Saúde

Aval da ciência amplia musicoterapia no tratamento do Alzheimer, autismo e até hipertensão

Foto: Pixabay

Uma complicação na hora do parto levou o recém-nascido Andrei a um quadro de paralisia parcial no cérebro e a uma internação de 41 dias. Cinco anos mais tarde, veio o diagnóstico de transtorno do espectro autista. Uma terapia intensa com musicoterapia, no entanto, o fez vencer obstáculos praticamente intransponíveis em outras condições. Andrei se desenvolveu e conquistou autonomia.

A mãe, Hélida Gmeiner, considera a musicoterapia um divisor de águas no desenvolvimento da criança, que participa de sessões da técnica desde bebê. Segundo ela, o filho é um jovem comunicativo, carismático e que tem paixão pela música. Fã de Raul Seixas, Andrei também aprendeu a se expressar por meio de paródias musicais e de batuques pelo corpo.

— Ele se expandiu, ampliou o interesse pela música e a comunicação conosco. É uma experiência maravilhosa — relata — A musicoterapia foi o que permitiu que as portas do desenvolvimento dele enquanto pessoa fossem abertas.

O caso é um exemplo do potencial da música com objetivo terapêutico. Há tempos essa relação com o bem-estar e a saúde é corroborada pela ciência, remontando, inclusive, aos tempos da Segunda Guerra Mundial, quando músicos amadores e profissionais eram contratados por hospitais para tocarem para veteranos com sequelas físicas e emocionais causadas pelos conflitos. Mas nunca foi tão difundida como agora.

Aceita pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde 2017, por meio das Práticas Integrativas e Complementares (PICs), esse tipo de terapia não faz parte dos procedimentos permitidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar, órgão federal responsável pelo setor de planos de saúde no Brasil. O trabalho de inclusão do procedimento tem sido elaborado pela União Brasileira das Associações de Musicoterapia (Ubam).

— Começamos o pedido de inclusão com os pacientes com transtorno do espectro autista, já que há mais leis que garantem o atendimento da terapia para eles — explica a presidente da Ubam, Marly Chagas, professora adjunta da graduação em musicoterapia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Ao ouvirmos uma canção, diversas áreas do cérebro são instigadas — poucas atividades intelectuais têm um efeito tão amplo. Regiões responsáveis por atividade motora, memória, linguagem e sentimentos, por exemplo, são recrutadas para interpretar os estímulos sonoros . Por meio de outros sons, o profissional lida com habilidades, como os movimentos corporais, a memória e o raciocínio.

O efeito mais contundente é estimular complexos processos cognitivos, comportamentais e motores no cérebro. A música é aliada no tratamento das mais diversas condições, como Alzheimer, Parkinson, sequelas de AVC e o próprio autismo.

— Nos últimos anos, houve um extremo avanço de pesquisas nas áreas de comportamento humano e neurociência relevantes para o funcionamento cerebral — diz o médico Marco Orsini, professsor da Universidade de Vassouras e especialista em mapeamento do cérebro.

Estudos revelaram ainda que o poder terapêutico dos sons, músicas e ruídos não se limita ao cérebro e condições clínicas. A prática pode facilitar desde a inserção social de pessoas marginalizadas, como também o fortalecimento de laços familiares, a criatividade e a expressão corporal de crianças em fase de aprendizado, além de atuar no acolhimento e recuperação de pessoas fragilizadas emocionalmente.

—Existem outras capacidades da música a serem observadas, incluindo o estabelecimento de relacionamentos sociais, como o ato de se aproximar, de se tornar pertencente — aponta Marly.

O ato de ouvir música para relaxar ou ter um boa noite de sono é comum para muitas pessoas. Novos trabalhos mostram que determinadas composições podem, inclusive, ser capazes de reduzir a pressão arterial e a frequência cardíaca.

Mozart contra epilepsia

A música mais perfeita para surtir efeitos benéficos é aquele que dá prazer. Mas uma pesquisa publicada na Scientific Reports relacionou uma composição específica de Mozart ao tratamento de pessoas epilépticas. Trata-se da sonata para dois pianos em ré maior K448.

Segundo o estudo, a música demonstrou ter um efeito tranquilizante nos 16 pacientes hospitalizados e observados. A expectativa e o fator de surpresa, acreditam os pesquisadores, podem ser fundamentais na criação de respostas emocionais positivas, causando alterações significativas em partes do cérebro associadas à emoção.

Um outro estudo, da organização britânica Mindlab, mostrou que a música “Weighless”, do grupo Marconi Union, é capaz de reduzir em até 65% as reações fisiológicas de estresse. A composição foi criada a partir da colaboração entre os músicos e terapeutas.

Os pesquisadores foram além e montaram uma playlist adaptada para o controle de episódios de ansiedade. As músicas foram eleitas a partir de uma análise das atividades cerebrais. Segundo a pesquisa, as dez músicas mais calmantes do mundo incluem Adele e Coldplay.

