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Gerentes de mídias sociais, atendentes de comércio eletrônico, cientistas de dados, desenvolvedores de softwares, fisioterapeutas, médicos intensivistas, enfermeiros de UTIs, supervisores de SAC, analistas de SAC, azulejistas, vendedores de e-commerce, operadores de call center, encanadores, azulejistas e pedreiros. Esses são alguns dos cargos e profissões promissores para este começo de 2021. Outros tiveram um boom no ano passado e tendem a se consolidar, avaliam empresas de recrutamento e consultorias ouvidas pelo R7.
A tragédia da pandemia de covid-19 deixou marcas profundas na economia brasileira, com mais de 14 milhões de desempregados e uma avalanche de trabalhadores acabaram empurrados para a informalidade.
Porém, a dinâmica da doença fez com que novas demandas surgissem, mudasse o estilo de consumo da população e, consequentemente, impactasse o mercado de trabalho.
Uma das líderes no setor de recrutamento on-line, a Catho avalia que profissões como fisioterapeuta hospitalar e respiratório se tornaram protagonistas da luta contra a covid-19 e a abertura de vagas para essas posições subiu 725% e 716%, respectivamente, em sua plataforma, que reúne mais de sete milhões de currículos cadastrados.
Conforme a consultoria, a explosão na procura por profissionais ligados à saúde é autoexplicativa numa pandemia. E a busca por eles deve seguir acentuada até que a covid-19 esteja de fato controlada ou que chegue ao fim.
“A retomada que já ocorre nos setores da indústria e comércio certamente abrirá novas oportunidades em 2021. No entanto, o que podemos ver é que as demandas ocasionadas pela pandemia, que ainda é latente, devem continuar alavancando algumas áreas como saúde, e-commerce, marketing digital e tecnologia”, explica a diretora de Gente e Gestão da Catho, Patricia Suzuki.
O mercado de seguros também está em evidência pela necessidade de as seguradoras se diferenciarem e buscarem novas ofertas, sempre em linha com as demandas das empresas e consumidores finai, avalia a líder no setor de recrutamento especializado, Robert Half. Analista e especialista de produtos; analista, especialista e gerente atuarial; analista de precificação; profissionais ligado a finanças são alguns dos cargos com grande demanda.
Os setores do agronegócio, infraestrutura e logística para e-commerce também estiveram em alta em 2020 e devem se consolidar neste ano.
Para o diretor de Recrutamento da Robert Half, Lucas Nogueira, o aumento da taxa de desemprego, especialmente no último trimestre, envolveu a diminuição e o término do auxílio emergencial para a população em geral que busca emprego. Mas para quem possui qualificação, a realidade é outra.
“O nosso ‘índice de desemprego Robert Half’, em que buscamos o recorte dentro de uma população específica, com até 25 anos e ensino superior completo, a taxa está em torno de 6%. Ou seja, é uma tendência que a qualificação seja cada vez mais demandada. Este é um ponto que já era mandatório antes da pandemia e que foi acelerado”, analisa o executivo da líder do setor de recrutamente especializado.
E a busca por capacitação tem sido, mesmo, uma das prioridades dos profissionais. “Segundo levantamento realizado pela Catho com mais de 7 mil pessoas, 45% dos respondentes disseram estar buscando cursos de qualificação durante a pandemia. Portanto, este pode ser o momento para se qualificar e aumentar o leque de oportunidades profissionais”, afirma Patrícia Suzuki.
Exército de desempregados
A taxa de desemprego oficial chegou a 14,2%, atingindo 14 milhões de brasileiros em outubro, segundo dados mais recentes da Pnad Covid (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid), divulgada em novembro pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). É o maior valor absoluto desde o início da série, com um aumento de 2% frente ao mês anterior e de 38,6%, desde o início da pesquisa (maio).
Home office e tecnologia
Na esteira deste novo normal, o home office impulsionou a demanda por profissionais que atuam em diversos setores, especialmente o de tecnologia.
“O trabalho remoto gerou uma grande mudança de paradigma nas empresas e permite que elas acessem um pool maior de candidatos a nível nacional. Com o aumento expressivo da demanda por profissionais na área de tecnologia, a oferta de vagas remotas passa a ser estratégica”, avalia o CEO e fundador da startup GeekHunter, Tomás Ferrari.
Conforme pesquisa da plataforma de emprego, que reúne 7,6 mil empresas e 130 mil profissionais cadastrados, para este ano, 85% da abertura de vagas em tecnologia serão flexíveis, ou seja, trabalho remoto e presencial.
