Judiciário

Pleno do STF confirma afastamento de Cunha

A maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votou nesta quinta-feira (5) para suspender o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do exercício do seu mandato parlamentar e da Presidência da Câmara dos Deputados.

Até agora, seis ministros confirmaram a liminar (decisão provisória) conferida pelo colega Teori Zavascki, relator da Lava Jato. Votaram nesse sentido: Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Luiz Fux, Rosa Weber e Dias Toffoli.

Quase cinco meses após a Procuradoria-Geral da República requerer ao STF a saída de Cunha do cargo, Teori acolheu os argumentos de que a permanência do peemedebista no comando da Câmara colocava em risco sua investigação por suposta participação no esquema de corrupção da Petrobras e também a análise de seu processo de cassação no Conselho de Ética da Câmara, além de ferir a “dignidade” da instituição.

Na sessão, os ministros tentam mostrar unidade em torno da decisão de Teori, com falas contidas, mas negaram interferência do Judiciário no Legislativo.

Luiz Fux afirmou que no caso de Cunha, que está na linha sucessória, tem que se equiparar as normas para o presidente da República, que é impedido de continuar no exercício do mandato se tiver denúncia recebida.

“Não há aqui nenhuma abordagem que se possa aludir a uma invasão de um Poder sobre o outro. O ministro Teori hoje em seu voto faz uma equiparação às figuras que potencialmente podem ocorrer. Eventualmente, com a saída de um chefe do executivo assume outro na linha sucessória, e há previsão constitucional que quando há recebimento da denúncia contra o titular do poder executivo central, há uma suspensão dos exercícios da atividade político, o que é o que ocorre aqui nesse caso específico”.

Toffoli disse que defenderia que Cunha fosse afastado da Presidência da Câmara, mas mantido no exercício do mandato, mas que isso não seria possível diante da gravidade do caso. Cunha já foi transformado em réu na Lava Jato pelo Supremo por suspeita de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro sob acusação de ter recebido US$ 5 milhões em propina de contratos de navios-sonda da Petrobras.

Ele ainda foi alvo de denúncia por receber suposta propina em contas secretas na suíça, responde a três inquéritos e é alvo de mais três pedidos de investigação da Procuradoria para apurar supostas práticas criminosas no exercício do mandato.

Principal fiador do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, Cunha é tirado do comando da Câmara às vésperas da votação do Senado que vai decidir sobre o afastamento da petista, deixando de figurar na linha sucessória. Com a saída de Dilma, o vice-presidente, Michel Temer, assume a Presidência e Cunha se tornaria o primeiro na linha sucessória.

Essa possibilidade aumentou a pressão para que o Supremo analisasse a situação de Cunha. Os ministros vinham discutindo o assunto internamente e uma ação apresentada pela Rede na terça (3) pedindo a saída de Cunha foi a alternativa encontrada pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e o ministro Marco Aurélio Mello para resolver a questão.

Essa preferência para a ação de Marco Aurélio incomodou Teori, que é o relator de um pedido semelhante da Procuradoria. Diante da tendência dos colegas de que iriam impedir Cunha de integrar a linha sucessória, mas liberar sua permanência na presidência da Câmara, o relator da Lava Jato decidiu antecipar sua decisão, que estava planejada para a próxima.

Para Teori, se essa sinalização se confirmasse, além de ser juridicamente estranha esse fatiamento, também ficaria complicado para que ele decidisse individualmente tirar Cunha do mandato e do comando da Câmara e, portanto, decidiu colocar todo o quadro envolvendo o deputado para a decisão do plenário.

Antes de conceder a liminar, Teori anunciou sua medida apenas a Lewandowski e a assessores próximos.

ARGUMENTOS

Teori acolheu os argumentos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para a saída de Cunha, que apontou 11 situações que comprovariam o uso do cargo pelo deputado para “constranger, intimidar parlamentares, réus, colaboradores, advogados e agentes públicos com o objetivo de embaraçar e retardar investigações”.

Na peça, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, chegou a classificar o peemedebista de “delinquente”.

