O que não pode faltar na sua rotina de cuidados? Há quem aponte o creminho para mãos, outras, o bom e velho protetor solar, e tem quem mencione… as máscaras para a vagina. Acha estranho? Condicionador para os pelos pubianos, lubrificador com glitter holográfico e absorventes com estampas que parecem ter saído das passarelas são os grandes lançamentos do universo da beleza, que agora investe pesado no que os gringos chamam de sex-care, (cuidados com o sexo, na tradução literal) para oferecer produtos que atendam seu corpo de maneira holística, sem tabus e com muita sofisticação.
A ideia é que a experiência de comprar cosméticos íntimos seja tão simples quanto adquirir um xampu. “Sentimos que era importante mudar a conversa em torno do sexo, que é uma experiência tão humana. Estamos encorajando as pessoas a integrarem o sexo ao seu cotidiano e a se sentirem mais à vontade com o tema”, completa Eva Goicochea, cofundadora e CEO da marca Maude, que fabrica lubrificantes orgânicos em vidros moderninhos. E vem dando certo.
Segundo uma pesquisa americana da Stratestics MRC, o mercado global do sex-care, também conhecido como sex-wellness, lucrou quase US$ 40 bilhões em 2017 e deve chegar a US$ 122 bilhões em 2026.
A preocupação com a saúde e o bem-estar da nossa vagina é a grande promessa de novas marcas, em sua maioria desenvolvidas por mulheres de até 30 anos. A graça fica por conta das embalagens elegantes com fórmulas ricas e naturais. É o caso da também americana Sustain Natural, que cria produtos vagina-friendly. “Na última década, as mulheres vêm repensando quais ingredientes são usados em seus produtos de beleza, mas quando se trata da vagina, muitas não têm ideia do que colocam dentro de si mesmas. É importante mostrar que ela deve cuidar dessa parte da mesma forma que cuida de sua saúde”, afirma Melka Hollender, cofundadora e CEO da marca.
Já diz o bordão “quem transa é mais feliz”. Não podemos deixar de dizer que os produtos voltados ao mercado erótico se destacam nessa filosofia – afinal, ele move cerca de 1 bilhão de reais por ano no Brasil, segundo a ABEME*. Sexo vende e de um jeito novo e pop.
Tiffany Gaines, presidente da americana Lovability Inc., conta que redesenhou as camisinhas para que virassem um símbolo de amor-próprio. “Nossa relação com elas precisava ser melhorada, para que nos sentíssemos respeitadas comprando-as ou carregando-as por aí.” Hoje, os preservativos da marca são vendidos ao lado de batons, em lojas descoladas como a Urban Outfitters, nos EUA.
Após 30 anos como executiva de marketing de empresas de cosméticos, Chris Marcello resolveu criar a própria marca, a Sophie Sensual Feelings, voltada para produtos sensuais. “Eles têm mais semelhanças com a indústria de cosméticos do que com o mercado erótico. É importante que a embalagem não seja o primeiro inibidor de compra. Quero que a mulher se sinta à vontade para consumir.”
“Elas estão se descobrindo e começando a não ter mais medos ou preconceito de se tocar, de ver que a vulva e a vagina também fazem parte do seu corpo e devem ser cuidadas. Se você se sente bem aplicando um xampu nos pelos pubianos, por que não?”, questiona Lu Angelo, coach de relacionamento, educadora sexual e idealizadora do projeto Mais Prazer, Sim! − workshops sobre autoconhecimento, prazer e sexualidade na pós-menopausa.
As marcas afirmam que já têm percebido uma disposição diferente do público-alvo com relação ao consumo de produtos voltados ao prazer. “Vejo uma mudança, mas, como tudo que é novo, leva tempo para se consolidar. As mulheres têm se mostrado receptivas aos nossos lançamentos e já pensam em seus corpos de forma diferente”, afirma Avonda Urben, da The Perfect V, label dos séruns hidratantes e iluminadores para a vagina.
“A mulher está buscando mais do que nunca esse contato com a sexualidade. E isso passa por uma conexão que se dá de várias formas. A primeira é olhar de verdade para a vagina. No final de um dos meus cursos, eu peço para todas ficarem por 15 minutos olhando a própria vagina. É um momento lindo, muitas até choram”, conta a escritora e terapeuta tântrica, Carol Teixeira, que comanda aulas práticas no projeto I Love My Pussy.
É consenso que os sex shops tradicionais não atraem o público feminino. “O conceito deles foi criado para o homem. Além disso, a vendedora tem vergonha do que está vendendo, e a cliente tem vergonha do que está comprando”, diz Suellen Ferreira, gerente de marketing da empresa mineira A Sós, que criou um novo conceito de negócio, batizado de sensual store. “A loja parece uma perfumaria. Começa com produtos de bem-estar, mas tem lingerie, cosméticos e vibradores.”
Talvez demore para a mulher comprar uma máscara vaginal com a mesma naturalidade de quem escolhe um hidratante. Mas esse dia há de chegar. “O sexo faz parte da vida, não tem que ser colocado como algo proibido”, completa Lu Angelo. Assinamos embaixo.
Globo,via Glamour
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