Mesmo com uma possível mudança no cenário, incluindo a retomada do trabalho presencial pós-pandemia, as vagas em tecnologia deverão se manter em um patamar mínimo de 60% com profissionais remotos, diz o estudo da GeekHunter.
Já uma pesquisa da Robert Half aponta que no ano passado, antes da pandemia, apenas 35% dos profissionais faziam home-office. Depois de março, 95% tiveram a possibilidade de adotá-lo.
Na opinião de 80% dos profissionais empregados e de 77% dos desempregados, atuar a distância passaria a ser um modo de trabalho, e não mais um benefício. Outros 11% dos entrevistados empregados disseram que não aceitariam uma proposta que não oferecesse home office de maneira parcial ou integral.
Por outro lado, aponta o estudo da Robert Half, entre os profissionais desempregados, a condição caiu para 3%.
E-commerce
Outra marca deixada pelo novo coronavírus, o isolamento social carregou em 2020 novos hábitos, o que empurrou a abertura de vagas nos setores de comércio eletrônico (e-commerce), redes sociais e atendimento ao cliente.
Na análise da Catho, o nicho tem se destacado cada vez mais nos últimos meses por ter se tornado a única maneira de permanecer comprando e vendendo em meio à pandemia do novo coronavírus e consequente necessidade de distanciamento.
A tendência é que, mesmo após a pandemia, a demanda siga alta.
As principais atribuições deste profissional são atender clientes da loja virtual por telefone, chat ou e-mail para auxílio na finalização de pedidos ou em dúvidas gerais, além de cadastrar produtos no site e participar na elaboração de estratégias comerciais.
Trabalhadores temporários
A Asserttem (Associação Brasileira do Trabalho Temporário) divulgou recentemente o balanço de contratações temporárias no ano passado. A pandemia fez disparar o número de vagas.
Foram pouco mais de 2 milhões de contratações neste modelo, o que representa uma alta de 34,8% em relação a 2019, quando foram geradas quase 1,5 milhão de vagas.
Para o diretor de Recrutamento da Robert Half, Lucas Nogueira, as empresas optaram por este tipo de modalidade devido às incertezas trazidas pela covid-19, como duração das medidas de isolamento social, dificuldade de planejamento e insegurança econômica.
Mas uma marca mais específica deste modelo – comum em períodos de alta demanda no comércio, como Páscoa, festas de fim de ano, dias das Mães, dos Pais e das Crianças – na pandemia foram as contratações temporárias para posições especializadas.
“Contadores, analistas financeiros, coordenadores de marketing, analistas de logística, entre outros. As empresas perceberam que existem projetos com começo, meio e fim em que profissionais mais especializados podem ser contratados”, afirma Lucas Nogueira, da Robert Half.
Patricia Suzuki, diretora de Gente e Gestão da Catho da Catho, concorda que o número de vagas temporárias para 2021 deve seguir em alta ao longo do ano, porém, a forma tradicional continuará a prevalecer. “O modelo CLT continua sendo o mais usado por contratantes. Na Catho, por exemplo, as vagas ofertadas pelas empresas são majoritariamente CLT”, diz.
O contrato temporário tem duração de até seis meses, podendo ser estendido por mais 90 dias. O funcionário possui boa parte dos direitos de um empregado efetivo, mas não tem aviso prévio nem recebe a multa de 40% sobre o valor do fundo de garantia (FGTS), caso seja mandado embora sem justa causa.
Abertura de vagas durante a pandemia – 2019 x 2020 (%)*
Fisioterapeuta Hospitalar – 725%
Fisiotarapeuta Respiratório – 716%
Médico Intensivista – 356%
Enfermeiro de UTI – 227%
Supervisor de SAC – 214%
Web Developer – 182%
Auxiliar de Enfermagem – 176%
Analista de SAC – 158%
Produtor de conteúdo – 126%
Azulejista – 122%
Vendedor de e-commerce – 118%
Repositor – 117%
Operador de Call Center – 100%
Programador ADVPL – 85%
Gerente de e-commerce – 78%
Analista de mídias sociais – 51%
Encanador – 46%
Atendente de delivery – 42%
Projetista de móveis – 27%
Pedreiro – 26%
Programador back-end – 18%
Fonte: Catho
R7
Que mentira, o boom mesmo foi de Uber e ifood