Economistas do mercado financeiro reduziram pela oitava semana consecutiva a previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano. A mediana das projeções para alta do PIB do boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira pelo Banco Central, caiu para menos de 1% pela primeira vez desde que estimativas para este ano começaram a ser divulgados, em 2010. Agora, a expectativa é de aumento de apenas 0,97%. Para o ano que vem, a previsão está estável há três semanas, em 1,5%.
Na semana passada, dados do BC mostraram que a atividade econômica recuou 0,18% em maio, segundo o IBC-Br, conhecido como o “PIB do BC”. Apesar de ter vindo melhor que o esperado por analistas (pesquisa da Reuters apontava queda de 0,5% naquele mês), o número negativo sinaliza a possibilidade de um PIB fraco no segundo trimestre. Nos primeiros três meses do ano, o crescimento foi de apenas 0,2%, na comparação com os últimos três de 2013.
Mais pessimista que a média, o banco Credit Suisse já espera alta de só 0,6% em 2014, frente a previsão anterior de aumento de 1,2%. Para o segundo trimestre, a expectativa foi cortada de alta de 0,3% para contração de 0,2%, na comparação com os primeiros três meses do ano. Em nota, o banco afirmou que a revisão era justificada pelo “desempenho fraco do setor industrial” e “provável continuidade dos baixos níveis de confiança”.
Para os analistas ouvidos pelo BC, a produção industrial — único indicador que compõe o PIB citado na pesquisa — deve encerrar o ano com retração de 1,15%. Na semana passada, a mediana das projeções era de queda de 0,9%. O pessimismo com o setor reflete os últimos dados oficiais divulgados pelo IBGE. Em maio, a indústria recuou 0,6%, frente ao mês anterior, terceira queda mensal consecutiva.
Em relação à inflação, os analistas estão mais otimistas. Segundo o relatório destas segunda, eles esperam que o IPCA, índice que meda a alta de preços oficial no país, feche o ano em 6,44%, patamar menor que os 6,48% indicados na semana passada, mas ainda próximo ao teto da meta do governo, que é de 6,5%. A projeção para o IGP-M, que serve de referência para reajustar contratos como o de aluguel, também diminuiu, passado a 5,04%.
O relatório mostrou ainda que os especialistas continuam esperando a manutenção da taxa básica de juros em 11% ao ano até o fim de 2014. Para o ano que vem, no entanto, a previsão é de alta da Selic para 12% ao ano.
O Globo
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