Os tênis de corrida se saíram bem nas análises feitas pela Proteste Associação de Consumidores, com modelos de seis marcas. Apenas o modelo Focus DMX Power, da Reebok, foi reprovado por ter tido rupturas em suas solas, o que mostra não ser resistente a flexões contínuas, algo imprescindível na prática de corrida. As outras marcas foram aprovadas nos testes de conforto, resistência à flexão e informação.
Passaram nas análises os modelos da Asics (Gel-Nimbus 13), Puma (Exsis 2), Mizuno (Creation 13), Adidas (AdiStar Ride 3 M) e Nike (Zoom Vomero 6). A Proteste considerou que a melhor escolha para o consumidor é o modelo da Puma, que foi avaliado como confortável, obteve resultados bons em todos os testes e apresentou o menor preço.
Márcia Carvalho Marques, pesquisadora da Proteste e coordenadora da análise, explica que a primeira coisa que o consumidor tem de considerar na hora da compra é para qual esporte o calçado é indicado, já que o de corrida não é o mesmo usado para futebol ou tênis.
A segunda coisa a observar é o tipo da pisada. Na pisada neutra, observada em 30% das pessoas, o contato do pé com o chão começa do lado externo do calcanhar, com uma leve rotação para dentro, terminando o passo no centro da planta do pé. A pisada pronada, comum a 60% das pessoas, começa da mesma forma, mas a rotação para dentro é acentuada e o passo termina no dedão do pé. Já a supinada, que atinge 10% das pessoas, começa igual às demais, mantém todo o contato com o solo do lado externo, terminando o passo na base do dedinho.
Cliente pode pedir para testar pisada
A escolha incorreta do tênis pode resultar em lesões por sobrecarga, como tendinites e fascite plantar, além de entorses e até fraturas por estresse.
— Normalmente essas indicações não estão disponíveis na embalagem do tênis. É preciso perguntar na loja, e muitas delas têm aparelhos para testar a pisada. Faltam informações importantes nas embalagens, como para qual esporte o tênis é indicado, para qual tipo de pisada e sobre o serviço de atendimento ao consumidor. É preciso também andar na loja, pois pode haver diferença entre os pés. Para corridas, é fundamental um tênis confortável e leve — explica Márcia.
Ela observa que se a pessoa corre sempre precisa trocar o calçado a cada 300 quilômetros, ou em um ano.
Segundo Márcia, o alto impacto absorvido pelos tênis de corrida causa um grande desgaste, observado, por exemplo, pela quebra da palmilha, pela ruptura do cabedal ou pela descolagem nas partes laterais. Nesse aspecto, o Reebok surpreendeu ao apresentar um resultado desastroso:
— No teste de resistência à flexão, os tênis foram submetidos a um milhão de ciclos (flexões) e teriam de estar intactos ao fim da prova. No entanto, no Reebok foram observadas rupturas em suas solas, provando não ser resistente a flexões contínuas.
A Reebok afirma que o modelo testado pela Proteste, o Focus DMX Power, não faz mais parte do portfólio da marca há vários meses. Isso, diz a empresa, suscita questionamentos sobre a procedência do produto usado e a utilidade do teste pelo consumidor, já que o tênis não é mais comercializado. A Reebok diz ainda que, na época de lançamento desse modelo, foram feitos treinamentos, orientando os vendedores do varejo de que ele era indicado para caminhadas e atividades físicas leves, e não para corrida, como no caso do teste realizado.
Falsificados dão lesões
Apenas a título de comparação, explica Márcia, foram feitos os mesmos testes em um modelo falsificado. Os resultados foram péssimos:
— Uma caminhada de 30 minutos já resultou em bolhas e lesões. O tênis também não foi bem no teste de distribuição da pressão plantar na parte da frente do pé. Além disso, é muito quente, e o material usado é de péssima qualidade. No teste de flexão, houve ruptura não só das solas como também do cabedal (corpo do tênis).
Fonte: O Globo
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