O colaborador Gutson Reinaldo, delator de um esquema de desvio de recursos públicos do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) investigado pelo Ministério Público acusou o deputado estadual Ricardo Motta (PSB) de cobrar propinas de empresários para liberação de licenças ambientais.
De acordo com trecho, até agora, inédito da delação, Gutson afirmou que foi procurado por um consultor ambiental de uma empresa que estava enfrentando problemas para emitir uma licença ambiental de um empreendimento em Parnamirim e que, a partir dessa conversa, foi marcada uma reunião com a presença de Ricardo Motta, que seria quem detinha o comando político do Idema. O empreendimento imobiliário estava com a licença ambiental emperrada, porque o Idema estava exigindo um sistema básico complexo, que elevaria o custo do empreendimento.
De acordo com a delação, foi organizada uma reunião em um escritório de advocacia com a presença de Jamir Fernandes, então diretor do Idema e cunhado de Ricardo Motta; o próprio deputado Ricardo Motta; esse consultor ambiental; e o empresário suíço Werner Jost, diretor da Camanor e da Phoenix Empreendimentos Imobiliários, responsável pelo empreendimento.
Nessa reunião, Ricardo Motta teria cobrado uma propina no valor de R$ 350 mil para liberar a licença ambiental e o empresário suiço teria se negado a pagar alegando que o valor era alto e que já tinha gasto muito com o empreendimento.
Segundo Gutson, diante da negativa de pagamento, o parlamentar teria criado dificuldades ainda maiores para a liberação da licença como forma de pressionar o empresário a pagar a propina e que Gutson teria repassado a informação.
Foi marcada então uma nova reunião, dessa vez na Camanor, inclusive com registros de entrada realizados, e que, nesse encontro, teria ficado acertado o pagamento de uma propina no valor de R$ 250 mil e ainda a obrigação da Camanor em contratar um serviço de canalização de água indicado por Ricardo Motta.
Para o pagamento da propina, foram emitidos cheques nominados ao consultor com base em serviços de consultoria ambiental fictícios e que ele seria o responsável por descontar e realizar o repasse em espécie pra Ricardo Motta. Após o pagamento, as licenças foram liberadas.
Outras propinas
Ainda segundo a delação de Gutson, ainda foram oferecidos lotes do empreendimento como forma de pagamento da propina, mas o colaborador não soube dizer se essa parte foi paga. Gutson ainda disse que Ricardo Motta exigiu uma doação de R$ 20 mil para a campanha de 2014, que também não soube confirmar se foram realizadas.
Delação
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