Comportamento

Brasil é o 2° país com mais inscritos em site de traição desde o início da pandemia

Foto: Pond5

A Ashley Madison registrou um aumento diário de 19 mil novos usuários desde o início do isolamento social, devido à pandemia do coronavírus. O site de traição é conhecido por ajudar pessoas comprometidas a marcarem encontros casuais e já conta com mais de 65 milhões de usuários no mundo inteiro. Aqui, no Brasil, a plataforma também tem feito sucesso e conseguiu mais de 4.226 inscritos no período de março a junho deste ano, atrás apenas dos Estados Unidos no número de novos cadastros.

Com um passado polêmico, que envolve até mesmo um grande vazamento de dados em 2015, o site de relacionamentos extraconjugais atualmente propõe uma experiência discreta e honesta. A Ashley Madison pode ser acessada por meio de aplicativos para celulares Android e iPhone (iOS) e pelo site, na versão web. O TechTudo conversou com Paul Keable, diretor de estratégia da rede social, que falou sobre o bom momento da empresa durante a quarentena e quais são as perspectivas para o futuro.

Novos usuários na Ashley Madison durante a quarentena

Durante a quarentena causada pela pandemia de Covid-19, a Ashley Madison experimentou um aumento no número de novos usuários. Se em fevereiro eram realizados 15 mil novos cadastros por dia, agora, a plataforma recebe cerca de 19 mil pessoas diariamente. Além disso, chama atenção o fato de que o Brasil é o segundo país em números de novos assinantes no mundo todo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Embora o grande número de novos usuários possa surpreender, a Ashley Madison já esperava um aumento nos cadastros durante a pandemia. O diretor de estratégia Paul Keable explica que o comportamento dos assinantes foi semelhante ao que é observado no início de todos os anos. Ele acredita que a quarentena, assim como costuma acontecer nos feriados de final do ano, acabou expondo problemas de convivência em muitos relacionamentos e, a partir daí, algumas pessoas tomaram a decisão de ir em busca da sua felicidade.

“Quando as pessoas passam as festas de fim de ano com suas famílias, diversos problemas de convivência acabam sendo expostos ou ficam mais evidentes. Assim, no início do ano, muitos decidem fazer mudanças em suas vidas para serem mais felizes. Nas primeiras semanas de quarentena, houve uma queda no número de novos usuários, como uma reação às mudanças profundas e sem precedentes que aconteceram no mundo. No entanto, conforme o tempo passou, a convivência direta com os parceiros fez muitas pessoas perceberem que suas necessidades já não combinavam mais. Por isso, elas fizeram escolhas que as deixassem mais felizes”, explica o executivo.

Nesse sentido, a rede social se apresenta como uma alternativa segura para conhecer outras pessoas sem sair de casa ou, caso queiram, ao mesmo tempo, continuar com seus parceiros. Por conta disso, o site acredita que o número de novos cadastros vai continuar crescendo entre os próximos seis e dez meses, devido ao isolamento social provocado pela pandemia.

Outra percepção baseada no comportamento dos usuários da Ashley Madison é que a maioria das pessoas está satisfeita com seus parceiros e não deseja se divorciar, mas busca no app algo que está faltando em seu relacionamento. Pesquisas feitas pelo site em parceria com a Universidade do Missouri, nos Estados Unidos, apontam que mais de 80% das mulheres presentes na plataforma estão insatisfeitas com os seus parceiros e desejam movimentar a vida sexual com outras pessoas. Já os homens são motivados pela falta de intimidade física na relação e pela busca da satisfação emocional.

Especialmente nessa época de pandemia, Paul Keable acredita que os usuários procuram por uma forma de fazerem novas conexões, embora nem sempre possam se ver pessoalmente por conta do isolamento social. “Alguns dos membros encontram pessoas em situações semelhantes para discutir seus problemas e aliviar a tensão. Outros planejam eventos futuros para quando as pessoas puderem se ver novamente, algo que já vem acontecendo em algumas regiões do mundo”, conta o diretor de estratégia da empresa.

