Foto: Jan Ranft/Unsplash
Ofensas, palavrões e humilhações entre irmãos são algo muito sério. No começo da adolescência, esse tipo de bullying pode gerar danos na saúde mental vários anos depois – independentemente se o indivíduo é vítima ou autor das agressões. Essa relação foi apontada por um estudo publicado nesta quinta-feira (30) no Journal of Youth and Adolescence.
A pesquisa reúne dados de mais de 17 mil jovens do Reino Unido, voluntários no estudo Millennium Cohort Study, realizado no início dos anos 2000. Os participantes responderam a questionários sobre bullying entre irmãos quando tinham 11 e 14 anos. Mais tarde, aos 17 anos, eles voltaram a preencher questões, desta vez sobre saúde mental e bem-estar. Os pais deles também responderam sobre o estado mental de seus filhos em três idades diferentes: aos 11, 14 e 17 anos.
Com isso, os autores da pesquisa, vinculados à Universidade de York e à Universidade de Warwick, ambas no Reino Unido, conseguiram investigar nos jovens tantos aspectos positivos de saúde mental, como autoestima e bem-estar, quanto negativos, a exemplo de sofrimento psíquico.
“Embora o bullying entre irmãos tenha sido anteriormente relacionado a resultados ruins de saúde mental, não se sabia se havia uma relação entre a persistência desse bullying e a gravidade da saúde mental a longo prazo”, observa Umar Toseeb, um dos autores da descoberta, em comunicado.
Mas a análise aponta que, não só essa relação existe como o problema do bullying é bem recorrente. Quando os adolescentes tinham 11 anos, 48% deles estiveram envolvidos nas agressões, sendo que 15% eram vítimas, 4% agressores e 29% exerciam ambos os papéis. Já aos 14 anos, 34% estiveram envolvidos com esse comportamento – a maioria (21%) tanto sofreu quanto praticou; 5% agrediram e 8% foram violentados pelos irmãos.
Ao analisarem os resultados, Toseeb e Dieter Wolke, outro autor do estudo, descobriram que, conforme o bullying piorava no início da adolescência, agravava-se também a saúde mental dos jovens no final desse período de vida. E aqueles envolvidos na violência – independentemente do papel que tiveram nela – tinham uma trajetória emocional diferente na hora de externalizar seus problemas.
Para combater essa grave questão, os pesquisadores sugerem intervenções clínicas com objetivo de reduzir as dificuldades de saúde mental nos jovens, ajudando também aqueles que estão no final da adolescência a terem uma condição emocional mais positiva.
Galileu
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