Matéria show da Veja que o BG reproduz:
A primeira edição do Rock in Rio, em 1985, foi um projeto ambicioso, cujo gigantismo impressiona até os dias de hoje. A ideia de reunir os maiores astros da música internacional diante de um público de 200 mil pessoas por dia, em média, deslumbrava e também assustava. Às vésperas do festival, começaram a circular boatos sobre uma profecia de Nostradamus, que previa que “um grande encontro de jovens na América do Sul perto do final do século terminaria com uma tragédia que causaria a morte de milhares de pessoas”.
A história, claro, não se concretizou, e o evento firmou-se como um dos mais importantes do mundo, com mais duas edições no Brasil e incursões por Portugal e Espanha. Mas ficou gravada na memória dos que viveram aqueles dias em que as fantasias pareciam poder se tornar realidade. Afinal, até então, assistir aos shows de Queen, Iron Maiden e Whitesnake no mesmo dia, no Brasil, soava tão delirante quanto uma profecia estapafúrdia.
O bem-humorado cantor Eduardo Dusek – hoje Dussek, e ator de musicais – aproveitou o ensejo para fazer piada e promover uma de suas músicas, batizada com o nome do profeta:
http://www.youtube.com/watch?v=H56QhWCIR9Q&feature=player_embedded
Um dos que se lembram bem da força do boato é o ator Kadu Moliterno, mestre de cerimônias do Rock in Rio I. “Havia esse boato, que era muito forte. Lembro que eu estava assistindo ao show da Rita Lee quando algumas lâmpadas começaram a explodir no teto do palco, em curto-circuito. Entrei numa paranoia de que o mundo estava acabando. Sai de lá correndo, peguei minha moto e fui embora para casa”, diverte-se Kadu.
Rita Lee também já atribuiu o episódio a fenômenos sobrenaturais. Em vez de Nostradamus, no entanto, a roqueira elegeu outro culpado: o mineiro Thomas Green Morton, guru de Pepeu Gomes, Baby Consuelo e da própria Rita Lee na época, que armou uma tenda no backstage.
“O cara não deixava ninguém em paz, era tão mala que até o cenário pegou fogo. Xô, jaburu!”, declarou Rita Lee, já rompida com o guru, em entrevista à revista ShowBizz no ano 2000.
A roqueira alemã Nina Hagen, tida como uma artista antenada e de vanguarda, também entrou na discussão, numa entrevista coletiva: “Qualquer grande desastre será positivo. 35 milhões de naves alienígenas estarão a postos para salvar a gente. Só os muito ruins não serão resgatados”.
O fato é que, em caso de medo, nem rezar em paz o público podia. O cardeal arcebisto D. Eugênio Sales divulgou uma nota pouco antes do início do festival, condenando o festival e dizendo que o rock é um estilo que age contra a moral.
Em 1991, na reedição do festival, um novo boato ganhou força: o Maracanã iria cair. “Fizemos uma obra desnecessária só para acalmar a população”, contou, em entrevista, o empresário Roberto Medina.
Comente aqui