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O otorrinolaringologista Danilo Sguillar, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, explica os diferentes tipos de dor de garganta e suas causas
Toda dor de garganta é amidalite? Não. Amidalite é inflamação ou infecção na região das amídalas. Faringite é a inflamação ou infecção na faringe e laringite é a inflamação ou infecção na laringe. Todas podem gerar febre, tosse e dor local. Já a laringite também pode provocar rouquidão. A faringe conecta o nariz e a boca, e a laringe, a boca ao esôfago, de acordo com definição do Ministério da Saúde.
Por que a gripe dá dor de garganta? A gripe é um quadro viral que atinge as vias aéreas superiores, transmitida por gotículas salivares ou secreções de pessoa para pessoa. Manifesta-se com febre, espirros, tosse, congestão nasal e dor muscular. A dor de garganta pode ocorrer pelo gotejamento nasal que gera irritação da garganta e, consequentemente, tosse e dor, ou porque o vírus também pode acometer essa região, no caso de amidalite ou faringite viral.
Quando uma dor de garganta pode ser considerada recorrente? Não há um número pré-estabelecido na literatura médica em relação a faringites de repetição. Em relação às amidalites, são considerados recorrentes 7 episódios de infecção em um ano ou 5 episódios em 2 anos consecutivos ou ainda 3 episódios de infecções em 3 anos consecutivos. Normalmente, é recorrente em pessoas suscetíveis, como crianças e adolescentes, expostos à fumaça do cigarro, com alergias ou baixa imunidade.
Qual a diferença da dor de garganta causada por vírus e por bactéria? Ambos os quadros podem apresentar febre, dor de garganta, tosse e dor no corpo. Quadros virais tendem a ser mais brandos, com menos dor e febre mais baixa. Quadros bacterianos tendem a ser mais severos, com dores mais intensas e febre mais alta.
Existe dor de garganta causada por fungo? Tomar água de filtro sujo pode provocar doença na garganta? Sim. É a chamada candidíase oral ou monilíase oral. Manifesta-se como placas brancas destacáveis em mucosa jugal (bochecha), na faringe ou na base da língua. Ela é causada por fungos que já habitam a flora bucal e que invadem esses tecidos no momento em que a pessoa tem alguma alteração imunológica, por exemplo, descompensação do diabetes, HIV, pessoas transplantadas ou que estão realizando tratamento oncológico com quimioterápicos. Portanto, o contato com filtros sujos tem pouca influência, já que o que vai ditar a doença é a imunidade da pessoa.
A dor de garganta está ligada à baixa resistência? Sim, pode estar. Pessoas que estão dormindo pouco, alimentando-se mal, tenha doenças como diabetes mal controlado, HIV e tumores, podem ter oscilação na imunidade e se tornarem mais susceptíveis a quadros infecciosos.
O que fazer se estiver ligada à baixa imunidade? Adequar o que está interferindo na imunidade. Dormir e acordar em horário correto, ingerir bastante líquido, alimentar-se de forma saudável, tratar as alergias respiratórias, se for o caso, além de procurar doenças que possam estar alterando a imunidade como diabetes e tumores.
Por que tem gente que tem dor de garganta ao dormir de cabelo molhado? A friagem corporal pode oscilar a imunidade e gerar aumento da chance de um quadro infeccioso viral. Esse quadro pode levar à tosse, espirros, coriza e dor de garganta.
Quais são as principais causas da dor de garganta? Infecções virais e bacterianas. Outras causas são alergias, refluxo e câncer.
Como prevenir que a dor de garganta volte? Ter um estilo de vida saudável. Beber bastante água, dormir e acordar em horário correto, manter locais arejados, evitar contato com pessoas doentes e lavar bem as mãos.
Como é o tratamento para quem tem dor de garganta recorrente? Além de todas as recomendações anteriores, é possível introduzir medicamentos imunoestimulantes e, nos casos das amidalites de repetição, é possível indicar cirurgia de remoção das amídalas.
Por que há casos em que a pessoa acabou de tomar antibiótico para infecção bacteriana e em poucos dias tem dor de garanta novamente? Ou a pessoa está desenvolvendo um quadro viral ou o antibiótico pode não ter sido efetivo para eliminar todas as bactérias. Neste caso, o paciente necessita de um antibiótico com maior espectro de ação. Há ainda uma outra hipótese: a de resistência bacteriana, ou seja, o antibiótico não foi suficiente para exterminar as bactérias, pois elas criaram mecanismos de defesa – nesses casos, devem ser utilizados antimicrobianos que combatam a resistência bacteriana.
R7
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