Esporte

Ricardo Teixeira abriu portas no país para executivo acusado de chefiar cambistas

2010110814941Foto: Michel Filho / Agência O Globo

Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, foi quem apresentou o executivo Raymond Whelan, da Match Services, a autoridades brasileiras de turismo, abrindo as portas do país para a empresa explorar a rede hoteleira, obtendo lucros extraordinários.

O secretário-geral da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Eraldo Alves da Cruz, revelou, nesta terça-feira, que, em 2008, um ano depois de o Brasil ser escolhido para sediar o Mundial, recebeu uma ligação de Whelan. Na época, Cruz era o presidente nacional da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH). Ele confirmou que o executivo ligou dizendo falar em nome de Ricardo Teixeira e agendou um encontro com ele em Brasília.

— Na reunião, que acabou acontecendo no meu gabinete, na sede nacional da ABIH, Whelan, embora falasse pela Fifa, apresentou um cartão da empresa Byrom (inglesa), subsidiaria da Match. Explicou que estava no Brasil para cuidar da hospedagem durante a Copa — contou Cruz.

O secretário-geral da CNC disse que conheceu Ricardo Teixeira em 2007, durante um evento no Cristo Redentor.

— Ricardo Teixeira estava caminhando sozinho, chegando ao Cristo, eu me aproximei, me apresentei e entreguei meu cartão. Não o conhecia — afirmou Cruz.

A partir de 2008, depois do encontro com o então presidente da ABIH, Whelan correu o país mantendo encontros com os representantes da rede hoteleira, fechando negócios.

— Como eram muitas exigências, como o bloqueio dos quartos e das reservas, muitos estados resistiram em aderir. São Paulo foi um deles. Mas, no fim, todo mundo aceitou. Agora, Whelan nunca se apresentou como responsável também pelos ingressos. Só falava conosco de hospedagem. Ninguém imaginou tudo isso. Estou muito surpreso — disse Cruz.

A Match é suspeita de ter superfaturado o preço de diárias de hotéis nas 12 cidades-sede do Mundial, prejudicando o país, que ficou marcado como destino caro. O caso é investigado pelo Ministério Público Federal e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que instaurou um inquérito administrativo. Whelan foi preso na segunda-feira pela Polícia Civil suspeito de envolvimento na venda ilegal de ingressos para os jogos da Copa.

Ricardo Teixeira também teria atuado nos bastidores junto à Fifa e aos executivos da Match Services para beneficiar o Grupo Águia, do seu amigo paulista Wagner Abrahão, que ficou com os direitos de ser o vendedor exclusivo no Brasil dos ingressos corporativos, ou VIPs, para os jogos da Copa.

Em 1998, na Copa da França, a Águia foi acusada de lesar torcedores, que compraram ingressos mas ficaram fora do estádio na final. Ele foi processado e pagou uma multa para deixar a França. O processo foi arquivado. Segundo o site da empresa, a escolha para ser representante da Match durante a Copa aconteceu em 2011 e foi comemorada.

O Globo

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