Saúde

Por que o uso de antibióticos na agropecuária preocupa médicos e cientistas

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Há quatro anos, em uma fazenda de criação intensiva em Xangai, na China, um exame feito em um porco prestes a ser abatido encontrou uma bactéria resistente ao antibiótico colistina. O achado acendeu um alerta que ecoou pelo mundo — cada vez mais temeroso com a capacidade que micro-organismos têm demonstrado em driblar tratamentos à base de antibióticos.

A bactéria resistente encontrada no suíno, uma Escherichia coli, levou os cientistas da China a aprofundar os exames — agora, também em frangos de fazendas de quatro províncias chinesas, nas carnes cruas desses animais à venda em mercados de Guangzhou, e em amostras de pessoas hospitalizadas com infecções nas províncias de Guangdong e Zhejiang.

Eles encontraram uma “alta prevalência” do Escherichia coli com o gene MCR-1, que dá às bactérias uma alta resistência à colistina e tem potencial de se alastrar para outras bactérias, como a Klebsiella pneumoniae e Pseudomonas aeruginosa. O MCR-1 foi encontrado em 166 de 804 animais analisados, e em 78 de 523 amostras de carne crua.

Já nos humanos, a incidência foi menor, mas se mostrou presente — em 16 amostras de 1.322 pacientes hospitalizados.

“Por causa da proporção relativamente baixa de amostras positivas coletadas em humanos na comparação com animais, é provável que a resistência à colistina mediada pelo MCR-1 tenha se originado em animais e posteriormente se alastrado para os humanos”, explicou em 2015 Jianzhong Shen, da Universidade de Agricultura em Pequim, um dos autores do estudo, cujos resultados foram publicados no periódico The Lancet Infectious Diseases.

Mas como esse material genético resistente pode ter passado dos animais para os humanos? O caminho de “transmissão” de microrganismos (bactérias, parasitas, fungos e etc) resistentes é uma incógnita não só para o caso dos porcos, frangos e pacientes na China, mas para o uso veterinário e médico de antibióticos como um todo.

Pode ser que esses microrganismos ou resquícios de antibióticos (restos dos medicamentos que, em contato com os micróbios, podem estimular sua resistência) possam estar se alastrando pelos alimentos, ou ainda através do lixo hospitalar, lençóis freáticos, rios e canais de esgoto — e a investigação para desvendar as rotas de bactérias tem motivado inúmeras pesquisas no Brasil e no mundo (veja detalhes sobre esses estudos abaixo).

“As bactérias não têm fronteiras: a resistência pode passar de um lugar a outro sem passaporte e de várias formas”, explica Flávia Rossi, doutora em patologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Grupo Consultivo da OMS para a Vigilância Integrada da Resistência Antimicrobiana (WHO-Agisar). “Com a globalização, não só o transporte de pessoas é rápido, como os alimentos da China chegam ao Brasil e vice-versa. Essa cadeia mimetiza o que acontece com o clima: estamos todos interligados. Por isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem trabalhando com o enfoque de ‘One Health’ (‘Saúde única’ em português, a perspectiva de que a saúde das pessoas, dos animais e o ambiente estão conectados).”

Agora, a dimensão global do problema ganhou um mapeamento inédito juntando pesquisas já feitas medindo a presença de microrganismos resistentes em alimentos de origem animal em países de baixa e média renda — e o Brasil aparece no grupo de lugares com situação preocupante. Não quer dizer que o estudo considere o país como um todo, mas pontos que já foram submetidos a pesquisas, como abatedouros de bois em cidades gaúchas ou em uma fazenda produtora de leite e queijo em Goiás.

Sul brasileiro: foco de resistência microbiana

China e Índia foram, segundo os autores do estudo, publicado na revista Science, “claramente” os lugares em que os maiores níveis de resistência foram encontrados.

Mas o Sul do Brasil, leste da Turquia, os arredores da Cidade do México e Johanesburgo (África do Sul), entre outros, se destacaram também como hotspots, ou focos de resistência microbiana em animais destinados à alimentação, principalmente bovinos, porcos e frangos (com níveis elevados de P50, percentual acima de 50% de amostras de microrganismos resistentes a determinados antibióticos).

As maiores resistências observadas foram relacionadas a alguns dos antibióticos mais usados na produção animal, como as tetraciclinas, sulfonamidas e penicilinas. Entre aqueles importantes para tratamento também em humanos, destacaram-se a resistência à ciprofloxacina e eritromicina.

Os autores reuniram ainda dados que apontam para focos de resistência emergentes, ou seja, em que a resistência dos microrganismos a antibióticos está crescendo. Aí, o Brasil também aparece, tanto o Sul quanto o Centro-Oeste.