O Globo

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diversos

Câmara aprova Lei em Natal que garante prioridade no atendimento de pessoas com autismo

Foto: Elpídio Júnior

Com o objetivo de garantir um melhor atendimento a pessoas com Transtorno do Espectro Autista – TEA, de nível 3 (severo), e seu acompanhante, a Câmara Municipal de Natal aprovou, em segunda discussão, um projeto de lei de autoria do presidente da Casa, vereador Paulinho Freire (PDT), que estabelece prioridade especial no atendimento em estabelecimentos públicos e privados.

De acordo com a lei, os estabelecimentos deverão afixar, em local visível, cartaz contendo os seguintes dizeres: “Durante o atendimento, as pessoas com Transtorno do Espectro Autista – TEA, de nível 3 (severo), e seu acompanhante, terão preferência especial sobre os demais atendimentos prioritários. “Nós estamos aqui aprimorando uma lei já existente, dando a preferência da preferência, igual aos idosos de 80 anos, para que essas pessoas que tenham o nível 3, possam ter acesso como pessoas que tenham esta preferência da preferência”, ressaltou Paulinho Freire.

Ainda foi aprovado em segunda discussão, um projeto de lei do vereador Raniere Barbosa (Avante), que institui a “Campanha Permanente de Informação, Prevenção e Combate  à Depressão”, no Município de Natal. “Ampliar essa informação, incentivar a busca pelo diagnóstico e tratamento desses pacientes, combater preconceitos, esse é o intuito da lei. Sabemos que o distanciamento social, o isolamento social, contribuíram para o aumento nos casos, então esse projeto é preventivo, para trazer o despertar para a sociedade”, explicou Raniere.

Também foram apreciados dois vetos do Poder Executivo. Um deles parcial, que tratava da concessão de isenção do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) às concessionárias e permissionários de transporte público coletivo municipal, que foi derrubado.

“Poder derrubar garante que a gente naquele momento, ao autorizar a redução do ISS, estava fazendo isso condicionado ao retorno dos 100% da frota na rua. Derrubar esse veto nos dar a esperança de que os ônibus vão voltar a circular nas ruas da cidade”, destacou a vereadora Divaneide Basílio (PT). Já o veto parcial à Emenda nº 098, de propositura do vereador Raniere Barbosa, referente ao Projeto de Lei nº 333/2020 que trata da Lei Orçamentária Anual 2021, foi mantido.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Saúde

Vacinação de pessoas com autismo e síndrome de down contra Covid-19 foi iniciada nesta terça em Natal

Foto: Kleber Teixeira/Inter TV Cabugi

A capital potiguar começou nesta terça-feira (30) a vacinação de autistas e pessoas de síndrome de down a partir dos 18 anos de idade, segundo confirmou a Secretaria Municipal de Saúde. O detalhe importante é que a imunização acontece exclusivamente na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) na Rua Barão de Serra Branca, em Candelária, na Zona Sul da capital, das 8h às 16h.

Para ser atendido, é preciso levar comprovante de endereço e documento – como um laudo médico – que ateste que a pessoa tem autismo ou síndrome de down. Um outro detalha do local é que a vacinação é exclusiva para residentes em Natal.

Com acréscimo do G1-RN

Opinião dos leitores

  1. Há deficientes físicos e mentais com comorbidades tão ou mais importantes que não estão sendo contemplados. Porque somente autismo e síndrome de down??

  2. Depois de tantos erros e descaso no enfrentamento a pandemia, em nome das divergências políticas, uma decisão certa. Todos as pessoas que são portadoras de doenças graves, devidamente comprovado, deveriam receber imediatamente a vacina. Ter equipes passando nos hospitais e vacinando os pacientes graves com outras doenças.
    Vamos deixar de hipocrisia e ideologia irresponsável política, não existe qualquer comprovação científica que a vacina fará bem ou mal aos pacientes., então na dúvida, vacina.

  3. E as outras doenças psiquiátricas meu filho tem ESQUIZOFRENIA e precisa ser vacinado também!! VACINAPARATODOS! Todos tem riscos com essa doença! Porque só esses dois transtornos o que o MP e SMS me diz ? Meu filho toma 2 remédios e tem obesidade devido esses medicamentos!

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diversos

VÍDEOS: Projeto de lei pede prioridade de vacinação da covid para pessoas com autismo e síndrome de down no RN; veja apelo de portadores

A deputada estadual Cristiane Dantas(SDD) apresentou um projeto de lei que dispõe sobre a prioridade das pessoas com deficiência na vacinação contra o vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19, com foco prioritário as pessoas do espectro autistas e pessoas que nasceram com síndrome de down, no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte e dá outras providências.

O projeto diz:

“Art. 1° – Fica estabelecida a prioridade das pessoas com deficiência na vacinação contra o vírus SARS-CoV-2, causador da Covid-19, com foco prioritário as pessoas do espectro autistas e pessoas que nasceram com síndrome de down, no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte. Parágrafo Único: Para os fins previstos nesta Lei, considera-se pessoa com deficiência aquela definida no artigo 2º, da Lei 13.146/2015 (Estatuto da Pessoa com Deficiência).

