Comportamento

Isolamento social pode agravar castigos e palmadas, diz pesquisa

Foto: © TV Brasil

Pesquisa mostra que muitas mães, pais e responsáveis acreditam que é necessário colocar as crianças de castigo, gritar ou dar palmadas para melhor educá-las. De acordo com os dados do estudo Primeira Infância para Adultos Saudáveis (Pipas), 73% acreditam que os castigos são necessários, 49%, as palmadas, e 25%, os gritos.

A pesquisa foi feita com com 7.038 cuidadores de crianças de até 5 anos de idade em Fortaleza e em mais 15 municípios cearenses, em outubro de 2019. Os dados, coletados antes da pandemia do novo coronavírus, preocupam especialistas, que acreditam que as medidas punitivas podem se acirrar em um período de isolamento social.

“A criança está o tempo todo com os pais, com as escolas fechadas. A gente tem que levar em consideração que é uma situação de estresse para famílias, para cuidadores. Muitos deles estão vivendo situação de isolamento, tendo que lidar com questões financeiras, com a crise que estamos vivendo. Precisamos pensar que a criança pode estar exposta a um ambiente em que cuidadores estão estressados e que podem eventualmente lidar com essa situação, utilizando mais esse tipo de disciplina punitiva”, diz a diretora-assistente do Instituto de Saúde, responsável pela pesquisa, Sonia Venâncio.

No Brasil, por lei, as crianças e adolescentes têm o direito de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante.É a Lei 13.010/2014, conhecida como Lei Menino Bernardo. O nome é uma homenagem ao menino Bernardo Boldrini, morto em abril de 2014, aos 11 anos, em Três Passos (RS). O pai, a madrasta do menino, uma amiga da família e o irmão dela foram condenados pela morte. Segundo as investigações, Bernardo procurou ajuda para denunciar as ameaças que sofria.

Para Sonia, esse tipo de disciplina punitiva tem impacto negativo no desenvolvimento das crianças, tendo efeitos que podem perdurar até a fase adulta, desencadeando problemas de saúde mental e comportamentos agressivos. “Por isso que neste momento temos a preocupação de conhecer essa realidade para poder lidar com isso, trabalhar com abordagem aos pais para que não utilizem esse tipo de prática”, diz.

“Os pais têm formas diferentes de educar a criança e é claro que precisam ter práticas de disciplina, mas essas práticas recomendamos que não sejam violentas. O ideal é conversar com a criança e explicar o que é esperado do comportamento dela e quais as consequências de comportamento não adequado. Sempre priorizando o diálogo e dando bons exemplos”, orienta.

Boas práticas

Nesse período de isolamento social para conter o avanço do vírus, o recomendado é que os responsáveis passem tempo com as crianças, brincando, fazendo leituras e que consigam, de certa forma, manter a rotina delas. “É importante que a família tenha um ritmo com a criança, que consiga manter o ritmo de sono nesse período da pandemia, manter horário de refeição. Aproveitar este momento para ter interação positiva para conversar, cantar, brincar com a criança”, diz o diretor de Conhecimento, aplicado na Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Eduardo Marino.

Marino reconhece, no entanto, que a situação é desigual entre as famílias em todo o Brasil. A pesquisa Pipas mostrou que 65% das crianças de até 3 anos e 37%, de 4 e 5 anos, não têm livros infantis. Segundo o estudo, cerca de duas em cada três crianças foram engajadas em quatro ou mais atividades de estímulo nos três dias que antecederam a entrevista. Foram consideradas atividades como ler, cantar, brincar, contar histórias, levar para passear, nomear, contar e desenhar. Isso significa que quase uma em cada três crianças, 37%, não recebeu esses estímulos.

Na pandemia, isso pode ter se agravado, de acordo com o diretor. “Ninguém estava preparado para isso”, diz, acrescentando que os responsáveis “têm que trabalhar, cuidar das demandas de casa e mais das demandas educacionais. Não é pouca coisa. E é particularmente difícil para os mais pobres. A situação de confinamento é estressante quando colocamos a dimensão da desigualdade”.

