O Aeroporto de Internacional de São Gonçalo do Amarante é mais do que um marco para a economia do Rio Grande do Norte e a economia brasileira. Pela primeira vez um aeroporto brasileiro será construído pela iniciativa privada que terá direito de explorá-lo durante pelo menos 25 anos.
O leilão realizado na manhã desta segunda-feira pela Bovespa encerra um ciclo de 15 anos de uma história cheia de idas e vindas, promessas de redenção da economia potiguar e ameaças de paralisação e abandono por parte do Governo Federal.
Nestes 15 anos, o Rio Grande do Norte teve três governadores, sendo que os dois primeiros – Garibaldi Filho e Wilma governaram durante quase oito anos. Por força do instituto da reeleição que também deu ao País dois períodos seguidos dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Caberá, então, à presidenta Dilma Roussef e à governadora Rosalba Ciarlini o privilégio de inaugurar a obra? Só o tempo vai dizer.
Essa história começou em pleno governo Garibaldi Filho e sob oposição ferrenha de setores ligados à Aeronáutica e à Infraero. O Aeroporto Internacional Augusto Severo, construído em área vizinha usada pelos norte-americanos como trampolim para chegar ao norte da África na Segunda Guerra Mundial, já passou por reformas. Mas nunca deixou de ser apontado como um equipamento com grandes limitações e com prazo de validade.
Se no Augusto Severo, os aviões de carreira dividem espaço com o intenso tráfego de aeronaves de treinamento dos futuros aviadores brasileiros, o de São Gonçalo do Amarante é apontado como um perfeito aeroporto intermodal, de cargas e passageiros.
Mas se um é visto como limitado e outro como uma ponte para o futuro, o ritmo das obras nem sempre acompanhou o tom ufanista dos que asseguram que vai surgir nas terras de São Gonçalo do Amarante, berço da cultura potiguar, a redenção da economia do Rio Grande do Norte.
A obra já passou por diversas fases. A pista já teve de ser corrigida por estar com angulação errada. Já houve, nestes 15 anos, diversos períodos em que a obra esteve praticamente paralisada. Nesta década e meia, muitas foram as visitas às pistas largas e compridas com capacidade para receber o A380, o maior jato comercial já construído pelo homem. O futuro aeroporto já recebeu presidente da República, presidentes da Infraero, ministros, governadores e uma penca de parlamentares federais, estaduais e vereadores.
No início, o projeto foi pautado pelo ceticismo de muitos. O fim do período de oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso deixou o projeto em estado de indefinição. E foi somente no segundo período do governo Lula que a obra passou a se tornar viável, com a definição do modelo de construção pela iniciativa privada em regime de concessão.
Muitos contribuíram para que a obra se tornasse viável. Dentre elas pode se destacar a presidente Dilma Roussef que, quando ministra do Gabinete Civil, seguindo instruções do então presidente Lula, lutou dentro do governo para que a obra não fosse abandonada.
A bancada federal do Rio Grande do Norte(destaque especial para Henrique Alves e João Maia) e os governadores Garibaldi Filho e Wilma de Faria, esquecendo-se de suas diferenças políticas, também se somaram em diferentes momentos para que o projeto não fosse esquecido em algum gabinete de Brasília.
Cabem agora à presidente Dilma e à governadora Rosalba Ciarlini mais do que simplesmente a missão de inaugurar a obra. Cabem às duas mandatárias preparar o terreno para que o aeroporto se viabilize. Da remontagem do sistema aeroportuário cuidará o Governo Federal.
A Rosalba caberá preparar o terreno no Rio Grande do Norte para que o aeroporto, apontado como divisor de águas da nossa economia, se torne, de fato, em geração de oportunidades para milhares de jovens potiguares.
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