Art. 2º – Caberá ao Poder Executivo Estadual e a Secretária Estadual de Saúde proceder a inclusão no rol de prioritários do programa de vacinação as pessoas com deficiência, e estabelecer as diretrizes e planejamento de distribuição dos imunizantes

Art. 3º – Esta Lei entrará em vigor na data de publicação, revogadas as disposições em contrário.

J U S T I F I C A T I V A

Este projeto visa ao reconhecimento da prioridade das pessoas portadoras de deficiências, definidas no artigo 2º, da Lei 13.146/2015, que considera pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

É sabido as grandes complicações causadas pela pandemia do Covid-19, e o efeito devastador em famílias da nossa sociedade, em especial nas pessoas com necessidades especiais e consideradas vulneráveis, tais como idosos, portadores de doenças crônicas, etc.

É portanto dever do Estado assegurar prioridade as pessoas mais vulneráveis, além daqueles que estão em contato direto com o vírus SARS-COV-2, incluindo-se assim aquelas pessoas portadoras de deficiência.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência já prevê a prioridade dessas pessoas em vários aspectos, exatamente em razão das limitações que são impostas, cabendo assim ao Poder Público proteger esse grupo vulnerável da nossa sociedade”.

 

Opinião dos leitores

  1. Parabéns Deputada Cristiane Dantas, GRATIDÃO por essa atitude com esses nossos irmãos que já são tão indefesos.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diversos

Auxílio no tratamento do autismo: Startup da UFRN desenvolve novas funcionalidades para diagnóstico e processo terapêutico

O tratamento de crianças diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é essencial para o desenvolvimento da comunicação, processo de aprendizagem e interação social. Pensando nisso, a startup WayAba – empresa vinculada à Inova Metrópole, incubadora do Instituto Metrópole Digital (IMD/UFRN) – desenvolveu uma série de novas funcionalidades para sua plataforma de auxílio ao diagnóstico e tratamento do autismo.

Implantadas no último mês, as funções já estão disponíveis para os usuários, que podem acessá-las tanto na plataforma web como no aplicativo mobile. Ambos funcionam de forma integrada, priorizando a metodologia da Análise de Comportamento Aplicada – tradução em português para a sigla ABA: Applied Behavior Analysis. Essas melhorias permitem, por exemplo, o compartilhamento de documentos entre analistas e os responsáveis pelo paciente, envio de mensagens entre usuários, agenda de compromissos, checklist de materiais pedagógicos e protocolos de avaliação.

A função central da WayAba é servir como um suporte para digitalização e tratamento das informações que são geradas pelo paciente durante a terapia, permitindo que o terapeuta possa arquivar tais dados ainda durante a sessão, poupando tempo e também agregando recursos que proporcionam a geração de relatórios e gráficos, que ajudam no diagnóstico e auxiliam o processo terapêutico.

Plataforma compara e analisa crianças com perfis parecidos e indica ao terapeuta o melhor tratamento para determinado paciente. Foto: Ana Karla Santiago

O CEO da startup, Assis Barbosa, destaca que outra função específica é a capacidade da própria plataforma de analisar e comparar crianças com perfis parecidos e, a partir da identificação de um padrão, indicar ao terapeuta qual seria o melhor tratamento para determinado paciente. Ele explica que essa sugestão dada pela plataforma é baseada nos próprios dados armazenados ao longo de seu uso pelo terapeuta.

Diferente de outras soluções que existem no mercado, a WayABA é elaborada exclusivamente para aqueles profissionais que utilizam o método ABA em suas rotinas.

“O que existe hoje no mercado são aplicações para digitalização de informações e isso o nosso protótipo da WayABA já atende, mas vamos além, com a inteligência de dados, que é o nosso grande diferencial. A geração de relatórios que descrevem os dados coletados, por exemplo, permitem que o terapeuta possa tomar uma decisão a partir dessas informações organizadas”, reforça Assis Barbosa.

A WayABA é elaborada exclusivamente para aqueles profissionais que utilizam o método ABA em suas rotinas. Foto: Ana Karla Santiago

Melhorias

Ao comentar sobre as recentes melhorias da WayAba, o CEO afirma que se trata de um importante amadurecimento da tecnologia. “À medida que novas pessoas entram na plataforma, mais demandas surgem, o que agrega cada vez mais valor à nossa solução. Enquanto isso, nossos usuários terão à sua disposição um leque de recursos cada vez maior”, avalia.

Pai de uma criança com autismo, Assis Barbosa destaca que a startup irá continuar desenvolvendo novas funcionalidades levando em conta as necessidades dos usuários. Ele explica que a Análise de Comportamento Aplicada se trata de uma metodologia complexa e que as funções atuais oferecidas pela plataforma asseguram um forte apoio ao usuário.

“A ABA é uma ciência muito eficiente, por isso mesmo exige muito de seus profissionais. A nossa plataforma garante aos usuários um trabalho otimizado, eliminando retrabalhos e gerando gráficos e análises estatísticas automaticamente”, destaca o CEO.

