Borussia Dortmund e Bayern de Munique se enfrentam neste sábado, às 15h45 (de Brasília), no estádio de Wembley, em Londres, na final da Liga dos Campeões da Europa, no epílogo do maior torneio do mundo e que servirá de coroamento do futebol alemão. Mas a disputa também será entre duas visões e histórias diferentes do futebol. De um lado, a tradição, superpotência e até a arrogância do Bayern, que não pode sobreviver sem títulos. De outro, a juventude e humildade do Borussia, que renasceu das cinzas depois de quase ser dissolvido há dez anos e hoje revoluciona o esporte.
O Bayern de Munique assume o papel do grande favorito na primeira final da história entre dois times alemães. Está na decisão pela terceira vez em quatro anos, mas perdeu as duas anteriores – para a Internazionale, em 2010, e para o Chelsea, no ano passado. Agora está convencido de que chegou o momento da conquista. “Somos mais fortes e melhores que o Borussia”, disse o francês Ribéry. “Somos maduros e desenvolvemos bem o time. Não existe motivo para não ganhar”, afirmou o alemão Phillip Lahm. Thomas Müller foi ainda mais claro: “Não vejo ponto fraco em nosso time”.
O sentimento de favoritismo não ocorre por acaso. O time bateu a Juventus duas vezes por 2 a 0, nas quartas de final, e fez 7 a 0 nos dois jogos contra o Barcelona, nas semifinais. No Campeonato Alemão quebrou 20 recordes, consagrando-se campeão com 25 pontos de vantagem sobre o Borussia Dortmund, 98 gols a favor e 18 contra.
O técnico Jupp Heynckes lutará por seu segundo título na competição – ganhou com o Real Madrid em 1998. Ao final da temporada, em que ainda poderá ser campeão da Copa da Alemanha (a final será contra o Stuttgart, em 1.º de junho), ele deixará o clube e abrirá espaço para o espanhol Pep Guardiola, que foi contratado no começo do ano.
Na temporada, Bayern e Borussia se enfrentaram quatro vezes. Foram duas vitórias do time de Munique e dois empates. Do outro lado do campo, o time de Dortmund quer criar a maior surpresa do ano. Há apenas uma década, o clube esteve à beira da falência e foi salvo, ironicamente, por um empréstimo milionário do Bayern. Em 2007, o time se salvou por um ponto do rebaixamento. Agora está prestes a conquistar a Europa. “Renascemos das cinzas. É uma história incrível”, declarou o técnico Jurgen Klopp.
Em uma jogada que mistura humildade e a estratégia de aumentar a pressão sobre o Bayern de Munique, Klopp disse que seu time não é o favorito. Os jogadores também adotaram um tom radicalmente diferentes dos rivais da Baviera. “É a maior oportunidade de nossas carreiras”, disse o zagueiro Hummels.
Se o time de Munique é uma multinacional com o francês Ribéry, o holandês Robben, o brasileiro Dante, o croata Mandzukic e o espanhol Javi Martínez, o de Dortmund é praticamente uma fabricação caseira. Para compensar a qualidade dos adversários e usar a juventude dos seus jogadores, Klopp colocou toda sua energia na velocidade do time. Um de seus principais treinos é fazer a equipe chegar em oito segundos de seu campo ao gol adversário.
A frustração do lado do Dortmund será a ausência do “Messi alemão”, Mario Götze, contundido. Ele vai jogar pelo Bayern de Munique na próxima temporada, em uma operação que custou 37 milhões de euros (R$ 68,8 milhões). Mas o Borussia, apoiado por uma classe trabalhadora, está acostumado com drama. A região é a que apresenta a maior taxa de desemprego da Alemanha e as indústrias se mudaram. “As pessoas perderam tudo na região. A única coisa que têm é o Borussia”, disse o diretor de marketing do clube, Carsten Cramer.
JAMIL CHADE – Agência Estado
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