quem se esforça para desmoralizá-lo. E, desta feita, impressiona a participação do MP mineiro nesta empreitada. A Lista de Furnas também foi descrita como falsa. Até hoje, aliás, o ex-governador e deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB) usa este argumento (a de que a lista foi forjada) para responder a textos que descrevem como o valerioduto funcionava em seu quintal. Parte da mídia “isenta e independente” repete a tese de Azeredo para ver se cola. Mas uma perícia do Instituto de Criminalística da Polícia Federal comprovou que a lista não foi adulterada e que as assinaturas são verdadeiras.
A reportagem de Leandro Fortes, como de hábito, baseou-se em documentos obtidos com fontes seguras, participantes ativos do esquema que serviu de laboratório para a tecnologia de caixa 2 desenvolvida pelo publicitário Marcos Valério de Souza e mais tarde adotada pelo PT. Estamos absolutamente tranquilos.
Para refrescar a memória dos leitores, reproduzimos a seguir a reportagem publicada na edição número 723, de 11 de novembro de 2012. Leia clicando aqui.
Disponível no Blog do Luis Fausto:
Postado em 03 jan. 2013