Após ler o estudo, a pesquisadora brasileira Silvana Lima Gorniak, professora titular da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, liga o destaque ao Sul justamente a uma maior criação de aves e suínos na região, animais para os quais há maior uso de antimicrobianos com a finalidade de promover o crescimento (entenda os diferentes usos de antibióticos veterinários e seus impactos abaixo).

A situação da América do Sul é particularmente preocupante por causa da carência de dados, diz o estudo: “Considerando que Uruguai, Paraguai, Argentina e Brasil são exportadores de carne, é preocupante que haja pouca vigilância epidemiológica da resistência microbiana disponível publicamente para esses países. Muitos países africanos de baixa renda têm mais pesquisas desse tipo do que os países de renda média na América do Sul. Globalmente, o número de pesquisas per capita não se correlacionou com o PIB per capita, sugerindo que a capacidade de vigilância não é impulsionada apenas por recursos financeiros.”

Buscando ampliar, em partes, o acesso a esse tipo de informação, os autores do estudo lançaram um banco de dados colaborativo para cadastro de pesquisas sobre o tema em todo o mundo, o “Resistance Bank”.

“O Brasil precisa urgentemente de dados de vigilância disponíveis publicamente sobre a resistência microbiana. É um grande exportador de carne, todos comemos frango brasileiro, seria bom saber o que há nele”, escreveu por e-mail à BBC News Brasil Thomas Van Boeckel, um dos autores do estudo e pesquisador do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH Zurich), na Suíça.

Em nota enviada à BBC News Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirmou que, “em relação ao estudo da revista Science”, está “ciente sobre a importância da resistência aos antimicrobianos”. “Trata-se de um dos maiores desafios globais de saúde pública e que deve ser abordado pelos países atendendo ao conceito de Saúde Única, exigindo ações imediatas de todos os envolvidos”.

A pasta garante que o país está correndo atrás para ter um sistema de vigilância, por meio do Plano de Ação Nacional de Prevenção e Controle da Resistência aos Antimicrobianos no âmbito da Agropecuária (PAN-BR AGRO), cujo prazo previsto para implementação vai de 2018 a 2022.

Segundo fontes consultadas pela reportagem, o cronograma do plano tem sido cumprido.

Um de seus pontos-chave, e já o colocado em prática, é a realização de testes oficiais de rotina para detecção de micróbios resistentes em animais e alimentos com essa origem.

São amostragens aleatórias de ovos, leite, mel e de animais encaminhados para abate sob inspeção federal, mas o que se busca são resquícios de antibióticos, e não microrganismos resistentes.

Em 2018, o relatório apresentado pelo ministério mostra que o percentual de amostras com resquícios de antibióticos em conformidade ficou na casa dos 99%.

“Para ser seguro para consumo alimentar, a presença de determinadas bactérias tem que estar dentro de limites estabelecidos pelas agências de saúde de cada país, o que já é feito. Mas mais do que saber, por exemplo, a presença de Salmonella (gênero de bactérias) em galinhas ou porcos, é possível testar sistematicamente a suscetibilidade dela aos antibióticos — que é realmente o que nos permite saber se as bactérias são ou não resistentes”, aponta João Pedro do Couto Pires, também coautor do estudo e pesquisador do ETH Zurich.

Frangos com Salmonella resistente em Estados brasileiros

Ainda que não tenha hoje um levantamento sistematizado, o Brasil já teve experiências pontuais na medição da resistência microbiana em alimentos de origem animal.

Uma análise feita entre 2004 e 2006 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em amostras de frangos congelados vendidos em 14 Estados brasileiros, detectou bactérias Salmonella e Enterococcus resistentes a vários antimicrobianos. Das 250 cepas de Salmonella analisadas, por exemplo, 77% foram consideradas multirresistentes (resistentes a duas ou mais classes de antibióticos).

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento destacou ainda que vem progressivamente proibindo medicamentos veterinários usados com o objetivo principal de fazer os animais engordarem, os chamados melhoradores de desempenho. Já foram proibidas substâncias do tipo como os anfenicóis, as tetraciclinas e as quinolonas.

“Na criação animal, há basicamente três tipos de uso de antimicrobianos. O primeiro é o terapêutico, como ocorre com o ser humano. A segunda maneira é a preventiva, como no desmame dos suínos — esse animal provavelmente vai passar por estresse, vai ter uma imunossupressão (redução da atividade do sistema imunológico), e ela pode levar à infecção por várias bactérias, então se faz preventivamente o tratamento”, explica Silvana Lima Gorniak, da USP.

“A terceira maneira é a mais polêmica, a mais discutida na ciência, que é a administração (de antimicrobianos) como melhorador de desempenho. Nesse caso, o animal não tem nenhuma doença, provavelmente não vai ficar doente, e o antimicrobiano é empregado com a finalidade de promover o crescimento. Não se sabe exatamente como, mas o animal de fato cresce.”

