Está no Jornal de Hoje. Pela primeira vez na história, melões do tipo amarelo e couro de sapo, produzidos no RN, são enviados para o mercado chinês e asiático. Três contêineres refrigerados chegaram 15 dias atrás ao porto de Beijin, mas o Comitê Executivo Fitossanidade do RN (Coex) não forneceu o nome do exportador.
A carga partiu do porto de Santos em meados do mês passado, depois de percorrer cinco dias de estrada entre a região produtora de Mossoró e a cidade portuária paulista. “Nosso maior interesse era saber como se comportaria a logística envolvendo a carga numa vigem tão longa”, explicou o presidente da Coex, Francisco Segundo de Paula.
Ele acrescentou que a experiência foi tão positiva que um próximo carregamento para o mercado asiático deverá estar saindo nos próximos dias. A escolha do Porto de Santos foi só porque lá existem navios diretos para a China.
“Nesse tipo de carga, escalas em outros portos são sempre muito prejudiciais para carga e por isso o exportador optou por cruzar o país por terra para realizar o embarque por Santos”, afirmou Segundo de Paula.
O Brasil é o terceiro maior produtor de frutas do mundo, superado apenas pela China e Índia. Sua participação no comércio internacional é de apenas 1,6% em divisas e 2% em volume, ocupando o 15º lugar entre os países exportadores.
Em termos específicos, as melhores posições no mercado global mostram o seguinte: 3º lugar com a manga, perdendo para o México e a Índia; e 5º lugar com o melão, depois da Espanha, Costa Rica, Estados Unidos e Honduras.
O Rio Grande do Norte está entre as três maiores produtores de frutas frescas do país. Só o agropolo fruticultor Mossoró/Assu concentra 90% da produção de melão.
A operação que envolveu a colocação do melão potiguar na China envolveu um conjunto de fatores logísticos que abrangeu desde manuseio da carga, agilidade na movimentação e transporte, acondicionamento especial com condições de refrigeração apropriadas, datas precisas de colheita, maturação, embarque e trato aduaneiro confiável.
“Precisávamos saber como as coisas aconteceriam durante todo o processo de remoção da carga para lugares tão distantes e como a carga chegaria ao destino”, explicou Segundo de Paula.
Os produtores brasileiros de melão estão de olho no mercado norte-americano, cujo potencial estimado é de US$ 130 milhões, para ampliar as vendas da fruta. Com apoio do governo brasileiro e da Confederação Nacional da Indústria (CNI), uma comitiva formada por representantes do Sebrae no Rio Grande do Norte, Comitê Executivo de Fitossanidade do Rio Grande do Norte (Coex) e entidades que defendem os interesses do setor de fruticultura já viajou para os EUA. Eles negociam com as autoridades lá a alteração do período de isenção do pagamento de tarifas, atualmente concedida entre os meses de dezembro e maio.
Fora desse período, os Estados Unidos cobram uma taxa de 28%. Os produtores pleiteiam a mudança para o intervalo entre setembro e março, auge da safra no Brasil. É um momento difícil, pois as relações comerciais entre Brasil e EUA passam por uma turbulência, com a acusação norte-americana de protecionismo brasileiro com a recente elevação das tarifas de importação de 100 produtos que entram aqui.
Os EUA importam US$ 478 milhões anuais em melões, principalmente do México, Guatemala, Costa Rica e Honduras, que poderão se opor à proposta brasileira. O ponto favorável, principalmente aos produtores potiguares e cearenses, segundo a agência Sebrae, está relacionado à variedade comercializada no mercado externo, o melão amarelo. Esse tipo é difícil de ser encontrado no mercado internacional, mas é produzido em larga escala nas regiões de Mossoró (RN) e Vale do Jaguaribe (CE).
Outra vantagem é a proximidade dos portos de Pecém (CE), Mucuripe (CE) e Natal (RN) com os Estados Unidos. São apenas oito dias entre esses terminais e o porto de Nova Iorque, por exemplo. Além disso, os dois estados já têm aprovação fitossanitária para exportar para os EUA, já que são declaradas áreas livres da mosca da fruta.
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