A equipe da startup continuou desenvolvendo suas atividades durante a pandemia. Foto: divulgação

Crescimento e pandemia

Mesmo diante do atual período de pandemia e isolamento social, os trabalhos da WayAba não pararam e, além do desenvolvimento das novas funções, a startup também conseguiu, em seu processo de vendas, firmar contrato com mais oito novos clientes, distribuídos em diferentes estados do país: São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Mato Grosso.

Além disso, na última semana de setembro, a startup também acrescentou à sua carta de clientes, a Clínica Núcleo Desenvolve – primeira clínica situada em Natal a contratar os serviços da startup.

Em paralelo à expansão em sua área de atuação, a empresa também encontra-se em processo de transição do programa de Pré-incubação, iniciado em abril de 2019, ao de Incubação na Inova Metrópole.

“A pré-incubação foi um período de muito trabalho e muitas conquistas. Sempre recebemos suporte e fomos auxiliados nas estratégias para o nosso projeto, com treinamentos, indicações e consultorias. Nessa fase de pré-incubação, fomos contemplados em um edital de subvenção econômica do Banco do Nordeste e iniciamos nosso processo de vendas”, analisa o CEO.

Com UFRN

 

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diversos

Grupo emite nota de repúdio contra humoristas após citação sobre banda com autistas

 

Ver essa foto no Instagram

 

E SE FOSSE SEU FILHO?? #Repost @danielamendoncaoficial with @make_repost ・・・ #Repost @juntos_grupo (@get_repost) ・・・ ❌NOTA DE REPÚDIO . . O JUNTOS GRUPO vem a público REPUDIAR os comediantes Abner Henrique e Dihh Lopes ( @odihhlopes ) Nós, enquanto grupo de pais, mães e amigos das pessoas com deficiência, estamos estarrecidos com os vídeos da dupla, que vem sendo compartilhados nas redes sociais. Os dois comediantes citados acima zombam de pessoas com deficiência, de forma capacitista, discriminatória e humilhante. Tão desprezível quanto a dupla de comediantes é a plateia, que ainda acha graça. É lamentável que em pleno séc XXI ainda tenhamos que enfrentar tamanho desrespeito e falta de empatia. :: :: Contamos com o apoio dos nossos parceiros, colaboradores e seguidores para denunciar essa dupla e o desserviço que eles prestam às pessoas com deficiência e nossa luta contra o capacitismo. #juntosgrupo #esefosseseufilho @pepozylber @correndopeloautismo @papointerior @_especialidades

Uma publicação compartilhada por Papo Interior (@papointerior) em

O JUNTOS GRUPO, através da rede social Instagram, repudia os comediantes Abner Henrique e Dihh Lopes, com os vídeos que vem sendo compartilhados nas redes sociais que fazem piadas de pessoas com deficiência, “de forma capacitista, discriminatória e humilhante”. Em trechos que circulam na Web, banda com autistas é citada. “Nós, enquanto grupo de pais, mães e amigos das pessoas com deficiência, estamos estarrecidos com os vídeos da dupla”, diz nota.

Veja íntegra:

O JUNTOS GRUPO vem a público REPUDIAR os comediantes Abner Henrique e Dihh Lopes ( @odihhlopes ) Nós, enquanto grupo de pais, mães e amigos das pessoas com deficiência, estamos estarrecidos com os vídeos da dupla, que vem sendo compartilhados nas redes sociais. Os dois comediantes citados acima zombam de pessoas com deficiência, de forma capacitista, discriminatória e humilhante. Tão desprezível quanto a dupla de comediantes é a plateia, que ainda acha graça. É lamentável que em pleno séc XXI ainda tenhamos que enfrentar tamanho desrespeito e falta de empatia. :: :: Contamos com o apoio dos nossos parceiros, colaboradores e seguidores para denunciar essa dupla e o desserviço que eles prestam às pessoas com deficiência e nossa luta contra o capacitismo.

 

Ver essa foto no Instagram

 

O JUNTOS GRUPO, através da rede social Instagram, repudia os comediantes Abner Henrique e Dihh Lopes, com os vídeos que vem sendo compartilhados nas redes sociais que fazem piadas de pessoas com deficiência, “de forma capacitista, discriminatória e humilhante”. Em trechos que circulam na Web, banda com autistas é citada. “Nós, enquanto grupo de pais, mães e amigos das pessoas com deficiência, estamos estarrecidos com os vídeos da dupla”, diz nota. Veja íntegra: O JUNTOS GRUPO vem a público REPUDIAR os comediantes Abner Henrique e Dihh Lopes ( @odihhlopes ) Nós, enquanto grupo de pais, mães e amigos das pessoas com deficiência, estamos estarrecidos com os vídeos da dupla, que vem sendo compartilhados nas redes sociais. Os dois comediantes citados acima zombam de pessoas com deficiência, de forma capacitista, discriminatória e humilhante. Tão desprezível quanto a dupla de comediantes é a plateia, que ainda acha graça. É lamentável que em pleno séc XXI ainda tenhamos que enfrentar tamanho desrespeito e falta de empatia. :: :: Contamos com o apoio dos nossos parceiros, colaboradores e seguidores para denunciar essa dupla e o desserviço que eles prestam às pessoas com deficiência e nossa luta contra o capacitismo. [Arrasta para o lado e veja vídeo.]