Como funciona a Ashley Madison

A plataforma, criada em 2001, tem o objetivo de proporcionar uma experiência mais discreta e honesta na busca por um relacionamento, por isso, é bastante procurada por quem deseja ter um caso extraconjugal. Para fazer o cadastro, não é necessário nenhum vínculo com outras redes sociais como Facebook ou Twitter. Inclusive, por questões de segurança, é recomendado que a inscrição seja feita com uma conta de e-mail pessoal. Além disso, também é possível adicionar fotos com o rosto embaçado ou até mesmo classificá-las como privadas, assim, apenas algumas pessoas selecionadas poderão visualizá-las.

De acordo com o site da Ashley Madison, a assinatura para mulheres que estão a procura de homens é gratuita e sem restrições. Já homens interessados em mulheres e outras mulheres que buscam uma relação com o mesmo sexo começam como “membros convidados”. Nesse caso, eles podem apenas visualizar perfis, enviar e receber fotos ou enviar “piscadas”. Caso queiram iniciar uma conversa, é preciso pagar uma taxa para ter acesso a todos os recursos disponíveis, assim como para usar o aplicativo para celulares. O serviço oferece uma degustação durante 30 dias. Após esse prazo, o pagamento pode ser feito por meio de um cartão de crédito ou PayPal.

No plano mais barato, é feito uma compra de créditos que só serão gastos caso o homem inicie uma conversa, sendo possível ler e responder mensagens enviadas por mulheres gratuitamente. O pacote também permite continuar conversas com outros membros já contatados antes por 30 dias sem cobranças adicionais.

Caso opte pela assinatura premium, o usuário terá acesso a recursos extras, como ter o perfil em destaque nos resultados de busca e enviar mensagens classificadas como “prioritárias”, que aparecerão no topo da caixa de entrada do destinatário. Além disso, se a pessoa tiver uma viagem marcada, pode visualizar perfis de moradores do local, função similar ao Passaporte, do rival Tinder.

Para Paul Keable, o diferencial do Ashley Madison em relação a outros serviços de paquera é a possibilidade de ser honesto e ser você mesmo, já que os usuários não acessam o serviço procurando por relacionamentos sérios. Até mesmo os solteiros que entram na rede social sabem que as pessoas ali presentes estão em busca de algo mais casual. Além disso, elas não precisam fingir que são solteiras quando, na verdade, estão comprometidas.

“Quando você vai a um site tradicional de relacionamentos, você tenta apresentar sua melhor versão para encontrar um parceiro. No Ashley Madison, as pessoas não fazem isso. Elas chegam e falam: ‘Isso é o que eu sou e isso é o que eu estou procurando. Se você não tem essa característica específica, não significa que você não é uma boa pessoa, só não tem a coisa certa para mim’. Elas tentam preencher algo que está faltando”, opina o executivo sobre o perfil dos usuários.

Polêmicas e vazamento de dados

Em 2015, a Ashley Madison esteve no centro de uma grande polêmica. O “site de traição” foi vítima de um grande vazamento de senhas obtidas por hackers que expuseram perfis de 11 milhões de usuários na Internet. Além disso, a plataforma foi acusada de cadastrar perfis femininos falsos para atrair novos membros.

Recuperar a confiança dos usuários foi difícil e exigiu algumas mudanças na empresa. “Quando você perde a confiança de alguém, leva muito tempo para recuperar a parceria. Atualmente, nós vemos a segurança como um trabalho diário e que não pertence apenas a um time. Os funcionários entendem que a segurança é um trabalho de todos. Então, hoje nós temos melhores tecnologias e processos, além de uma melhor percepção sobre como entregamos segurança e privacidade para os membros”, explica Paul Keable.

Apesar da crise no passado, a empresa acredita que os investimentos em novos recursos e segurança vêm dando certo, visto o crescente número de pessoas inscritas na Ashley Madison e as boas previsões para o futuro.

Globo, via Techtudo

 

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