Polícia

CPI ouve mulher de Cachoeira e outras pessoas ligadas ao contraventor

A CPI do Cachoeira ouvirá nesta semana quatro pessoas supostamente ligadas à organização criminosa investigada pela comissão. Entre elas, está Andressa Mendonça, mulher de Carlinhos Cachoeira. Ela foi a única dos quatro depoentes que ainda não impetrou habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir o direito ao silêncio na CPI.

O depoimento de Andressa está marcado para a terça-feira (7), às 10h15. O argumento para a convocação é de que ela “circulava entre figuras importantes, como políticos, empresários e jornalistas”, e teria conhecimento da rede de influência de Carlinhos Cachoeira.

Além disso, Andressa deve ser questionada sobre a acusação de tentativa de chantagem ao juiz federal Alderico Rocha Santos, da 11ª Vara Federal em Goiânia. Segundo o magistrado, ela teria tentado chantageá-lo com ameaça de divulgar um dossiê com informações e fotos dele com políticos e empresários.

Também na terça, deve ser ouvido o policial federal aposentado Joaquim Gomes Thomé Neto, apontado como um dos “arapongas” do grupo de Cachoeira. Ele havia sido convocado no início de julho, mas apresentou atestado médico. Thomé já tem decisão favorável ao pedido de habeas corpus impetrado no STF.

Outros dois depoentes que podem ficar calados porque já obtiveram decisões favoráveis do Supremo são a ex-mulher de Cachoeira, Andréa Aprígio, e o contador Rubmaier Ferreira de Carvalho, apontado como responsável pela abertura de empresas que seriam usadas como fachada por Cachoeira para lavar dinheiro. O depoimento deles está marcado para a quarta-feira (8).

Fonte: Agência Senado

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Política

Suplente de Demóstenes Torres assume que levou "chifre" de Carlinhos Cachoeira

Filho de peão e criado na roça na pequena Anicuns, no interior de Goiás, o hoje megaempresário do setor de construção civil e secretário de Infraestrutura de Marconi Perillo, Wilder Pedro de Morais — provável futuro senador na vaga de Demóstenes Torres (sem partido-GO) — tem surpreendido os amigos e assessores pelo bom humor como tem tratado a fama que já ganhou antes mesmo de aparecer em Brasília: a de “marido traído do escândalo Cachoeira”. Ex-marido e pai dos dois filhos da bonitona Andressa Mendonça — atual mulher do bicheiro e que ganhou título de “musa da CPI” — ele já se acostumou com sua nova denominação na mídia.

Ao invés de ser citado pelos negócios milionários na iniciativa privada no Brasil e exterior, agora qualquer notícia sobre ele começa com “Empresário Wilder Morais, cuja ex-mulher o trocou por Carlos Cachoeira”. O que não parece lhe incomodar.

Wilder é um típico goiano, daqueles que brincam com a própria desgraça. A sina de marido traído, que para muitos seria um tragédia, para ele é motivo de piadas. Caiu na política de paraquedas, indicado suplente de Demóstenes por ser um dos homens mais ricos de Goiás. Sócio majoritário de dezenas de empresas que giram em torno da Orca Construtora, tem patrimônio declarado no Tribunal Superior Eleitoral de R$ 14,4 milhões, sendo R$ 2,2 milhões em espécie.

— O pai do Wilder era um roceiro muito simples, mas ele se formou em engenharia civil e virou um executivo da iniciativa privada, sem contratos públicos. Virou o solteiro mais cobiçado de Goiás. Tinha helicóptero, Mercedes top de linha. Mas um dia ele sumiu e eu fui visitá-lo em sua casa. Quando cheguei lá a ariranha da Andressa estava na escada e me fulminou com os olhos. Nunca mais voltei — conta um empresário amigo de adolescência de Wilder, que prefere, claro, o anonimato.

Mas, mesmo brincalhão em relação à “sociedade” com Cachoeira, Wilder se preocupa com a imagem e já contratou uma experiente empresa de comunicação em Brasília. Esses assessores o orientam a não dar declarações, muito menos como futuro senador, para não parecer que está torcendo pela cassação de Demóstenes. Como suplente de Demóstenes, foi um bondoso doador da campanha de 2010. Ele teria arcado com R$ 700 mil dos gastos.

— Se Demóstenes for cassado, o DEM recupera sua vaga no Senado. Mas o partido acompanha com muita parcimônia (o processo contra Demóstenes) para deixar o processo transcorrer normalmente, sem interferências — diz o líder e presidente do DEM, senador Agripino Maia (RN).

Há algumas semanas, temendo uma reação ruim, os assessores se armaram de coragem para comunicar a Wilder Moraes que o jornalista Jorge Bastos Moreno, na coluna ‘Nhem Nhem Nhem’, do Jornal O GLOBO, havia publicado uma nota falando sobre sua situação de marido abandonado: “Wilder nunca poderá alegar que não recebeu nada do bicheiro. Está na testa”, dizia a nota. Depois que o assessor leu a nota, o secretário reagiu com gargalhadas.

Depois desse episódio, o próprio Wilder começou a fazer piada com a situação. Quando perguntado por um assessor se tinha ou não algum negócio em sociedade com Cachoeira, porque isso apareceria na CPI, ele respondeu:

— Como assim? É lógico que somos sócios. Sou sócio involuntário do Cachoeira na mulher!

Em uma das gravações da Operação Monte Carlo o deputado Carlos Leréia (PSDB-GO) também faz chacota e diz para Cachoeira que estava em reunião com “seu novo sócio”.

— Tô aqui falando com aquele sócio novo que você arrumou. Foi ali no banheiro. Tô aqui na sala dele, dr. Wilder.

Antes da separação, os dois casais — ele e Andressa, e Cachoeira e a ex, Andréia — saíam juntos para jantares e baladas. Aos amigos Wilder conta que seu casamento começou a ficar ruim em 2010, e que em fevereiro ele saiu de casa. Em seguida, Andressa foi morar com o bicheiro. Pouco depois, em abril, Cachoeira, como quem não quer nada, foi na casa de Wilder para sondar se o casamento estava mesmo no fim e travaram um diálogo áspero.

— Eu quero saber se essa separação é para valer mesmo, sou amigo do casal e estou preocupado — sondou o contraventor.

A resposta veio de pronto:

— Ô Cachoeira, você larga de ser cínico que eu sei que a Andressa já está morando em sua casa!.

— Mas ela está lá só como amiga — ainda tentou convencer Cachoeira.

— Olha aqui, casamento tem dois momentos: o ruim e o bom. O ruim é quando a mulher dá problema. E o bom é quando a gente passa o problema e a mulher para frente — encerrou Wilder, dando o caso como encerrado.

Depois da divulgação das operações da Polícia Federal e dos detalhes da vida pessoal dos personagens do escâdalo, o senador Demóstenes Torres também se viu obrigado a se justificar como suplente. Foi lhe pedir desculpas e admitir que, pego de surpresa com a operação da PF, teve de mentir lá no início quando disse que as suas conversas gravadas com Cachoeira — que agora se sabe, foram mais de 400 — teriam sido para tentar resolver o problema conjugal do amigo.

Fonte: O Globo

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