O empresário Aldemir da Costa Dantas, proprietário do Bidoca, na Rua São José, em Lagoa Nova, investiu mais de R$ 800 mil em seu comércio com vistas à Copa do Mundo. Mas se deu mal.
A exemplo do que acontece em qualquer país sede da Copa do Mundo, a Fifa detém todos os direitos – incluindo o de ir e vir – num raio de até dois quilômetros das arenas que receberão os jogos. É o caso do Bidoca, praticamente vizinho à Arena das Dunas.
Chamada de Zona de Exclusão – o nome não poderia ser melhor – a área passa a ser território exclusivo da Fifa. Comércio em dias de jogos ficam fechados, exceto as lojas credenciadas pela Fifa, que num geral são as de seus parceiros comerciais. Outros exemplos são citados em uma matéria do Novo Jornal de hoje.
Recordo que a revista Piauí, em uma de suas edições, durante a Copa da África do Sul, tratou do assunto.
Para se ter ideia do absurdo, até a circulação de cachorros na Zona de Exclusão é controlada pela Fifa.
Se o empresário do Bidoca não quiser sair no prejuízo, no qual parece já estar, precisará investir mais e tentar um credenciamento como loja dos parceiros comerciais da Fifa. Mas aí é outra coisa.
Se um bar ou restaurante quiser exibir os jogos da Copa em televisões ou telões, terá que pagar direitos autorais à emissora que os transmite, a qual destina uma parte deles à Federação. Pagará também diretamente à Fifa uma licença de venda de bebida alcoólica.
Na África do Sul, um camelô que mencionasse a expressão “Copa do Mundo” ou até “2010” na hora de vender seus cacarecos corria o risco de ser preso pela polícia.
Tudo isso faz parte de um pacote de subserviência em nome do progresso que os governos dos países aceitam para receber a Copa do Mundo. A Fifa nunca sai no prejuízo: para as Copas da África e do Brasil ela bateu recorde no seguro que fez.
Se por um aborto da natureza essa Copa do Mundo não sair, a Fifa tem garantida 650 milhões de dólares.
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