O reservatório de Santa Branca, o segundo do sistema que abastece o Rio, chegou ao volume morto no último domingo (25).
Ele integra o grupo de quatro barragens de hidrelétricas no rio Paraíba do Sul, a única fonte de abastecimento do Estado do Rio. Santa Branca fica na cidade de mesmo nome, no Vale do Paraíba paulista, e faz parte da usina hidrelétrica da Light.
A informação consta do IPDO (Informativo Preliminar Diário da Operação), produzido pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico). Santa Branca é o menor dos quatro reservatórios do Paraíba do Sul.
O primeiro reservatório do Paraíba do Sul, Paraibuna, entrou no volume morto no dia 21 de janeiro. Isso significa dizer que os dois reservatórios atingiram a chamada “reserva técnica”, quando o volume de água na barragem não é mais suficiente para gerar energia.
Mesmo que fique abaixo da tubulação das represas e, portanto, incapaz de gerar energia, a água ainda pode ser usada para abastecimento humano. Especialistas dizem, contudo, que usar essa última reserva apenas adia um problema que pode ficar ainda maior no futuro, porque quanto mais baixo o nível, mais difícil será para recuperá-lo.
Há ainda mais dois reservatórios no sistema do Rio, mas que, mantido o ritmo atual de esvaziamento, devem chegar ao volume morto em menos de quinze dias. O reservatório de Jaguari estava, no último domingo, com nível em 1,72% e o de Funil, o único dos quatro que fica em território fluminense, em 3,75%.
O Paraibuna leva o crédito de “coração do sistema que abastece o Rio” porque fica na cabeceira do Paraíba do Sul e é o maior dos quatro reservatórios existentes. O volume morto de Paraibuna é de 2,095 trilhões de litros, maior que o do sistema Cantareira, em São Paulo.
Somadas, as três cotas de volume morto do Cantareira têm 328,5 bilhões de litros de água, das quais a primeira já foi consumida. O governo do Rio estima que tenha direito a cerca de 400 bilhões de litros do volume morto do Paraibuna, o que seria suficiente para abastecer o Estado sem problemas por mais seis meses.
Segundo a ANA (Agência Nacional das Águas), o volume morto de Santa Branca tem 150 bilhões de litros. Como o reservatório fica no Estado de São Paulo, seu uso é compartilhado. Ainda não está claro o quanto do volume morto poderá ser usado pelo Estado do Rio.
Na dia 23 de janeiro, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, descartou a possibilidade de racionamento. Já o secretário estadual do Ambiente, André Corrêa, disse no mesmo dia que, caso não chovesse até abril, não descartaria racionamento ao final dos próximos seis meses.
Folha Press
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