A colistina, aquela a que bactérias em porcos na China mostraram resistência no estudo publicado no The Lancet Infectious Diseases em 2015, foi uma das substâncias proibidas para uso como melhorador de desempenho em rações no Brasil, em 2016. Seu uso para o tratamento de doenças, como diarreias, continua, no entanto, permitido por aqui. Proibições foram impostas também em outros países, como a própria China, Índia e Argentina.

Ao mesmo tempo, esta substância é colocada pela OMS no grupo mais crítico entre os antibióticos que precisam urgentemente de substitutos — já que são o último recurso para o tratamento de algumas doenças para as quais outros antibióticos não funcionam mais, são amplamente usados na medicina humana e já se mostraram altamente vulneráveis à resistência microbiana.

Antimicrobianos passaram a ser mais significativamente usados na criação de animais para consumo nos anos 1950 em países de alta renda, algo que foi se estendendo para países de baixa e média renda — onde hoje, inclusive, projeções mostram que o uso desses medicamentos aumentará, já que a produção e consumo de carne nesses países tem crescido.

O elo entre precariedade e uso de antibióticos

Thomas Van Boeckel destaca que, no mundo, o uso excessivo de antibióticos está associado à criação intensiva de animais, a produção industrial, “mas não em todos os países, algumas exceções existem, como a Holanda e a Dinamarca”, aponta.

Sandra Lopes, diretora da organização Mercy for Animals no Brasil, vê o uso de antibióticos como uma das práticas degradantes impostas aos animais.

“O uso de antibióticos força esses animais a seguirem produzindo em um sistema completamente cruel, onde os animais não podem exercer nenhum de seus comportamentos naturais”, aponta a representante da ONG, dedicada ao bem estar de animais ditos de produção, aqueles destinados ao consumo alimentício.

Como exemplos, ela menciona criações com confinamento intensivo em gaiolas.

As galinhas poedeiras, confinadas em uma área análoga ao que seria passar a vida inteira dividindo um elevador com outras 12 pessoas, segundo a ONG, não têm espaço para exercer comportamentos naturais como abrir as asas ou ciscar. Sem forças nas pernas por não movimentá-las, essas galinhas podem sofrer fraturas com o peso do próprio corpo. Isso leva a um ciclo em que o uso de antibióticos se faz necessário.

Há ainda a debicagem, quando os bicos dessas aves são retirados para evitar, entre outros, o canibalismo — intensificado pelo estresse vivido pelos animais. É algo que leva também ao corte dos rabos dos porcos, procedimentos esses que muitas vezes exigem também o emprego de antibióticos.

Lopes menciona ainda a falta de ventilação, a lotação de animais ou ainda o contato com excrementos como características da realidade da produção em escala que podem debilitar a saúde dos animais. Por isso, a ONG defende, entre outras medidas, a melhor regulamentação de várias etapas da criação de animais, a certificação de produtos gerados em práticas consideradas satisfatórias (como existe no caso das galinhas poedeiras criadas fora de gaiolas) e, como recomendação aos clientes, a redução do consumo de produtos de origem animal.

Silvana Lima Gorniak destaca que a ligação entre precariedade na produção e uso excessivo de antibióticos fica mais evidente, uma vez mais, no caso dos melhoradores de desempenho.

“As condições sanitárias impactam diretamente no uso de antimicrobianos. Os melhoradores de desempenho têm um efeito muito benéfico naqueles lugares onde as condições sanitárias não são tão adequadas. Em locais com higiene adequada, é claro que há benefícios, mas ele é diluído”, explica a pesquisadora.

Já os autores do artigo publicado na Science destacam que o cenário de precariedade e consequente uso de antibióticos pode ser uma faca de dois gumes para os produtores: “Uma consequência fundamental desta tendência é um esgotamento do portfólio de tratamento para animais doentes. Essa perda tem consequências econômicas para os agricultores, porque os antimicrobianos acessíveis são usados como tratamento de primeira linha, e isso pode eventualmente se refletir em alimentos com preços mais altos.”

Entidade veterinária pede maior controle de vendas de medicamentos no setor

“É como para a gente, humanos: os antibióticos resolveram muitas questões, mas se a gente abusa, vai chegar uma hora que eles não serão mais eficazes”, resume Fernando Zacchi, assessor técnico da presidência do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV).

Zacchi diz que a entidade está empenhada em educar a categoria para um uso mais racional de antibióticos e tornar mais rigoroso o acesso a antimicrobianos veterinários — hoje, ele explica ser necessária a apresentação, mas não retenção, da receita.

“Aí está uma fragilidade: estamos trabalhando com outros órgãos para a obrigatoriedade da retenção e escrituração”, aponta, lembrando que entra na questão ainda o uso de antimicrobianos em animais domésticos.

Outro ponto é o cumprimento da exigência de um responsável técnico nos pontos de venda destes medicamentos, algo que é fiscalizado pelo próprio CFMV — a BBC News Brasil pediu dados sobre multas e autuações relacionadas a essas regras, mas não teve a solicitação atendida.