O ministro citou que a medida é excepcionalíssima, mas se justifica pela gravidade da situação.

“Elementos trazidos, que há indícios de que o requerido, na sua condição de parlamentar, e mais ainda, de presidente da Câmara dos Deputados, tem meios e é capaz de efetivamente obstruir a investigação, a colheita de provas, intimidar testemunhas e impedir, ainda que indiretamente, o regular trâmite da ação penal em curso no Supremo Tribunal Federal, assim como das diversas investigações existentes nos inquéritos regularmente instaurados”.

O ministro afirma que “embora não existam provas diretas do envolvimento do investigado nos episódios de extorsionismo descritos com riqueza de detalhes pelo Ministério Público, há uma miríade de indícios a corroborar as suspeitas de que o requerido não apenas participou dos fatos, como os coordenou”.

Teori aponta que, como presidente da República não pode estar no cargo sendo alvo de denúncia recebida, a mesa situação se aplica aos substitutos e que “não há dúvida de que a condição de investigado do Presidente da Câmara compromete a harmonia entre os Poderes da República”.

“É igualmente necessário que o presidente da Câmara dos Deputados não figure como réu em processo, penal em curso no Supremo. Isso porque, ao normatizar as responsabilidades do Presidente da República, o texto constitucional precatou a honorabilidade do Estado brasileiro contra suspeitas de desabono eventualmente existentes contra a pessoa investida no cargo, determinando sua momentânea suspensão do cargo a partir do momento em que denúncias por infrações penais comuns contra ele formuladas sejam recebidas pelo Supremo Tribunal Federal”, afirmou o ministro.

Folha Press

Opinião dos leitores

    1. Reiosse nada…
      Vai é se deitar numa rede e continuar recebendo a nossa grana…
      Ódio graaaaaaaaaaande…

    1. A Fátima Bezerra se elegeu as custas dos nossos votos, para defender bandidos e não para trabalhar pelo RN. E os 54 milhões de votos da Dilma, tão falado, não tem votos dos outros partidos aliados? se fosse só Ptralha não ganharia a eleição.

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Judiciário

Afastamento de Cunha confirma tese para anular impeachment, diz Cardozo

O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta (5) que o afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por liminar do STF (Supremo Tribunal Federal), confirma a tese do governo de que o deputado agiu com “desvio de poder” no processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Segundo Cardozo, a decisão reforça o argumento do governo de pedir a anulação o processo de afastamento de Dilma no Congresso por causa da interferência de Cunha no caso.

“Já estamos pedindo e vamos pedir (anulação). A decisão do Supremo mostra clarissimamente de forma indiscutível que Eduardo Cunha agia em desvio de poder para obstaculizar sua própria investigação. Agora ficou evidenciado por uma decisão judicial aquilo que nós temos afirmado por muito tempo”, afirmou o ministro ao chegar ao Senado, onde participa de sessão da comissão especial do impeachment.

“O que o Supremo decide hoje é a demonstração do seu (Cunha) modus operandi, o que confirma nossa tese”, ressaltou o ministro.

O ministro do STF Teori Zavascki determinou nesta quinta o afastamento de Cunha do mandato de deputado federal. Mesmo sendo afastado, Cunha permanece deputado, mas não pode exercer as atividades de parlamentar, deixando, portanto, a Presidência da Casa.

“É uma prova muito importante no sentido de que ele (Cunha) usava o cargo para finalidades estranhas ao interesse público, como aconteceu no caso do impeachment. No caso do impeachment foi exatamente isso que estamos alegando: ele usou com desvio de poder, usou o impeachment injustamente em benefício próprio, quando ameaçou a presidente da República de que ele abriria o processo se o PT não desse os votos (no Conselho de Ética)”, disse Cardozo.

