Foto: Divulgação
Morreu no início da tarde no Rio de Janeiro um dos maiores escritores do Brasil, Rubem Fonseca.
A menos de um mês de completar 95 anos, Fonseca sofreu um infarto nesta quarta-feira(15), perto da hora do almoço, em seu apartamento, no Leblon. Foi levado imediatamente ao hospital Samaritano, onde morreu.
Talvez o maior cronista brasileiro da segunda metade do século XX, Rubem Fonseca é autor, entre outros, de “Feliz ano novo” (1976), “A cólera do cão” (1963), “O cobrador” (1979). Seu último livro de contos inéditos foi lançado há dois anos, “Carne crua”.
História
Nascido em Juiz de Fora (MG) em 11 de maio de 1925, José Rubem Fonseca mudou-se para o Rio aos 8 anos de idade. Formado em Direito, trabalhou como comissário de polícia no início dos anos 1950.
Na década seguinte, prestou serviços para o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), vinculado ao golpe militar de 1964. Mais tarde, ele negou que tivesse apoiado o regime.
Dentre os principais livros de Rubem Fonseca, estão os volumes de contos “Lucia McCartney” (1967), “Feliz ano novo” (1975) e “O cobrador” (1979), além dos romances “O caso Morel” (1973), “A grande arte” (1983) e “Agosto” (1990).
O escritor mineiro era considerado um dos maiores da literatura brasileira e costuma ser avesso a eventos públicos.
Em 2015, ao receber o Prêmio Machado de Assis, entregue pela Academia Brasileira de Letras (ABL) pelo conjunto da obra, Rubem Fonseca citou seu livro de estreia, escrito aos 17 anos.
Ele também falou sobre como a obra chocou o primeiro editor a quem ela foi oferecida. O “problema” teria sido, justamente, a presença de palavrões no texto.
Questionado sobre o fato de Machado de Assis e Eça de Queiroz, algumas de suas inspirações, não usarem palavrões em seus textos, Fonseca afirmou que as palavras não devem ser discriminadas.
“Eu escrevi 30 livros. Todos cheios de palavras obscenas. Nós, escritores, não podemos discriminar as palavras. Não tem sentido um escritor dizer: ‘Eu não posso usar isso’. A não ser que você escreva um livro infantil. Toda palavra tem que ser usada”, disse ele.
Lauro Jardim – O Globo e G1
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