“Embora o conselho e o Mapa entendam que deve haver um responsável técnico nesses estabelecimentos, o Judiciário está eventualmente dispensando este profissional, cuja presença garante mais controle e rastreabilidade.”

Segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), nos últimos cinco anos, os antimicrobianos abocanharam cerca de 16% das vendas de tratamentos veterinários (que incluem ainda as categorias antiparasitários; biológicos; suplementos e aditivos; terapêuticos). A reportagem pediu valores — e não apenas percentuais — por categoria, mas não teve a demanda atendida.

Em nota enviada à BBC News Brasil, a Aliança para Uso Responsável de Antimicrobianos, que representa várias entidades do setor produtivo, afirmou também que no ramo a questão “é tratada com responsabilidade por todos os elos da cadeia produtiva”. “Contra achismos, a Aliança busca construir um debate pautado pelo pensamento científico e pela transparência. É formada por organizações nacionais da bovinocultura de corte e leite, avicultura, suinocultura, aquicultura e pescado.”

A Aliança defende que há controle interno, com análises diárias feitas pelas próprias empresas sobre a questão e que o “Brasil cumpre rigorosamente as determinações técnicas de todas as nações importadoras”.

Em relação à produção em escala, a entidade aponta que o país “segue as diretrizes estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para o alojamento dos animais”.

“Na produção industrial, o sistema produtivo é isolado em controles restritivos de acesso, o que evita a circulação de doenças. Em situações de produção precária, sem as devidas salvaguardas técnico-veterinárias, os riscos de enfermidades e o uso inadequado de antibióticos são maiores”, acrescentou.

E agora, o que fazemos em casa?

“Sou um cavaleiro do apocalipse”, brinca Victor Augustus Marin, professor da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

À frente do Laboratório de Controle Microbiológico de Alimentos da Escola de Nutrição (Lacomen), ele e seus alunos e orientandos têm desenvolvido uma metodologia própria para encontrar bactérias resistentes em alimentos minimamente processados, aqueles prontos para consumo, como frutas e queijos. Um resumo do que eles têm encontrado até aqui: muitas bactérias resistentes.

Em sua dissertação de mestrado orientada por Marin, Cristiane Rodrigues Silva, por exemplo, buscou bactérias resistentes em amostras de queijo minas frescal. Todos exemplares estudados apresentaram algum conjunto de bactérias resistentes — em 13%, a resistência foi constatada para todos os antibióticos testados e em 80%, para 8 a 10 diferentes antibióticos. Foi constatada ainda resistência em 87% dos queijos aos carbapanêmicos, tipo de antibiótico potente que é considerado uma das últimas alternativas na luta contra microrganismos muito resistentes.

Agora, Silva, Marin e o resto da equipe estão estudando outros tipos de queijo, como minas padrão, parmesão, ricota e cottage; além de frutas compradas no comércio comum, como manga, laranja e caju. Eles também querem verificar se outras formas de produção, como a orgânica, podem alterar a presença de microrganismos resistentes.

“Comprovamos não só que as bactérias nos alimentos estudados até agora têm alguma resistência, como genes de resistência”, aponta Marin, acrescentando que, embora em escala muito menor do que na pecuária ou entre humanos, antibióticos são usados também na agricultura.

“Como essa bactéria chegou ao queijo? Tem que voltar ao campo: a vaca come capim, que tem dentro dela bactérias endofíticas, que vivem dentro das plantas. A vaca ingere a planta, produz leite e o leite vai para o queijo. Mas é difícil falar quem originou a bactéria primeiro — elas evoluem junto com os humanos e animais. Também são promíscuas: trocam material genético.”

As diversas variáveis que influenciam a resistência dos micróbios são justamente o que representa um desafio para as pesquisas: para traçar o caminho dos microrganismos através dos animais, humanos e do ambiente, seriam necessários grandes volumes de amostras desses elementos.

E em tempo real, lembra João Pedro do Couto Pires, já que muitas vezes é diagnosticada alguma infecção em uma ponta, mas sua origem muitas vezes já se perdeu no tempo.

Por isso, o alarme tocado pelo artigo na Science traz um porém: “Está além do escopo deste estudo tirar conclusões sobre a intensidade e a direcionalidade da transferência de resistência microbiana entre animais e humanos — aspectos que devem ser investigados com métodos genômicos robustos”.

Enquanto a ciência busca decifrar o caminho percorrido pelas bactérias, o que nós, humanos e consumidores de alimentos podemos fazer?

Flávia Rossi, patologista da USP, lembra de procedimentos básicos de saneamento e higiene que cortam a circulação de microrganismos, como lavar as mãos; o uso de água potável na cozinha; e o armazenamento adequado de alimentos.