Uma publicação compartilhada por Blog do BG (@blogdobg) em

Opinião dos leitores

  1. Lamentavel a postura desses aí (Porque não da p chamar de ser humano) p ser humorista precisa ter inteligência, coisa que falta p ESSES , vê se os verdadeiros humoristas fazem piadas c pessoas portadora de transtorno ou em tratamento de uma doença seria, todos lutando por dias melhores e vem ESSES M…. defecarem. Pela boca, volta p o útero de quem botou vcs p fora e se tornem gente ou tenta saber da luta diária de uma pessoa c deficiência, ou c um problema de saúde sério, revertem o caso , porque não haverá um dia se quer que vcs tentaram fazer suas piadas lixo que não vao lembrar da tristeza e decepção que causaram.

  2. Triste, muito triste meu Deus, sinto nojo as vezes de pertencer a essa tal raça dita humana.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diversos

Dia Mundial de Conscientização do Autismo: em tempos de pandemia, papel da família e tecnologia são essenciais

Todos os anos, a comunidade envolvida com a causa celebra, em 2 de abril, o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Com a pandemia da COVID-19 e a mudança radical nas rotinas das famílias, a data não terá atividades presenciais, mas uma forte campanha nas redes sociais: “Respeito para todo o espectro”, com o uso da hashtag #RESPECTRO.

O momento atual exige das pessoas não só reinventar o dia a dia e adaptar procedimentos, mas repensar valores, afinal o distanciamento social e o confinamento trazem à tona reflexões individuais e sociais importantes. Para o Núcleo Desenvolve, que atua no desenvolvimento de crianças autistas em Natal, a pandemia tem demonstrado ainda mais a importância das famílias neste processo. Além disso, a tecnologia tem sido uma aliada essencial.

“Durante este período de quarentena, estamos fornecendo atendimento online para as famílias, através de treinamento parental”, explica Luanna Martins, diretora do Núcleo Desenvolve. “Nossos profissionais estão orientando a estimulação das crianças a ser realizada pelos cuidadores”, completa. Para isso, faz uso de um aplicativo próprio, somado a ferramentas de chamadas de vídeo.

Desafios para o autismo

Luanna acredita que, apesar dos avanços e do amplo acesso às informações, ainda há muito preconceito em torno do autismo. “Apesar do tema aparecer mais frequentemente, a sociedade ainda não sabe como lidar com as pessoas autistas, e as famílias batalham muito por isso, principalmente com relação à inserção social”, afirma.

O trabalho em ambiente natural, desenvolvido pelo Núcleo, objetiva a independência e a qualidade de vida das pessoas com autismo. “Os programas de ensino e os treinos incidentais são desenvolvidos de acordo com a necessidade de cada um”, conta. “Além disso, incentivamos a inserção social com atividades em grupo e trabalho em escolas, parques etc”.

O dia 2 de abril busca reafirmar para a sociedade que o autismo está muito presente no dia a dia. “Estar dentro do espectro não é uma sentença, os autistas precisam de respeito, precisam ser enxergadas como indivíduos que compõem a sociedade, com direitos e deveres, assim como as outras pessoas”, defende Luanna.

Opinião dos leitores

  1. Parabéns aos envolvidos no trabalho que desenvolvem junto aos seus assistidos. Carinho grande por toda esses profissionais.

  2. Oi, sou o pai de Davi.
    Nosso vivinho é superinteligente e amoroso. Ele é um filho realmente especial.
    Ele nos ensina a cada dia a sermos pessoas melhores.
    As terapias são superimportantes e necessárias para o desenvolvimento do autista.
    Esses dias não têm sido fáceis. Ele mesmo já se expressou: "eu não estou entendo nada", de uma forma bem peculiar (rsrsrs). Estamos nos reinventando para manter a rotina dele e as suas atividades. A tecnologia neste momento está sendo crucial para ele e para nós.

  3. Muito se fala de autismo pelos governos, prefeituras, políticos etc.

    Mas pouco se investe na qualidade do atendimento para diagnóstico e terapias para autistas Cadê as terapias alternativas inclusivas, onde encontrar?

    E as escolas públicas e privadas não estão preparadas para receber e cuidar dessas crianças.

    Eu por exemplo aguardo há 3 anos por um diagnóstico para meu filho. As filas e burocracias são intermináveis.

    Cadê os autistas incluídos na sociedade?

    O mesmo ocorre com esquizofrênico. Falta diagnóstico, tratamento, terapias e inclusão social.

    Falam muito e fazem pouco.