Para amenizar a situação, é preciso, de acordo com Marino, por parte do Poder Público, uma atuação conjunta de assistência social, saúde, educação, para que as famílias sejam assistidas durante a pandemia. “Essa interação é muito dependente da saúde mental do adulto. O adulto precisa estar bem. Precisamos muito de cuidar do adulto para que ele cuide melhor da criança. A pandemia tem trazido muitos desafios. Os adultos estão vivenciando muitas situações, desde situações extremas, como a perda de um ente querido para a covid-19, perda de emprego, a questões mais cotidianas, como o ficar em casa sem uma atividade e talvez em moradias que não têm as condições para permanência, como de higiene, água, esgoto e segurança alimentar”.

Agência Brasil

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Comportamento

TOC pode se agravar com medo de ficar doente imposto pela pandemia

FOTO: Freepik

A pandemia de covid-19 pode agravar o quadro de pessoas com TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), segundo o psiquiatra e doutor em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), Ivan Braun. “Como há maior risco de contaminação nesse período, a pessoa que tem o ritual de lavar as mãos pode realizá-lo ainda mais frequentemente. Além disso, todo o estresse causado pela pandemia, desde o medo de ficar doente até o receio de perder o emprego, pode provocar uma piora dos rituais, sejam eles quais forem”, afirma.

O psiquiatra afirma ainda que de, modo geral, situações de estresse podem desencadear o aparecimento de diversos transtornos psiquiátricos, mas que não há, por enquanto, evidências científicas de que pessoas sem TOC venham a desenvolver o transtorno em decorrência da pandemia. “Transtornos psiquiátricos pressupõe uma vulnerabilidade biológica, de modo que pessoas que venham a desenvolver TOC, mesmo na pandemia, possivelmente tinham algum grau de predisposição.”

Há cerca de quatro anos, Clara (nome fictício), 18, começou a desenvolver alguns hábitos incomuns. “Chegava atrasada nos lugares porque fazia questão de voltar duas, três vezes para garantir que tinha trancado a porta ou desligado o fogão, sendo que muitas vezes eu nem tinha usado o utensílio naquele dia”, conta. Após a consulta com um psiquiatra, ela descobriu ser portadora do transtorno.

O médico explica que o TOC se caracteriza por pensamentos de natureza desagradável que, apesar de reconhecidos como exagerados e até absurdos pelos pacientes, os levam a realizar os chamados “rituais”, que, momentaneamente, serviriam de alívio para eles.

No TOC, hábitos como os desenvolvidos por Clara são chamados “rituais de checagem”. “A pessoa sai de casa e aí vem à cabeça: ‘será que fechei a porta?’. Se você perguntar para ela, ela até sabe que fechou, mas a dúvida persiste. Aí ela volta, verifica, sai de novo e o pensamento reaparece”, explica o psiquiatra.

De forma geral, no entanto, os rituais podem se manifestar de muitas outras maneiras. “Podem ser públicos, ou seja, visíveis para outras pessoas, como lavar as mãos, andar para trás ou fazer algum gesto específico, ou podem ser rituais encobertos, nos quais o paciente tem que rezar ou ficar repetindo alguma coisa para si mesmo, por exemplo.”

Em decorrência da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, Clara afirma que, no caso dela, os rituais de checagem saíram de cena. Mas, devido ao medo de contrair covid-19, ela conta que tem lavado as mãos excessivamente.

“Sempre lavei as mãos muitas vezes por dia, pois achava que se não fizesse isso, poderia ficar doente. Antes da pandemia, eu conseguia parar e raciocinar: ‘eu não vou ficar doente, é só um pensamento.’ Agora não tem como. Na minha cabeça, se eu não lavar as mãos, vou morrer”, afirma.

O especialista explica que não existe, necessariamente, uma relação de causa e efeito entre atravessar uma pandemia e desenvolver outros rituais. “Tanto em situações de pandemia quanto em situações ‘normais’, os rituais podem variar ao longo da vida. A pessoa pode melhorar de uma coisa e piorar de outra. Mas não é uma regra. Eu tenho pacientes que durante o período de pandemia, pelo fato de não estarem se expondo a determinadas situações, apresentaram uma melhora do quadro. Isso é muito subjetivo.”