Folha Press

Opinião dos leitores

  1. Se eu fosse o Cardozo Rolando Lero, começava a me preocupar com minha defesa.. Ele está citado e muito bem citado em pedido de abertura de inquérito ao STF! Em breve, vai emburacar na Papuda junto com o resto. Aliás, a sede do Instituto Molusco deveria mudar de lugar ou criar um anexo ali pertinho de Brasília, não acham? kkkkkkk

  2. Cardozo, Comece a se preocupar com a sua defesa….
    Logo logo vc vai ser chamado pela justiça para dar explicações…
    Espero q na oportunidade seja com o Dr Moro a conversinha… Rs

  3. Parece q os coxinhas ficaram órfãos, precisam de outro Cunha!!!
    Hipócritas!

  4. Cada nova tentativa de "melar" o óbvio parece-me pior que a outra. Chega a ser piada tantas estratégias vis. Uma lástima.
    Tchau Querido PT.

  5. A justiça tarda mais não falha. Uma lição para quem não acreditava mais em justiça neste país. Valeu! O SHOW JA TERMINOU, VAMOS VOLTA A REALIDADE. (Como dizia o poeta). tudo nulo!!!!!!

    1. Concordo, ele não sabe o que é ser contribuinte e pagar altíssimos impostos para não termos nada, SEGURANÇA, SAÚDE e EDUCAÇÃO. A situação da segurança em nosso estado é o que está mais gritante.

    2. Edivaneide, segurança é dever do governo do estado sabia?
      Os 30% de ICMS de imposto da gasolina que vc paga vai para o governo do estado sabia? 25% da Luz e mais uns 28% do telefone tb vai para o governo do estado sabia?

  6. Sinceramente, a despeito da eloquência de Cardozo, as teses que ele tem sustentado neste caso são surpreendentemente infantis. Não estou assistindo a defesa no Senado. Cansei. Mas na Câmara sustentou a nulidade se algum deputado falasse algo q não tivesse na denúncia e a nulidade porque os signatários da acusação (Janaina e Miguel Reale) foram chamados para prestar esclarecimentos na Comissão, o que corresponderia a um aditamento da Denúncia. Pelo seu raciocínio, no processo penal não poderia haver alegações finais. Também seria nulo porque no impeachment de Collor ninguém falou e o STF, ao decidir sobre o ritmo do impeachment de Dilma, se baseou no de Collor.
    Com todo respeito ao jurista, e sem entrar no mérito do impeachment de Dilma, mas estas são teses juridicamente infantis.

  7. Daqui a pouco Cardozo vai aproveitar e pedir a anulação do impeachment porque o marido daquela deputada q votou a favor foi preso.

    1. Elle agora vai pedir também a anulação do IMPEACHMENT de collor seu aminguinho de trapaças, PENSE NUNS MELIANTES CÍNICOS e DESCARADOS, FORA PT E SUA mafia.

    2. Arrumem a mala ai que as RURAL vai te pegar para levar para a PAPUDA bocado de CÍNICOS e MENTIROSOS, TCHAU LARÁPIOS.

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Judiciário

STF só deve decidir sobre afastamento de Cunha após 1º de fevereiro

O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), vai levar o pedido de afastamento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao plenário da Corte apenas depois do fim do recesso do Judiciário, fazendo com que uma definição sobre o caso somente seja possível em fevereiro do ano que vem.

O pedido foi feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por entender que Cunha tem usado o cargo para se beneficiar, promovendo, entre outras coisas, o achaque a empresas e a retaliação contra adversários.

O pedido já chegou ao gabinete de Teori, relator dos processos relacionados à Operação Lava-Jato, que apura principalmente irregularidades na Petrobras. Cunha é um dos investigados. O pedido de afastamento tem 190 páginas.

Em geral, os processos da Lava-Jato são julgados na Segunda Turma do STF, que tem cinco ministros. Mas por se tratar do presidente da Câmara, o pedido deve ser julgado pelo plenário, composto pelos 11 ministros do STF.

Antes do recesso, há ainda duas sessões do plenário: uma nesta quinta-feira, em que os ministros continuarão o julgamento das regras do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff; e outra na sexta-feira. Depois disso, o plenário volta a se reunir apenas em fevereiro.

O Globo

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