O cuidado deve ser redobrado com pessoas mais vulneráveis, como hospitalizados, imunossuprimidos ou transplantados. “As bactérias também nos protegem, estão no nosso intestino, na nossa pele… Mas elas nos atacam quando há um desequilíbrio”, diz.

João Pedro do Couto Pires brinca que, hoje, nossas casas são mais perigosas do que restaurantes por haver menos cuidado com questões sanitárias. Ele destaca ações a serem evitadas: misturar alimentos crus e cozidos; ou carnes e vegetais, como, por exemplo, no refrigerador ou no uso de uma mesma faca ou tábua para esses dois tipos de alimentos. Essas misturas levam a fluxos de microrganismos que, no caso de alimentos crus, como vegetais em uma salada, acabam sendo ingeridos pela pessoa que está comendo.

Marin garante que não se trata de parar de comer alimentos como os estudados por sua equipe, como queijos e frutas, mas de aprofundar investigações sobre como a resistência microbiana se expressa neles — para, aí sim, fazer-se uma escolha entre custos e benefícios. Por exemplo, algo a ser levado em conta, segundo descobriu sua equipe, é que queijos mais úmidos exigem maior cuidado no assunto.

“O queijo, além de ter bactérias com resistência, também tem outra microbiota — outras bactérias — que combatem as que têm resistência. Ninguém é demônio e ninguém é anjo, inclusive entre as bactérias. Por isso a visão holística (multifatorial) é tão importante”, diz.

BBC Brasil

 

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Mundo

Morre Mario Vargas Llosa, escritor e Nobel de Literatura, aos 89 anos

Foto: Emmanuel Dunand/AFP

Mario Vargas Llosa, escritor e vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 2010, morreu neste domingo, 13, aos 89 anos de idade. A informação foi divulgada por seu filho, Álvaro, na rede social X (antigo Twitter).

“Com profunda dor, informamos ao público que nosso pai, Mario Vargas Llosa, morreu hoje em Lima, cercado por sua família, e em paz”, dizia o comunicado postado por ele.

Ainda de acordo com a família, não haverá uma cerimônia pública de velório, e o corpo será cremado. Leia a íntegra do comunicado mais abaixo.

Vida e obra de Mario Vargas Llosa

Mario Vargas Llosa nasceu em Arequipa, no Peru, em 28 de março de 1936. Foi educado por sua mãe e seus avós maternos em Cochabamba (Bolívia) e depois no Peru.

Após seus estudos na Academia Militar de Lima, obteve uma licenciatura em Letras e deu seus primeiros passos no jornalismo.

Seu primeiro livro foi Os Chefes, uma série de contos, lançado em 1959, quando tinha 23 anos, e lhe rendeu o prêmio Leopoldo Aras. Com o passar dos anos, vieram obras importantes como Conversa no Catedral, A Guerra do Fim do Mundo, A Cidade e os Cachorros e A Festa do Bode (confira uma lista ampliada ao fim do texto).

Foi considerado um dos principais nomes do ‘Boom’ da literatura latino-americana nas décadas de 1960 e 1970, ao lado de figuras como Gabriel García Márquez, Julio Cortázar e Carlos Fuentes.

Uma de suas produções mais conhecidas, Conversa no Catedral (1969) traz uma conversa entre um jornalista e um antigo amigo de seu pai, de forma que as memórias ajudem a contar a história de questões políticas e sociais do Peru nos anos 1950.

Já A Guerra do Fim do Mundo (1981) era intimamente ligado à história do Brasil, mostrando o recorte de Vargas Llosa a respeito da Guerra de Canudos, ocorrida na Bahia no fim do século 19.

A Cidade e os Cães (1963) se passa num colégio militar peruano, e debate sobre óticas de autoridade e opressão. O tema também se repete em A Festa do Bode (2000), que se baseia na trajetória de Rafael Trujillo, ditador que governou a República Dominicana entre 1930 e 1961.

Em outubro de 2023, lançou seu último romance, Le Dedico Mi Silencio. “Nunca deixarei de trabalhar e espero ter forças para fazê-lo até o fim”, disse na época, anunciando que se tratava de seu último livro completo feito do zero. “Agora gostaria de escrever um ensaio sobre Sartre, que foi meu professor quando jovem. Será a última coisa que escreverei”, explicou.

O Nobel da Literatura de Vargas Llosa

Um dos pontos altos da trajetória de Vargas Llosa ocorreu em 7 de outubro de 2010, quando venceu o Prêmio Nobel da Literatura. Segundo a Academia Sueca, que organiza o evento, ele recebeu a condecoração “por sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota do indivíduo”.

Ao longo de sua carreira, o autor recebeu também muitas outras honrarias. Em 2021, tornou-se o primeiro escritor a entrar na Academia Francesa sem nunca ter escrito em francês e assumiu a cadeira de número 18.