Devido à piora do quadro, Clara afirma que se consultou com seu psiquiatra, que aumentou a dosagem do remédio. Braun ressalta que se o paciente sentir que está piorando, a recomendação é que procure um profissional para uma nova avaliação. “Se a pessoa tem uma piora de um dia é uma coisa, se ela tem uma piora de um mês é outra. Cada situação precisa ser analisada individualmente.”

Segundo o psiquiatra, em princípio, o TOC pode ser tratado exclusivamente com terapia comportamental, mas pode ser também associado a medicamentos antidepressivos e ansiolíticos. “O TOC tem dois componentes: o biológico, no qual o medicamento atua, que é como o cérebro do paciente funciona, e o de aprendizado. O ato de realizar ou não realizar os rituais é um mecanismo de aprendizado. A terapia força a pessoa a não realizar os rituais, mesmo que venham os pensamentos obsessivos, então é como se você criasse um aprendizado para o seu organismo de que esse pensamento não representa nenhum perigo, e com isso, os pensamentos vão enfraquecendo.”

No artigo “Why the OCD Community Holds the Key to Coping with covid-19 Anxiety” (em tradução livre para o português, “Por que a comunidade portadora de TOC detém a chave para lidar com a ansiedade da covid-19”), publicada em 24 de março no site da International Obsessive-Compulsive Disorder Foundation (IOCDF), a fundação afirma que, embora os pacientes com transtornos de ansiedade (sobretudo TOC) que não estejam em tratamento tendam a lidar pior com a pandemia, “há os que gerenciam o TOC com sucesso para aprender habilidades eficazes para lidar com a ansiedade e manter a saúde mental” durante esse período.

O médico concorda. “É válido estimular os pacientes a se utilizarem do aprendizado que tiveram ao longo do tratamento do TOC para lidar com as incertezas da pandemia. A incerteza é um dos focos do tratamento comportamental. O paciente é orientado a não verificar por diversas vezes se trancou a porta, e com isso, ele aprende a lidar com essa dúvida.”

Clara, no entanto, não acredita que os aprendizados adquiridos durante o tratamento estejam a ajudando a lidar melhor com a pandemia. “Não vejo dessa forma. Minha ansiedade aumentou muito.”

Ela faz terapia uma vez por semana. As sessões, que antes eram realizadas presencialmente, agora estão sendo feitas por chamada de vídeo. “No começo foi meio estranho, porque quando você está em casa, você não quer muito compromisso. Mas, no final das contas, acabei me acostumando e agora estou gostando até mais.”

R7

 

Opinião dos leitores

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Saúde

Síndrome rara pode agravar Covid-19 em crianças, diz estudo

Os efeitos da síndrome no longo prazo ainda são desconhecidos, uma vez que a condição é nova e ainda está sendo estudada. Foto/Reprodução

Na maioria dos casos da Covid-19 em crianças são encontrados quadros assintomáticos. No entanto, um fenômeno raro pode agravar a infecção em um nível preocupante. Chamada síndrome pediátrica inflamatória multissistêmica, ou doença de Kawasaki, a condição foi identificada por médicos italianos e americanos, segundo um estudo da revista The Lancet, reportado pelo site Bloomberg.

A análise foi realizada em Bergamo, o epicentro do surto italiano do novo coronavírus, que encontrou 10 casos de infectados que demonstraram sintomas muito semelhantes à doença de Kawasaki, e que foram comparados a relatos de cerca de 90 casos semelhantes vindos de Nova York e Inglaterra.

A doença de Kawasaki é uma condição rara que geralmente afeta crianças menores de 5 anos de idade. Ela causa inflamação e inchaço dos vasos sanguíneos. Os sintomas típicos incluem febre e erupção cutânea, olhos vermelhos, lábios secos ou rachados, vermelhidão nas palmas das mãos e nas solas dos pés e glândulas inchadas.

Embora as crianças ainda permaneçam como o grupo de menor risco no desenvolvimento de complicações graves após serem infectadas pela Covid-19, a pesquisa mostra que o risco não é zero. É recomendado que a síndrome seja registrada como “doença semelhante à Kawasaki”, disseram os autores, pois os sintomas nos 10 pacientes observados no estudo foram diferentes e mais graves em comparação com os 19 casos da doença de Kawasaki reais, observados nos cinco anos anteriores.

