Público no show em Braga que serviu de teste para a retomada de grandes eventos | Carlos Costa/AFP
O barulho das rodas das malas nas calçadas de pedra portuguesa denunciam: os turistas europeus começam a voltar a Portugal. Mesmo discreta, a movimentação nas grandes cidades é um sinal, ainda tímido, do início da retomada econômica da atividade, para a qual ainda não há data para liberação dos brasileiros. A pouco mais de um mês do verão, o governo do país anuncia o lançamento de um plano de recuperação a tempo de impulsionar a estação capaz de reaquecer o setor.
-O governo está a trabalhar em uma coisa mais ambiciosa, dirigida especialmente ao turismo, que corresponde a um plano onde vamos tentar identificar pontos de financiamento provenientes de várias origens. No final da semana, ou na próxima, vamos apresentar – anunciou Pedro Siza Vieira, ministro da Economia e Transição Digital, em entrevista a correspondentes em Portugal.
A data do anúncio detalhado não é aleatória: a partir do dia 17, os britânicos estarão autorizados a viajar para o exterior e voltar ao Reino Unido sem fazer quarentena. Portugal é o único destino da União Europeia (UE) até este momento a ser incluído na lista verde britânica, um marco da reativação, como celebrou a Secretaria de Turismo. Não é para menos: o Reino Unido é mercado responsável por 19% das pernoites no país e gera, em média, € 3 bilhões de receitas por temporada.
Quanto ao mercado brasileiro, somente a mudança na política de recepção aos turistas de países com elevada incidência de casos de Covid-19 poderia liberar voos de turismo em breve. O Turismo de Portugal já havia defendido a proposta de abertura com base no “risco de contágio por pessoa” e não no risco país. Assim, pessoas vacinadas ou imunes poderiam viajar. Esta é uma das bases da proposta de um certificado verde digital enviada à UE pela presidência portuguesa do Conselho Europeu. Esta semana começam os testes do “passaporte da vacina” dentro dos 27 países da UE.
Uma parte do investimento na retomada do turismo virá do resgate previsto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) aprovado pela UE. O montante a que Portugal tem direito ultrapassa os € 16 bilhões. Mas, como Siza esclareceu, não será a única fonte do projeto de retomada.
-Há vários instrumentos financeiros para a economia nos próximos tempos. É costume prestar atenção em uma parte, que está no PRR. Mas, como se sabe, o Turismo de Portugal tem recursos que decorrem das receitas das contrapartidas do jogo, que reinveste no setor turístico todos os anos. Temos, ainda, os fundos europeus estruturais de investimento Portugal 2020. Contamos apresentar um plano plurianual que buscará recursos a todos estes instrumentos e não só à bazuca (apelido do PRR) – disse o ministro.
Com a pandemia controlada, atraente aos ingleses e com as fronteiras terrestres abertas aos vizinhos espanhóis, o país irá direcionar o plano para a recuperação, capacitação e promoção das empresas do setor, massacradas pela crise. A quebra foi de 80% apenas no primeiro semestre deste ano.
-Estas empresas terão uma retomada mais lenta. E uma parte muito substancial destes apoios serão dirigidos para reestruturação das suas dívidas e reforço dos seus capitais próprios. Mas também faremos apoio à promoção externa, qualificação da oferta e investimento nos destinos turísticos que queremos diversificar – explicou Vieira.
Ao mesmo tempo em que fará promoção no mercado internacional, Portugal lançará uma campanha de incentivo ao consumo interno, com objetivo de ocupação de todo o território com atividades ligadas ao vinho e ao turismo rural. Campanha similar em 2020 teve € 50 milhões de orçamento.
O governo estuda a possibilidade de atrelar à campanha de promoção o projeto Ivaucher, que reembolsa o turista com o valor do imposto gasto na atividade para utilização em novas viagens nacionais.
Blog Portugal Giro – O Globo
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