Carla França para Tribuna do Norte:
A Cooperativa Médica (Coopmed) e a Cooperativa dos Anestesiologistas (Coopanest) começam hoje a retomar o atendimento nas unidades básicas da capital e as cirurgias eletivas nos hospitais estaduais, suspensos desde o último dia 12. A retomada dos serviços foi possível depois que a Prefeitura de Natal pagou a dívida de mais de R$6 milhões com a categoria. As categorias decidiram retomar as atividades durante uma assembleia na noite de ontem (20) depois que a prefeitura de Natal fez o repasse de R$3,3 milhões para a Coopmed.
“A dívida do município era de R$6,2 milhões, mas foram feitos alguns repasses e esse valor ficou em R$3,9 milhões referentes a serviços prestados nos meses de junho e julho. Hoje pela foram repassados R$3,6 milhões e o restante a própria prefeita garantiu que estaria repassando na segunda-feira”, disse o presidente da Coopmed, Fernando Pinto.
Ainda de acordo com o médico, os valor referente ao mês de agosto não está contemplado nesse repasse. É uma dívida em torno de R$ 2,2 milhões e a previsão de pagamento é para primeira semana de outubro. Fernando Pinto disse que pediu a prefeita para que não acontecessem mais atrasados para evitar que novos desgastes aconteçam e a população seja prejudicada.
PROPOSTA
A Coopanest aceitou a proposta do município que parcelou o pagamento da dívida de R$2,2 milhões e as cirurgias eletivas serão retomadas hoje. “Ficou combinado que o repasse do mês de abril será amanhã, o de junho será em 10 de outubro e 25 de outubro o mês de julho. Estamos dando mais um voto de credibilidade, esperamos que o município cumpra”, disse o presidente da Copaneste, Frederich Marcks Abreu de Góes.
Com a paralisação dos profissionais da Coopmed e Copanest os serviços como partos, pediatria, urgências, serviços ambulatoriais, bem como as cirurgias de média e alta complexidade ortopédicas, pediátricas, oncológicas e cardíacas ficaram comprometidos. Isso porque a maioria dos médicos que atendem nas unidades de saúde do município são das cooperativas.
Só a Coopmed tem 750 médicos trabalhando nas unidades de saúde do município. São 200 de alta e média complexidade e 550 de plantões de clínica médica e pediatria.
INTERVENÇÃO
O pedido de intervenção federal na saúde do Rio Grande do Norte deve ser feito na próxima semana, quando será concluído o relatório da visita realizada ao Hospital Walfredo Gurgel na última terça-feira (18). A informação foi repassada pela assessoria de comunicação do Conselho Federal de Medicina.
Uma comissão formada por representantes de entidades nacionais identificou problemas que ferem os princípios da ética e da dignidade humana. Os conselheiros requisitarão a intervenção federal no sistema público de saúde do Estado, tendo em vista que o próprio governo estadual declarou estado de calamidade pública na saúde há mais de dois meses e o quadro de caos no setor não foi alterado.
Servidores terceirizados ameaçam parar
Funcionários terceirizados que prestam serviços aos hospitais do Estado ameaçam parar as atividades na próxima quarta-feira (26). A categoria reivindica a repactuação salarial que deveria ter sido paga em janeiro, bem como o pagamento do vale alimentação, férias atrasadas e outros benefícios. São 800 funcionários da empresa Safe que trabalham na higienização, cozinha, lavanderia,entre outras atividades de apoio de hospitais como o Walfredo Gurgel, Santa Catarina, João Machado, Ruy Pereira, Laboratório Central, CRI, Giselda Trigueiro, entre outros.
De acordo com o presidente do sindicato da categoria, Domingos Ferreira, a empresa diz que não faz o repasse dos valores porque não os recebeu do Governo do Estado. “Eles ficam nesse jogo de empurra e nós é quem somos prejudicados. Já aprovamos o indicativo de greve e se, até a próxima terça-feira (25), não houver uma proposta para o nosso pleito, vamos entrar em greve”. A decisão foi tomada durante uma assembleia realizada ontem a tarde em frente ao HWG. Caso a categoria cumpra a promessa, a situação dos hospitais ficarão ainda mais complicadas. Isso porque as unidades de saúde dependem quase que exclusivamente do trabalho desses profissionais.
Segundo informações passadas pelo sindicato, apenas 10% das pessoas que trabalham na cozinha do Walfredo Gurgel é do quadro do Estado, o restante é terceirizado. Na parte de limpeza e higienização são apenas os terceirizados.
Os terceirizados não quiseram dar entrevista com medo de represálias por parte da empresa. A reportagem tentou, sem sucesso, contato com a Safe, para saber o posicionamento da empresa sobre as reivindicações da categoria.
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