Os tratamentos envolvem o uso de imunoglobulina intravenosa, esteroides, antibióticos e uma alta dose de aspirina. Em alguns casos graves, um respirador mecânico pode ser necessário.

Veja

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Judiciário

Toffoli diz que redução da maioridade penal pode agravar níveis de criminalidade

Foto: Reprodução/Record TV

Dias Toffoli afirmou nesta terça-feira (3/3) que a redução da maioridade penal pode agravar os níveis de criminalidade, mas afirmou que o debate sobre o tema não pode ser ignorado pela sociedade.

Segundo o presidente do STF, a taxa de reentrada no sistema prisional é bastante superior à taxa de reentrada no sistema socioeducativo. “Não adianta achar que colocando uma pessoa, um  adolescente de 17, 18 anos estaremos trazendo segurança. Temos que trabalhar com dados empíricos. O Estado não pode trabalhar com achismo, ou acho que, penso em que. Temos que trabalhar com aquilo que é a realidade”, afirmou.

“A expansão do sistema prisional para a parcela do público atualmente alcançado pelo sistema socioeducativo pode agravar ainda mais os níveis de criminalidade no país, não podendo, portanto, ser ignorados no debate em curso em nossa sociedade, sobre a maioridade penal”, completou o ministro.

Para Toffoli, a melhoria do sistema prisional do país depende de uma compreensão das raízes do problema. “Não há caminho para a superação do “estado de coisas inconstitucional” do sistema prisional senão pela compreensão do caráter estrutural da crise que enfrentamos. Só seremos capazes de promover mudanças efetivas quando as soluções forem capazes de atacar as raízes dos nossos problemas”.

Opinião dos leitores

  1. Como ele vive na bolha do condomínio dele e cercado de seguranças, é natural não saber dos anseios e sofrimentos da sociedade que tem familiares e parentes assassinatos e o menor infrator saindo rindo da delegacia. Deveria passar 24 horas numa viatura da PM ou da SAMU para ver a realidade nua e crua que ele não conhece.
    Hipócrita!

  2. Deixa um desses "menor", com 16 ou 17 anos assaltar ele, com requintes de crueldade dignas de um psicopata, dar de presente um tiro (ou azeitona) … quem sabe ele volta à realidade da nação brasileira e possa mudar de opinião….

    1. Porque o Enir tem razao. O ECA beneficia o adolescente infrator.

  3. Não se trata de resolver o problema ou acabar a criminalidade. Mas, se pode votar para eleger inclusive um presidente da república (tem discernimento para isso), porque não pode ser responsabilizado criminalmente. Até hoje não vi um única autoridade ou defensor da maioridade somente aos 18 anos explicar essa contradição.

  4. incrível que ele acha que com 16 anos o ser humano não tem discernimento para saber o que é certo ou errado , mas com 16 anos tem discernimento para com o voto dar destino a uma cidade, estado e país.

  5. Sem diminuir a maioridade penal, a criminalidade tende a ser maior, porquê indivíduos "dimenores" praticam crimes sem serem punidos, inclusive esses crimes aumentam exponencialmente, e com mais crueldade. A impunidade será sempre a mola mestre da violência, isso é fácil de se constatar nos últimos anos, onde benefícios pra criminosos se sucedem e são criados, em decorrencias, os índices de violências só aumentam, logo temos que testar métodos mais rigorosos contra os criminosos, com certeza teremos um decréscimo nesses índices.

  6. BG
    Eu queria ver essa conversinha dele se tivesse um parente assassinado friamente por esses bandidos "de menor", que podem tudo inclusive VOTAR, CASAR E BATIZAR.

    1. Bandido de menor batizando? Que igreja ou mesquita é essa que o Sr. se refere?

  7. BG
    Eu queria ver essa conversinha dele se tivesse um parente assassinado friamente por esses bandidos "de menor", que podem tudo inclusive VOTAR, CASAR E BATIZAR

  8. O que esse cidadão tão inteligente quiz dizer aí em cima? Imitar Dilma Rousseff ou tampa o sol com a peneira?

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