Ele também era membro da Academia Peruana de Línguas, da Real Academia Espanhola, e sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Comunicado da família sobre a morte de Vargas Llosa

“Com profunda dor, informamos ao público que nosso pai, Mario Vargas Llosa, morreu hoje em Lima, cercado por sua família, e em paz.

Sua partida entristecerá a seus parentes, seus amigos e seus leitores ao redor do mundo, mas esperamos que encontrem consolo, como nós, no fato de que ele gozou de uma vida longa, múltipla e frutífera, e deixa para trás uma obra que o fará sobreviver.

Procederemos nas próximas horas e dias de acordo com as suas instruções. Não haverá nenhuma cerimônia pública. Nossa mãe, nossos filhos e nós mesmos confiamos em ter espaço e privacidade para a despedida em família e na companhia de amigos próximos.

Seus restos mortais, como era de sua vontade, serão incinerados.”

Estadão

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VÍDEO: Equipe da TV Ponta Negra passa por momento de tensão ao deixar Passo da Pátria

Vídeo: Reprodução/Ranilson Oliveira

Uma equipe de reportagem da TV Ponta Negra viveu momentos de tensão na noite deste domingo (13), enquanto cobria o velório da menina Bárbara, vítima de uma bala perdida na comunidade do Passo da Pátria, zona Leste de Natal. O trabalho da imprensa, autorizado pelos próprios moradores, visava dar visibilidade ao caso e reforçar o apelo por justiça diante da tragédia.

O episódio ocorreu quando os profissionais deixavam a comunidade, que, devido à atmosfera de tensão no local, marcada por protestos e movimentação intensa, por medida de contenção, os agentes efetuaram disparos de advertência para o alto.

A situação só foi controlada após os gritos do repórter Ranilson Oliveira e a identificação do automóvel como pertencente à TV Ponta Negra. Felizmente, ninguém ficou ferido, mas o episódio causou grande susto na equipe e também em moradores que acompanharam o momento.

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Geral

Cirurgia de Bolsonaro leva 12h e termina sem complicações

Foto: Reprodução/Instagram

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve sua cirurgia concluída com sucesso neste domingo (13.abr.2025) às 21h30. O antigo chefe do Executivo foi submetido a uma laparotomia exploradora para desobstruir o intestino e reconstruir a parede abdominal. A notícia foi dada por Michelle Bolsonaro em seu perfil no Instagram.

“Cirurgia concluída com sucesso! A Deus, toda honra e toda glória. Estou indo agora para a sala de extubação onde poderei vê-lo“, escreveu.

Foto: Reprodução/Instagram

Segundo o boletim médico divulgado minutos depois do post da ex-primeira dama, o procedimento durou 12 horas. A previsão era que durasse 6 horas.

“O procedimento de grande porte teve duração de 12 horas, ocorreu sem intercorrências e sem necessidade de transfusão de sangue. A obstrução intestinal era resultante de uma dobra do intestino delgado que dificultava o trânsito intestinal e que foi desfeita durante o procedimento de liberação das aderências“, afirmou a equipe médica liderada pelo médico Cláudio Birolini. Os outros médicos envolvidos no procedimento foram Leandro Echenique, Ricardo Camarinha, Brasil Caiado, Guilherme Meyer e Allisson Barcelos Borges.

ENTENDA A CIRURGIA

De acordo com Bernardo Martins, gastroenterologista do Hospital Santa Lúcia Norte, de Brasília, a obstrução é uma alteração do fluxo normal do trato intestinal que pode ocorrer em qualquer altura do intestino proximal até o intestino grosso. Pacientes com esse quadro podem sentir fortes dores abdominais e apresentar náuseas, vômitos, distensão abdominal.

Martins declarou que o objetivo da cirurgia pela qual Bolsonaro passa é entrar na cavidade abdominal e explorar tudo o que estiver inadequado. “Às vezes não fica claro o que vai ser encontrado no abdômen do paciente. O procedimento tenta resolver as anomalias abdominais que vão ser encontradas”.

O especialista afirma que o quadro do ex-presidente era delicado pelo número de intervenções médicas pelas quais passou. Quadros repetidos geram respostas inflamatórias mais agudas. A irritação favorece o aparecimento de novas obstruções.

Existem diversas causas para a obstrução intestinal. As interrupções podem ser mecânicas, ocasionadas por hérnias, tumores, aderências, ou obstruções não mecânicas, causadas por alterações de eletrólitos como sódio, potássio, cálcio ou desidratação.

João Paulo Carvalho, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, avalia o quadro de Bolsonaro como perigoso. “Pode gerar diversas complicações no organismo do paciente, como desidratação e distúrbios hidroeletrolíticos. Além disso, quando não tratada, pode levar à necrose do seguimento intestinal obstruído, ocasionando perfuração intestinal e infecção intraabdominal”.

Segundo o médico, por causa do alto número de cirurgias na região, “a parede abdominal tornou-se enfraquecida, aumentando as chances de desenvolver uma hérnia incisional”.