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Saúde

Estudo identifica 102 genes associados ao autismo em maior pesquisa do gênero

Foto: Pixabay

Em um novo estudo — considerado por especialistas o maior sobre sequenciamento genético do transtorno do espectro do autismo (TEA) — foram identificados 102 genes associados ao risco de desenvolver a condição. Com base nesta descoberta, cientistas acreditam que novos remédios para tratar o autismo serão desenvolvidos. Os resultados do trabalho foram publicados na prestigiosa revista “Cell”.

— Quanto mais entendemos as causas, mais entenderemos a biologia do autismo. Cada gene nos dá novos insights sobre essa biologia. Como os medicamentos funcionam em vias biológicas específicas, futuros tratamentos para o autismo se basearão nessa descoberta genética — explica Joseph D. Buxbaum, diretor do Centro de Pesquisa e Tratamento para Autismo Seaver, do sistema de saúde Monte Sinai, em Nova York.

Para este estudo, uma equipe de pesquisadores de mais de 50 instituições de diversas partes do mundo coletou e analisou mais de 35 mil amostras genéticas, incluindo quase 12 mil de pessoas diagnosticadas com TEA. Este foi o maior corte de sequenciamento de autismo realizado até hoje. Eles identificaram 102 mutações genéticas que afetam o desenvolvimento ou a função cerebral, e em que ambos os tipos de interrupções podem resultar no autismo. A dimensão da amostra deste estudo permitiu à equipe de pesquisa aumentar o número de genes associados ao TEA de 65 — identificados em 2015 — para 102 atualmente.

— Este é um estudo de referência, tanto pelo tamanho quanto pelo grande esforço internacional de colaboração. Com esses genes identificados, podemos começar a entender as mudanças cerebrais subjacentes ao TEA e a considerar novas abordagens de tratamento — disse Buxbaum, que também é professor de psiquiatria, neurociência e genética e ciências genômicas na Escola de Medicina Icahn do Monte Sinai.

Os pesquisadores também descobriram que as duas principais classes de células nervosas — os neurônios excitatórios (que possibilitam que um sinal elétrico seja transmitido pela célula) e os neurônios inibitórios (que impedem o sinal de seguir em frente) — podem ser afetadas no autismo.

— Através de nossas análises genéticas, descobrimos que não é apenas uma classe principal de células que são afetadas no autismo, mas sim que muitas interrupções no desenvolvimento do cérebro e na função neuronal podem levar ao transtorno. É extremamente importante que famílias de crianças com e sem o transtorno participem em estudos genéticos, porque as descobertas genéticas são o principal meio de entender os fundamentos do autismo em nível molecular, celular e sistêmico — disse Buxbaum.

O acadêmico frisa ainda que agora há ferramentas poderosas e específicas que ajudarão os cientistas a entender esses fundamentos, e que novos medicamentos serão desenvolvidos no futuro baseados em uma nova compreensão das bases moleculares do autismo.

O Globo

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diversos

Diário Oficial publica lei que inclui autismo nos censos do IBGE

O Diário Oficial da União publica em sua edição desta sexta-feira (19) a Lei nº 13.861/2019, sancionada nessa quinta-feira (18) pelo presidente da República, Jair Bolsonaro. Ela trata da inclusão de informações específicas sobre pessoas com autismo, nos censos demográficos realizados a partir deste ano pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Atendendo à necessidade da comunidade autista no Brasil e reconhecendo a importância do tema, sancionamos hoje a Lei 13.861/2019 que inclui dados específicos sobre autismo no Censo do IBGE. Uma boa tarde a todos!”, escreveu o presidente da República, em sua conta no Twitter.

A lei sancionada pelo presidente altera a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, para incluir as especificidades inerentes ao transtorno do espectro autista nos censos demográficos. Atualmente, não existem dados oficiais sobre as pessoas com transtorno do espectro autista (TEA) no Brasil.

A expectativa inicial era que presidente vetasse o texto e tentasse incluir eventuais questionamentos sobre os autistas na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Pelo Twitter, Bolsonaro chegou a compartilhar, na semana passada, um vídeo da presidente do IBGE, Susana Guerra, em que ela defendia a inclusão dos autistas na PNAD e não no censo demográfico.

Os dois levantamentos são organizados pelo IBGE, mas o censo é realizado a cada dez anos e apura a totalidade dos dados demográficos. Nesta quinta-feira pela manhã, no Palácio do Alvorada, o presidente chegou a dizer, a um grupo de pessoas que pediam a sanção do projeto, que seguiria a orientação de sua equipe, favorável ao veto.

Autismo

O Transtorno do Espectro Autista resulta de uma desordem no desenvolvimento cerebral e engloba o autismo e a Síndrome de Asperger, além de outros transtornos, que acarretam modificações na capacidade de comunicação, na interação social e no comportamento. A estimativa é que existam 70 milhões de pessoas no mundo com autismo, sendo 2 milhões delas no Brasil.

Agência Brasil

 

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Diversos

Autismo teria ligação em comum com mutações existentes no estômago, segundo cientistas

MODELO DE UMA REDE DE NEURÔNIOS (FOTO: PIXABAY)

Um time internacional de pesquisadores descobriu que o autismo estaria relacionado a problemas estomacais, pois há mutações genéticas comuns entre estruturas semelhantes no cérebro e no estômago. Com isso, podem surgir novas possibilidades de tratamento para atenuar as disfunções comportamentais ligadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA).

