O ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), delator do mensalão, disse ao GLOBO estar sereno em meio à espera de ser preso ainda nesta quinta-feira. Ele aguarda a expedição do mandado de prisão ao lado da mulher, Ana Lúcia.
– Estou tranquilo, sereno. Esperando – revelou o ex-deputado.
Enquanto aguarda o anúncio do Supremo Tribunal Federal (STF), Jefferson comentou a renúncia do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo, após virar réu no processo do mensalão tucano.
– Saiu pela porta da frente. Não desgastou o partido (PSDB), como fez o João Paulo Cunha, que desgastou demais o PT. Pediu o boné e foi embora. Não deixou o partido mal. Com o João Paulo, foi um sofrimento. Foi pesado.
O ex-deputado falou também sobre a tentativa de o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), pré-candidato à Presidência, convencer Joaquim Barbosa a ser candidato ao Senado pelo Rio.
– Se (Joaquim Barbosa) for candidato, terá muito voto. Almocei com três amigos: um empresário, um funcionário público e um advogado. Os três disseram que votam nele. Não sei quais serão os adversários que ele teria, nem tenho pesquisas. Mas ele não tem voto apenas na elite. Tem voto no povão também. O povão gosta desta atitude afirmativa dele. Se ele tiver apoio, ganha a eleição – avaliou o petebista.
Sobre a arrecadação de petistas e simpatizantes na internet de mais de R$ 700 mil para pagar a multa do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado e já preso no mesmo processo, Roberto Jefferson declarou:
– O PT tem essa tradição. Isso não se faz uma suspeita de irregularidade. Quem é petista dá dinheiro mesmo. Todo mês, funcionários públicos do PT contribuem com o partido com 10% do salário. Deputados e senadores contribuem com 25%. É a cultura do PT. Nós, de outras legendas, não temos esse sentimento de partido. O PTB não dá nenhum centavo, sobrevive do fundo partidário.
Doação de Collor para pagar multa
Para pagar a multa de R$ 720 mil, determinada pelo STF, Jefferson venderá seu escritório de advocacia, no Centro do Rio, e contará com doações de integrantes do próprio PTB, entre eles o ex-presidente Fernando Collor.
A defesa de Roberto Jefferson tenta fazer com que o ex-deputado cumpra a pena de sete anos e 14 dias por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em prisão domiciliar. Segundo a denúncia, o ex-deputado recebeu R$ 4,5 milhões de petistas quando fazia parte da base de apoio do governo Lula.
Jefferson foi diagnosticado com um tumor no pâncreas. Em dezembro do ano passado, ele enviou ao STF cópia da dieta recomendada por uma médica nutróloga, com itens como salmão defumado, geleia real e suco batido com água de coco. Acompanhando o cardápio, uma petição argumenta de que dificilmente uma penitenciária terá esses ingredientes na dispensa. Portanto, Jefferson deveria cumprir pena em casa.
Dos 25 condenados no mensalão, sete estão presos no regime fechado e nove, no semiaberto. Genoino está em prisão domiciliar, devido a problemas de saúde e também aguarda uma decisão de Joaquim Barbosa. Outros três condenados cumprem penas alternativas. O ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato está preso na Itália depois de ter ficado foragido.
O Globo
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