Esta foi a 6ª cirurgia que Jair Bolsonaro passa por complicações decorrentes da facada que levou em 2018.

Poder 360

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Geral

Trump nega exceção de tarifa a eletrônicos e diz que produtos serão colocados em ‘balde’ diferente

Foto: Megan Briggs/Getty Images via AFP

Depois de o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, dizer neste domingo, 13, que a isenção de tarifas sobre produtos tecnológicos importados anunciada na sexta-feira, 11, é “temporária” e que em breve serão adotadas alíquotas específicas para semicondutores, o presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que “não foi anunciada nenhuma ‘exceção’ de tarifas na sexta-feira”.

“Ninguém vai ficar livre por causa das balanças comerciais injustas e das barreiras tarifárias não monetárias que outros países usam contra nós, especialmente a China – que, de longe, nos trata da pior maneira”, escreveu Trump em sua rede social Truth Social.

Ao dizer que nenhuma “exceção” tarifária foi anunciada, o presidente norte-americano acrescentou que “estes produtos (tecnológicos) estão sujeitos 20% da tarifa de fentanil já existente, e eles estão sendo apenas colocados em um ‘balde’ (uma rubrica) tarifária diferente”.

Trump impôs uma taxa de 20% sobre a importação de produtos chineses em retaliação ao um suposto papel do país asiático no tráfico da droga. A China diz que a acusação não tem nenhum fundamento.

O mandatário norte-americano reclama que a imprensa não alinhada a ele, que ele chama de “fake news”, sabe que a isenção anunciada na sexta não é uma “exceção”, “mas se recusa a relatar isso”.

“Nós vamos analisar os semicondutores e TODA A CADEIA DE ABASTECIMENTO DE ELETRÔNICOS nas próximas Investigações sobre Tarifas de Segurança Nacional”, declarou. O governo Trump vem aplicando tarifas sob o argumento de que está protegendo a segurança nacional e com isso tenta escapar do escrutínio do Legislativo, pois mudanças tarifárias têm que passar pelo crivo do Congresso.

“O que está claro é que precisamos fabricar produtos nos Estados Unidos e que não seremos reféns de outros países, especialmente nações comercialmente hostis como a China, que farão tudo ao seu alcance para desrespeitar o povo americano”, acrescentou Trump.

Estadão Conteúdo

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Geral

Em protesto contra Elon Musk, grupo destrói veículo da Tesla em Londres

Foto: AFP

Um veículo da Tesla foi destruído em Londres nesta semana em protesto por conta das ações de Elon Musk, bilionário que é dono da montadora e agora um homem da administração do Governo Trump.

O grupo responsável pelo protesto se chama Everyone Hates Elon (Todo Mundo Odeia o Elon, em tradução literal).

“Estamos dando às pessoas comuns a chance de mostrar como se sentem em relação a Elon Musk e suas opiniões odiosas”, disse o grupo.

Os participantes se reuniram no estúdio Hardess, no sul de Londres para revezar-se batendo no carro com marretas e tacos de beisebol.

O veículo elétrico destruído custa cerca de £14 mil na Europa e será leiloado nas próximas semanas, e toda a renda será destinada a instituições de caridade que mantêm bancos de alimentos.

O carro destruído foi um Tesla Model S do ano de 2014, doado por uma pessoa que preferiu não se identificar. O veículo não estava mais em circulação e seria descartado.

Talia Denisenko, escritora de 32 anos, vestia uma bandeira da Ucrânia enquanto golpeava o capô do carro ao som de Hit Me Baby One More Time, de Britney Spears, que tocava em um alto-falante.

“Minha família é ucraniana e Elon Musk quer nos manter ocupados”, disse ela ao jornal britânico The Guardian. “As coisas estão muito desanimadoras no momento. Isso aqui é um pouco de terapia.”

IstoÉ

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Geral

VÍDEO: Moradores protestam novamente no Passo da Pátria, queimam pneus e bloqueiam ruas; PM está no local

Moradores do Passo da Pátria voltaram a protestar no início da noite deste domingo (13), eles atearam fogo em pneus interditando vias na região. Há muita fumaça no local. A Polícia Militar está no local tentando controlar a situação

Um protesto semelhante já havia ocorrido na noite de sábado (12), após uma moradora da comunidade ter sido atingida por uma bala perdida durante um tiroteio. Ela veio a óbito.

Com informações de Via Certa Natal

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Geral

Cirurgia de Bolsonaro já dura mais de 9h; ex-presidente tem quadro estável


Imagem: reprodução

A cirurgia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já dura mais de nove horas. Em uma publicação nas redes sociais, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro informou que o procedimento tem previsão de se estender por mais uma ou duas horas.

