O POTI:
Em quase dois anos e meio de gestão, a prefeita de Natal, Micarla de Sousa (PV), já nomeou quase 50 secretários para o primeiro escalão de seu governo. Foram sucessivas mudanças administrativas. No início, a prefeita até conseguiu justificar as alterações. Ela se colocou como a gestora que “não tem medo de mudanças”. No entanto, após tantas trocas no secretariado, Micarla passa a impressão de que ainda está tentando acertar. O “troca-troca” provocou, além do desgaste administrativo, vários rompimentos políticos. Além disso, contribuiu para agravar a crise de popularidade da gestão.
As secretarias de Saúde (SMS) e de Educação (SME), apontadas como principais áreas administrativas da prefeitura, não escaparam da alta rotatividade. A Saúde já vai para o quinto titular. Já passaram pela gestão verde nessa área os ex-secretários Levi Jales, Leci Gadelha, Ana Tânia Sampaio e Thiago Trindade. Na última semana, assumiu o comando da pasta a ginecologista Maria Perpétuo Socorro. A Educação já teve como secretários na atual administração Elias Nunes, o vereador Edivan Martins e a interina Adriana Trindade, estando agora sob o comando do professor Walter Fonseca, vice-presidente estadual do PV.
Além da troca de secretários, a prefeita tem que administrar as crises geradas pelas exonerações. A saída de Thiago Trindade, que pediu demissão na última semana, foi semelhante à exoneração de Renato Fernandes da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob). A história se repetiu. Os dois casos geraram desgaste para a prefeitura. Segundo Micarla de Sousa, os então secretários tomaram decisões sem o conhecimento da chefia do Executivo. Ambos pediram exoneração dos respectivos cargos antes que que a prefeita assim o fizesse. A história se repetiu com a praticamente a mesma narrativa, só mudando os personagens. A versão da prefeitura é uma. A dos ex-secretários é outra.
A polêmica de Trindade foi em relação ao contrato firmado com o Instituto de Tecnologia, Capacitação e Integração Social (ITCI) para o combate à dengue, no valor de R$ 8 milhões. A prefeita disse que estava desinformada sobre o contrato. Trindade frisou que tudo passou pelo Gabinete Civil. “Nunca aconteceu uma decisão individual por parte da secretaria, pois todo o nosso planejamento e finalização de um projeto passa pelo gabinete civil para que seja assinado qualquer tipo de acordo. O que pode ter acontecido é a prefeita não ter um conhecimento aprofundado sobre as cláusulas contratuais, o que pode ter gerado a polêmica”, declarou o ex-secretário.
Na exoneração de Renato Fernandes, em novembro do ano passado, a polêmica girou em torno do aumento das passagens do transporte público urbano. O então titular da Semob, que levou a planilha de reajuste ao então prefeito interino Dickson Nasser (PSB), disse que a prefeita sabia do aumento e que encaminhou a documentação para o Gabinete Civil porque já estava tudo acertado. No entanto, quando reassumiu o cargo, Micarla declarou que desconhecia a medida e acusou o secretário de ter feito acordo com os empresários dos Transportes. Tanto no contrato com o ITCI quanto no aumento das passagens, as medidas tiveram repercussões negativas.
A Sra. Micarla utiliza do mesmo modus operadi do ex Presidente Lula. Quando lhe convém, não sabe de nada, não viu nada. E fica por isso mesmo.