Novas revelações sobre a obra de pavimentação em São Miguel do Gostoso, no litoral do Rio Grande do Norte, trazem mais complexidade a um caso que já estava cercado de polêmicas. A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), que destinou parte dos recursos para a obra, apresentou um relatório técnico detalhado, acompanhado de imagens, comprovando que a areia empregada pelo órgão utilizada no projeto é diferente da areia das dunas.
Codevasf em Defesa Própria
O relatório técnico da Codevasf, obtido pelo Blog do Dina, afirma que a areia usada na obra de pavimentação da estrada que liga o centro de São Miguel do Gostoso ao distrito de Reduto é de origem legal. A companhia apresentou imagens que mostram que a areia tem coloração, textura e granulometria diferentes da areia retirada de dunas protegidas. O material usado na obra, segundo a Codevasf, foi extraído de uma jazida licenciada localizada no município de João Câmara, seguindo todas as normativas ambientais.
Foto: Reprodução Blog do Dina
A iniciativa de produzir esse laudo parece ter um duplo objetivo: comprovar a legalidade do material utilizado e proteger a própria Codevasf de ser associada a um escândalo de crime ambiental e desvio de recursos públicos.
A Acusação do IDEMA e o Vídeo Comprometedor
A denúncia original surgiu após o Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (IDEMA) identificar que a areia da obra havia sido retirada de uma duna, o que caracterizaria crime ambiental. O IDEMA apontou que, além de o material ter sido extraído ilegalmente, a área onde isso aconteceu é de proteção permanente, tornando o caso ainda mais grave.
A situação se complicou ainda mais com a divulgação de um vídeo, já publicado pelo Blog do Dina, que mostra um caminhão da obra retirando areia de uma duna e enchendo a caçamba. As imagens, que circularam amplamente, causaram comoção pública e trouxeram dúvidas sobre a real procedência do material utilizado. Apesar da defesa da Codevasf, esse vídeo fortalece as suspeitas de irregularidades, já que o flagrante contradiz a narrativa oficial.
Contradições: Relatório da Codevasf e Realidade no Terreno
Enquanto o relatório técnico da Codevasf tenta blindar a companhia e a obra das acusações, as imagens capturadas no vídeo e as constatações do IDEMA lançam uma sombra de dúvida sobre a versão oficial. Apesar da defesa de que a areia foi adquirida de uma jazida licenciada, a cena do caminhão retirando areia da duna segue sem explicação convincente.
Essas contradições reforçam as suspeitas sobre o caso, fazendo com que as alegações de legalidade pareçam, no mínimo, duvidosas. Além disso, o fato de a Codevasf ter sido rápida em produzir um laudo técnico para contestar as acusações alimenta ainda mais as dúvidas sobre a real lisura do processo.
Um Caso Cercado de Suspeitas
Com a nova documentação em mãos e as diferentes versões sobre o ocorrido, o caso de São Miguel do Gostoso está longe de ser resolvido. O Ministério Público acompanha o caso de perto e pode iniciar uma nova fase de investigações.
Fonte: Blog do Dina
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