“Queridos, a cirurgia continua. Os marcadores estão normais e o quadro segue estável. A equipe médica informou que ainda há uma previsão de mais 1 a 2 horas de procedimento. Assim que eu tiver novas informações do centro cirúrgico, compartilharei aqui com vocês. Obrigada pelas orações, pelo carinho e por estarem conosco nesse momento tão delicado. Que Deus continue abençoando cada um!”, escreveu Michelle em seu perfil no Instagram.

Bolsonaro passa por uma cirurgia de abdômen chamada laparostomia exploratória, que teve início pela manhã. A publicação de Michelle foi feita às 17h55.

CNN Brasil

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Geral

ABC sai na frente, mas sofre empate no fim do jogo contra o São Bernardo/SP em estreia na Série C

Foto: Divulgação/São Bernardo

ABC estreou com empate em 1 a 1 contra o São Bernardo/SP, na tarde deste domingo (13), pelo Campeonato Brasileiro da Série C.

O gol do alvinegro foi marcado por Carlos Eduardo em cobrança de falta os 32 minutos do segundo tempo.

O time do interior de São Paulo conseguiu empatar no final do jogo, já nos acréscimos, com o atacante Rodolfo.

Na próxima rodada, o ABC fará seu primeiro jogo em casa na Série C 2025. O Mais Querido vai ter pela frente o CSA-AL no estádio Frasqueirão. A partida acontecerá no dia 20 de abril, às 16h.

 

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Geral

O peso da inflação: R$ 100 em 1994 equivalem a R$ 12,71 hoje

Foto: Bibiana Dionísio/G1 PR

Quase 31 anos depois de ser lançado, o Real perdeu 87% do seu valor. Uma nota de R$ 5 em 1994, quando começou a circular, vale hoje 64 centavos, por exemplo.

O motivo da desvalorização é uma inflação de 686,64% no período, o que reduziu o poder de compra. Esse fenômeno não é exclusivo da moeda brasileira e acontece sempre que há inflação.

“A inflação significa que se você colocar um determinado valor em dinheiro no bolso e você conseguir com aquele valor comprar algumas coisas hoje, daqui a alguns meses, anos, em alguns casos, daqui a alguns dias, você não consegue comprar as mesmas coisas”, explicou o economista Robson Gonçalves, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Ou seja, quando se fala em desvalorização de uma moeda, está se falando de perda de poder de compra.

“Desde a crise de 1929, isso acontece com todas as moedas. A questão é só a intensidade e a previsibilidade com que isso acontece”, afirmou Gonçalves.

Nos Estados Unidos, por exemplo, US$ 1 em 1994 vale hoje US$ 0,47. Ou seja, a moeda perdeu pouco mais da metade do seu poder de compra.

Veja quanto cada nota vale hoje, em termos reais (ajustados pela inflação):

Veja quanto valem as notas do real hoje em comparação com o valor de 1994, quando foram lançadas — Foto: Arte/g1

O g1 usou a calculadora do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para verificar a perda de valor do Real no período de julho de 1994 a março de 2025.

O IBGE considera a variação do Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) entre duas datas para fazer a conta.

Essa mesma perda de valor aconteceu também para as três moedas lançadas posteriormente a 1994. A primeira, nota de R$ 2, lançada em dezembro de 2001, hoje tem um poder de compra de apenas R$ 0,50, após sofrer com uma inflação de 297,49%.

A nota de 20 reais, lançada em junho de 2002, hoje equivaleria a R$ 5,18, com uma inflação de 286,12%. Já a nota de 200 reais, lançada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em setembro de 2020, hoje teria um poder de compra equivalente a R$ 149,67, após uma inflação acumulada de 33,63% agir sob ela.

De acordo com o Banco Central, nos doze meses anteriores ao lançamento o país acumulava uma inflação de 4.922% e a moeda chegava com a promessa de acabar com essa hiper variação de preços que afetava a população.

Quase 31 anos depois, o Brasil acumula nos últimos 12 meses uma inflação de 5,06%. O mês de fevereiro registrou a maior variação de preços para o mês dos últimos 22 anos.

Nesse período de 31 anos, o país registrou inflação anual acima de 10% apenas quatro vezes, sempre motivado por instabilidades político-econômicas.

Inflação acumulada por décadas, a partir do lançamento do Real:

  • 94 a 2004 – 151,88%
  • 2004 e 2014 – 70,03%
  • 2014 e 2025 – 82,00%

g1

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Saúde

Médica natalense Juliana Florinda preside Simpósio Internacional na área de oncologia

A oncologista natalense Dra. Juliana Florinda presidiu o 5º Simpósio Internacional do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG) realizado em Brasília de 10 a 12 de abril.

O evento contou com a participação de 8 palestrantes internacionais, 52 palestrantes nacionais e mais de 300 médicos inscritos.

Dra. Juliana é a atual presidente do GTG, é formada em medicina pela UFRN com residência em clínica médica e oncologia clínica pela USP-SP, e possui doutorado em ciências também pela USP-SP.

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