“Nós sabemos que o cérebro e o estômago compartilham muitos neurônios e agora pela primeira vez nós confirmamos que eles também compartilham as mesmas mutações genéticas”, afirmou Elisa Hill-Yardin da Universidade do Instituto Real de Tecnologia de Melbourne, na Austrália. O intestino possui a maior concentração de neurônios fora do sistema nervoso central: o processo de digestão, por exemplo, não depende de uma ação comandada pelo cérebro.

Segundo Hill-Yardin, mais de 90% das pessoas com autismo sofrem de problemas estomacais, o que pode afetar a vida diária dessas pessoas. Porém, por muito tempo, cientistas se focaram no estudo do cérebro para entender melhor a doença, sem investigar o sistema digestivoo. “Nossos achados sugerem que os problemas gastrointestinais podem vir das mesmas mutações nos genes que são responsáveis pelas anomalias comportamentais e cerebrais do autismo”, explicou a pesquisadora.

Os cientistas estudaram a função e a estrutura do estômago em ratos e também analisaram estudos pré-clínicos anteriores feitos em animais. A pesquisa se baseou ainda em uma pesquisa de 2003, na qual um grupo de cientistas teria descoberto uma mutação genética que causa o distúrbio neurológico, ao alterar a estrutura responsável pela ligação entre os neurônios.

Os pesquisadores encontraram agora diferenças significativas nos micróbios dos estômagos dos ratos que apresentavam a mutação, quando comparados àqueles que não possuíam a mesma mutação genética.

Segundo Hill-Yardin, a alteração genética é rara, alterando o número de neurônios do intestino e afetando a resposta de um neurotransmissor ligado ao autismo. De acordo com a pesquisa, tal mutação também aumentaria a velocidade com que a comida se movimenta no intestino delgado.

Galileu

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esporte

Bombástico: Messi foi diagnosticado com autismo quando criança, revela escritor

> at Camp Nou on August 18, 2013 in Barcelona, Spain.Gênio inquestionável do futebol, para muitos já no patamar de Diego Armando Maradona e Pelé, o argentino Lionel Messi, dono das últimas quatro Bolas de Ouro da Fifa, pode sofrer de uma forma leve de autismo, a síndrome de Asperger.

A revelação bombástica foi feita pelo escritor Roberto Amado, sobrinho de Jorge Amado e autor do livro Poucas Palavras, em um artigo publicado na internet.

Segundo Amado, o autismo de Messi ajudou o argentino a se tornar o gênio que é e foi diagnosticado quando o craque ainda era criança, aos oito anos de idade.

Em seu artigo publicado na internet e que está causando rebuliço nas redes sociais, o escritor explica sua tese baseado na observação ao comportamento de Messi e também nos depoimentos de pais de crianças altistas.

— Ter síndrome de Asperger não é nenhum demérito. São pessoas, em geral do sexo masculino, que apresentam dificuldades de socialização, atos motores repetitivos e interesses muito estranhos. Popularmente, a síndrome é conhecida como uma fábrica de gênios. É o caso de Messi. É possível identificar, pela experiência, como o autismo revela-se no seu comportamento em campo, nas jogadas, nos dribles, na movimentação, no chute.

Um dos depoimentos que integra o artigo é dado por Nilton Vitulli, pai de um portador da síndrome de Asperger e membro atuante da ong Autismo e Realidade e da rede social Cidadão Saúde, que reúne pais e familiares de aspergianos.

Segundo Vitulli, é possível encontrar sinais da condição de Messi até nos momentos em que o argentino comemora seus gols.

— O Messi sempre faz os mesmos movimentos: quase sempre cai pela direita, dribla da mesma forma e frequentemente faz aquele gol de cavadinha, típico dele. É como se ele previsse os movimentos do goleiro. Ele apenas repete um padrão conhecido.Quando ele entra na área, já sabe que vai fazer o gol. E comemora, com aquela sorriso típico de autista, de quem cumpriu sua missão e está aliviado.

A dificuldade de Messi para lidar com a imprensa em grandes eventos ou simples entrevistas foi apontada por Giselle Zambiazzi, presidente da AMA Brusque, (Associação de Pais, Amigos e Profissionais dos Autistas de Brusque e Região, em Santa Catarina), e mãe de um menino de 10 anos diagnosticado com síndrome de Asperger, como outro ponto a ser observado.

— É visível o quanto aquele ambiente o incomoda. Aquele ar perdido, louco pra fugir dali. A coçadinha na cabeça, as mãos, o olhar que nunca olha de fato. Um autista tem dificuldade em lidar com esse bombardeio de informações do mundo externo.

