Excelente reportagem de Roberto Lucena para a Tribuna do Norte mostra a importância dos Restaurantes Populares para a comunidade onde ele atua.
São 11h15 de uma quinta-feira quente e ensolarada. No Alecrim, a movimentação é grande, mas muitos comerciantes e consumidores param as atividades para almoçar. São inúmeras as opções de restaurantes que oferecem refeições a preços variáveis. Porém, em um deles, a fila do lado de fora é tão grande que chama atenção. Na esquina das ruas Amaro Barreto e João Carlos, está localizada uma unidade do Restaurante Popular que serve almoço por apenas R$ 1,00. Em todo Rio Grande do Norte, são 24 unidades responsáveis pela comercialização de 19.700 refeições por dia. A secretaria de Estado do Trabalho, da Habitação e da Assistência Social (Sethas) é quem administra o programa. Nos próximos meses, os usuários serão cadastrados e cada um receberá um cartão de identificação. A Sethas quer saber qual o perfil daqueles que frequentam o restaurante.
Por mês, o Governo do Estado gasta R$ 2,5 milhões em pagamento de contratos com oito empresas que fornecem as refeições. Segundo Martinho Ferreira Netro, proprietário da Nutriti Refeições, cada almoço custa R$ 5,03. “O cidadão paga R$ 1,00 e o restante do valor é pago pelo Governo”, explica. A Nutriti é responsável por abastecer 11 restaurantes – os três da capital e nove no interior do estado.
Inauguradas em 2003, as primeiras unidades dos restaurantes – Alecrim e Igapó – tinham como objetivo atender a população mais carente, especialmente aqueles que estavam desempregados. Porém, qualquer cidadão, desde que pague o valor cobrado, pode almoçar em um dos restaurantes. O autônomo João Pinheiro, 43 anos, é frequentador assíduo. “Sempre almoço por aqui. Se estiver pelas bandas da zona Sul, vou lá no Centro Administrativo. Se estiver na zona Norte, vou no restaurante de Igapó”, diz. João afirma que a comida é boa, “mas tem dias que não está lá essas coisas”, completa. O dia preferido é a quarta-feira, quando é servida a feijoada. “Aí é primeira”, diz.
Na última sexta-feira, a vendedora Carla Vírginia de Araújo, 20 anos, almoçou, pela primeira vez, no Restaurante Popular de Igapó. “Ouvia falar desses restaurantes mas nunca tive a oportunidade de conhecer. Hoje, deu certo”, contou. Carla mora em São Gonçalo e recebe um salário mínimo. Após almoçar, fez uma avaliação. “A comida é muito boa e fui bem recebida. Estava tudo ótimo. Para ficar melhor, só se colocassem ar condicionado, né?”, diz.
A estudante afirma que, mesmo com o calor, vai voltar ao local. O preço e qualidade da refeição são os principais motivos que fazem o aposentado Cícero Alves, 71 anos, sair de casa por volta das 10h, todos os dias, para almoçar no Alecrim. “É muito melhor do que fazer comida em casa. Eu não pago passagem de ônibus, então o único custo que tenho é só R$ 1,00 mesmo”, diz.
As refeições começam a ser servidas entre 10h30 e 11h, dependendo da unidade. Antes desse horário, uma fila já se forma do lado de fora. O sistema é simples: o consumidor paga R$ 1,00 e recebe uma ficha numerada. Em seguida, troca a ficha por uma bandeja com prato e talheres. O almoço é servido pelos funcionários. O cardápio varia a cada dia. Na última quinta-feira, arroz, macarrão, feijão, salada crua, carne guizada e farofa de cuscuz com linguiça eram as opções disponíveis no Alecrim. Suco de caju e um pedaço de rapadura completavam a refeição.
Na unidade do Alecrim, há cerca de 20 mesas. A rotatividade de clientes é alta. Logo um termina de almoçar e dá espaço para outro. Há algumas regras. Não pode entrar com bebidas nem outro tipo de comida. Ao terminar de comer, o consumidor deve levar sua bandeja até o local da limpeza. “Não deixam entrar nem com um tempero diferente, mas eu dou meu jeito”, diz João Pinheiro ao tirar do bolso um frasco de vidro contendo uma mistura de azeite com molho inglês. “É para a comida ficar mais gostosa”, explica.
Apesar de existir há oito anos, o Governo do Estado nunca fez um estudo para saber que tipo de pessoa frequenta os restaurantes populares. O controle, segundo Martinho Ferreira, é importante para saber onde investir e o que oferecer ao público. “Sei que vai gente de todo tipo, do mais simples ao mais exigente”, conta. De acordo com o titular da Sethas, Luiz Eduardo Carneiro Costa, a partir de fevereiro do próximo ano, será implantado um sistema de controle e cadastro do usuário. “Vamos começar com as unidades de Natal e Mossoró e depois, se tudo sair como previsto, estenderemos para os outros municípios”, diz.
A ideia, segundo o secretário, é criar um cartão magnético contendo o nome e foto do usuário. O cartão não será cobrado e o projeto, prevê Luiz Eduardo, não será caro. “Acredito que gastaremos pouco menos de R$ 100 mil para realizar esse projeto”.
Dívida com empresas é de R$ 4 milhões
As oito empresas que fornecem refeições para o programa Restaurante Popular aguardam o pagamento de uma dívida de R$ 4,48 milhões referente aos meses de novembro e dezembro do ano passado. O proprietário da Nutriti Refeições, Martinho Neto, afirma que a administração estadual passada cometeu um “crime”. “O pagamento já estava empenhado e eles [o Governo] simplesmente cancelaram o empenho”, diz. Segundo o empresário, o programa não foi cancelado porque o contrato ainda está em vigor e a atual administração comprometeu-se em fazer o pagamento do débito. “Temos a esperança de que vamos receber”, conclui.
No próximo mês, haverá renovação dos contratos vigentes. Segundo o secretário Luiz Eduardo, técnicos da Sethas estudam a possibilidade de realizar uma nova licitação. “Há o mecanismo automático de renovação do contrato, mas estamos analisando se é viável realizar uma licitação plena com o cuidado do serviço não ser cancelado”, afirma.
O secretário diz ainda que há a possibilidade de expansão dos programa Café do Trabalhador e Restaurante Popular. Para tanto, aguarda a celebração de parcerias com o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. “Queremos aumentar o número de refeições bem como o número de restaurantes”.
Tá vendo aí quem Vilma deixou no lugar dela… Nem se quer pagou a dívida R$ 4,48 milhões, ainda há quem vote nela para prefeitura. Os candidatos da próxima eleição para prefeitura é muito saturado. Devemos acabar com essa oligarquia que perpetua no RN há décadas, Alves, maia, rosado, farias, de souza….