R7

Opinião dos leitores

    1. Ele, mesmo se "não for normal" joga muito bem e ajuda seu time, que é vencedor. Todo mundo tem problema!

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Saúde

Cientistas encontram ligação inesperada entre autismo e câncer

AUTISM_ADULTHOOD_4-1Ao estudar duas condições aparentemente não relacionadas – o autismo e o câncer -, pesquisadores convergiram para uma inesperada descoberta. Algumas pessoas com autismo têm genes tumorais que aparentemente causam o transtorno cerebral. Dez por cento das crianças com mutações num gene chamado PTEN, que causa câncer de mama, cólon e outros órgãos, também têm autismo.

– É estranho – diz Evan Eichler, professor de Ciência do Genoma da Universidade de Washington, sobre a convergência.

Ele e outros alertam que a descoberta se aplica a uma pequena parcela de pessoas com autismo. Na maioria dos casos, a causa permanece misteriosa. E como acontece com quase todas os distúrbios genéticos, nem todos com as mutações desenvolvem autismo ou câncer, ou outras doenças associadas com os genes, como a epilepsia, os cérebros dilatados e os tumores cerebrais benignos.

Mas pesquisadores dizem que a descoberta é intrigante. Como não existem animais que naturalmente iniciem um quadro de autismo, não há nenhuma maneira de analisar o que pode causar distúrbio em cérebros em desenvolvimento e tampouco há cura.

A ligação recém-descoberta permitiu aos cientistas analisar camundongos com sintomas do transtorno, o que levou ao primeiro teste clínico de um possível tratamento para crianças com autismo, que receberam drogas para tratar tumores com a mesma base genética.

Richard Ewing, um menino de 10 anos, que tem uma forma de autismo causada pelo gene tumoral, está entre os voluntários do estudo. Seus pais, Alexandra e Rick Ewing, sabem que ele tem risco de desenvolver tumor no cérebro, coração, rim, pele e olhos. Mas a má notícia foi minimizada com sua elegibilidade para o teste clínico, que acabou de começar.

– Existe uma grande diferença entre nós e o resto da comunidade autista – diz o pai. – Nós temos um diagnóstico genético.

Nem todos concordam que a descoberta é tão promissora. Steven McCarroll, geneticista de Harvard, ressalta que o autismo em crianças com o gene tumoral têm “um cérebro que está falhando de várias formas”. O autismo nessas crianças pode ser uma manifestação de um mau funcionamento do cérebro em geral, disse ele, acrescentando que “o fato de que o autismo é um dos muitos problemas neurológicos que surgem nestes pacientes não necessariamente nos diz algo relevante sobre os déficits sociais e de linguagem que são específicos para o transtorno”.

Mas outros cientistas que não estão envolvidos na pesquisa dizem que o trabalho está mudando a compreensão sobre o autismo e seu desenvolvimento. Assim como o câncer, o distúrbio envolve o crescimento irregular de células, neste caso, de neurônios.

O chefe do Centro de Genoma Molecular e Doenças Neuropsiquiátricas da Universidade da Califórnia, Jonathan Sebat, descreve o paralelo entre câncer e autismo como “muito estranho”.

– Nós não resolvemos tudo, só uma pequena parte. Mas isto já é muito esclarecedor – disse.

Foi Charis Eng, geneticista da Clínica Cleveland, que primeiro notou uma surpreendente incidência de autismo em crianças cujos pais tinham a mutação PTEN. Os pesquisadores viram que esta taxa de autismo era de 10%, cerca de 10 vezes maior do que o esperado.

Esclerose tuberosa também ligada ao autismo

No mesmo período, cientistas descobriram outro distúrbio genético tinha ainda mais propensão de resultar em autismo: a esclerose tuberosa, que aumenta o risco de câncer no rim e no cérebro. Cerca de metade dos pacientes com esclerose tuberosa tinham autismo.

Embora o PTEN e os genes da esclerose tuberosa não sejam os mesmos, eles são parte de uma mesma rede de genes que freiam o crescimento celular. Desativando o PTEN ou um dos genes da esclerose tuberosa, este freio é liberado. O resultado disto pode ser câncer, anormalidade nas fibras nervosas ou autismo.

Mustafa Sahin, do Hospital de Crianças de Boston, decidiu testar se as drogas usadas para tratar tumores causados pela mutação do gene da esclerose tuberosa também poderiam tratar o autismo em pessoas com a mesma mutação.

Ele começou o experimento em camundongos, deletando os genes do cerebelo. As fibras nervosas do cérebro do animal cresceram descontroladamente, e os animais desenvolveram comportamentos anormais, que lembram o autismo, como movimentos repetitivos.

Mas a substância rapamicina, que tem como alvo o bloqueio do gene da esclerose tuberosa e bloqueia a proteína envolvida na divisão celular, provocou melhoras nos animais, que passaram por testes de memória e aprendizado, assim como tiveram maior controle do crescimento das fibras nervosas no cérebro.

Agora Sahin dá uma droga similar, a everolimus, para crianças autistas com a mutação genética. Richard está entre as crianças. Cada uma tomará a droga ou o placebo por seis meses. O estudo está previsto para terminar em dezembro de 2014.

O Globo

Comente aqui

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *