O Blog reproduz brilhante artigo do empresário Bira Rocha, o sentimento da sociedade é exatamente esse que Bira descreve tão bem no seu espaço no Novo Jornal. Com orgulho lembramos que todas essas palavras de Bira foram em cima dos vídeos publicados com exclusividade essa semana pelo BlogdoBG. Segue artido TAC na Justiça:
O escândalo dos precatórios, que envolve membros do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, merece profunda reflexão por parte da sociedade potiguar. Principalmente após as revelações dos últimos dias, extraídas dos depoimentos em vídeo da servidora Carla Ubarana.
Há muito tempo já reinava no estado certa estranheza, quando se via decisões judiciais de primeira instância e, às vezes, até de turmas do Tribunal, serem reformadas ou anuladas.
Não é segredo para ninguém que muitas das denúncias que hoje circulam na mídia eram fartamente discutidas nas rodas sociais de Natal. È claro que em off, pois não haviam indícios tão fortes como os que têm sido apresentados atualmente.
Havia no ar uma interrogação com relação ao redirecionamento de processos para determinados desembargadores. Agora, Carla Ubarana descreveu como a coisa funcionava, driblando um sistema eletrônico, aparentemente à prova de fraudes.
Nos vídeos estrelados por Ubarana surgem até indícios de vendas de sentença, mostrando que os desvios referentes aos precatórios podem ser apenas a ponta de um gigantesco iceberg.
Há ainda o estranhíssimo caso do sucesso que alguns advogados alcançam na defesa de suas causas no TJRN. Quanto a isso, aliás, Ubarana não se fez de rogada, dando nomes aos bois e ligando-os às respectivas causas.
É preciso tirar uma lição de toda essa lavagem de roupa suja. O TJ deve impor a maior transparência possível a seus atos. Afinal, as sentenças em segunda instância são a última palavra da Justiça potiguar.
Da OAB, espera-se que aproveite a oportunidade para questionar e, se for o caso, punir seus associados que desfrutam de um grau de “sucesso” exagerado no TJ. Essa “concorrência desleal” é inaceitável.
Como se vê, pode haver muito mais que irregularidades nos pagamentos de precatórios circulando pelos corredores do TJ. Pelo que tem revelado Carla Ubanara, o roteiro incluiria também tráfico de influência, redirecionamento de processos e vendas de sentenças, entre outras coisas.
Chego a pensar que o ideal seria que o TJ firmasse um Termo de Ajuste de Conduta com a sociedade potiguar, para garantir total lisura de suas atividades.
Lamentável, literalmente é caso de exclusão, pelo menos do meio judiciário.
A única maneira de ajustar conduta é a exclusão com perda de qualquer pretenso direito
seja por concurso público ou plano de cargos e carreira, para todos os envolvidos.
Somente com punição exemplar poderemos pensar em Sociedade Democrática e Igualitária.
O HOMEM SENSATO PENSA E AGE COMO SOCIEDADE, POIS FAZ PARTE DE UM TODO, E QUEM CHEGA A DESEMBARGADOR PASSOU NOS BANCOS ESCOLARES, MAS APÓS ASSUMIREM POSIÇÕES ATÉ ENTÃO INTOCÁVEIS ACHAVAM QUE ERAM DEUSES MITOLÓGICOS. EM EXPRESSÃO VULGAR, CAIU A CASA, AQUI CAIU A TOGA. VOU CONTINUAR MINHA LUTA CUSTE O QUE CUSTAR.
O empresário e ex-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), Aberílio “Bira” Rocha, faz nesta entrevista, uma avaliação de Natal, RN e Brasil, nos campos político, administrativo, econômico e social. Ao avaliar o governo Rosalba Ciarlini (DEM), diz que, à exceção da probidade, tudo vai mal. “Acho que o governo no primeiro ano é aquele governo que se monta para fazer quatro anos. E aí teria que ter um projeto administrativo, um projeto econômico, um projeto social e um projeto político. Eu acho que ela montou um projeto político, mas não montou os outros três”, avalia Bira. Para o empresário, aliás, o governo Rosalba deverá se contentar em ser um grande administrador ruim de folha de pessoal. “Isso é o que está posto porque ela herdou um plano de cargos e salários que não consegue implantá-lo e vai ser cobrado durante os quatro anos e ela não tem como administrar isso”. Para Bira, o grande diferencial entre Rosalba e alguns antecessores é que, “até agora e graças a Deus, não teve escândalo de corrupção”. Nesta entrevista, Bira aborda as privatizações dos aeroportos, dimensiona o papel do terminal aeroportuário de São Gonçalo do Amarante, avalia as gestões de Dilma Rousseff (PT) e Micarla de Sousa (PV), examina a sucessão municipal, revisita o passado recente ao eleger os melhores governantes do Estado e da capital e critica a ausência da FIERN na defesa da sociedade, além de outras análises.
JH – Qual a avaliação que o senhor faz do primeiro ano de Rosalba?
BR – Olhe, não é boa, não. Acho que o governo no primeiro ano é aquele governo que se monta para fazer quatro anos de governo. E aí teria que ter um projeto administrativo, um projeto econômico, um projeto social e um projeto político. Eu acho que ela montou um projeto político, mas não montou os outros três. Ela sabe hoje com quem conversa, os aliados que desejava, tem uma maioria muito folgada na Assembléia. Mas no administrativo que se faz no primeiro dia de governo, eu diria que faz nos primeiros 90 dias depois não faz mais, ela não fez. Ela era para, naquele momento, ter dado uma reduzida no tamanho do governo para poder ter caixa para fazer o governo. Eu acho que aí ela não fez. Em lugar de reduzir, ela prometeu que ia reduzir os cargos comissionados e deixou sem preencher, mas agora preencheu. Ela disse que ia reduzir o tamanho do estado, não reduziu. Criou mais secretarias. Nessa área administrativa, ela poderia ter melhorado o custeio, principalmente de saúde, educação e segurança, botado caixa para fazer. E agora não tem mais como fazer.
JH – O senhor acha que o governo está perdido, desnorteado?
BR – Eu diria que o governo vai se contentar em ser um grande administrador ruim de folha de pessoal. Isso é o que está posto. Porque ela herdou um plano de cargos e salários que não consegue implantá-lo e vai ser cobrado durante os quatro anos e ela não tem como administrar isso. Vêm as categorias atrás de aumento e não conseguem. Vêm alguns programas importantes que a população sente falta, por exemplo, Central do Cidadão, que ela não consegue bancá-lo porque não tem recursos. Não diria que está perdido, mas vai ser um governo de administrar pessoal porque não fez o dever de casa no cenário administrativo.
JH – Esses 60% de reprovação aqui em Natal o senhor acha que pode ser um espelho também para o RN?
BR – Com certeza isso vai refletir porque Natal é uma caixa de ressonância e vai refletir para o Estado se continuar desse jeito. Não tenho nem dúvida.
JH – É muito cedo para estar com um ano dessa forma?
BR – Eu diria que para estar no primeiro ano desse jeito não foi bom, não. Nem para ela nem para o Estado. Governo sempre se compara com o que saiu. Se eu comparo com o que saiu ela só tem um grande ponto a favor dela. Até agora e graças a Deus e eu espero que continue, não teve escândalo de corrupção. É um diferencial administrativo. No aspecto gerencial não houve nenhuma inovação administrativa.
JH – O senhor concordaria com o deputado José Dias, que disse que o governo está igual ao pior que o de Wilma?
BR – Não por causa da corrupção. No de Wilma era diferente e a gente via bastante isso.
JH – E no aspecto puramente administrativo?
BR – Administrativamente são iguais, porque está mal a saúde, está mal a educação, está mal a segurança, a Central do Cidadão não vai bem, não tem dinheiro. Eu diria que governo bom é o governo que tem dinheiro. A governadora sabe que está saindo mais do que entra e vai quebrar. Não tem como.
JH – O Estado vai quebrar?
BR – Eu não diria que vai quebrar, porque o Estado não quebra. É inquebrável (risos). Ela vai a cada dia ter mais dificuldade.
JH – O senhor pensa 2012 pior?
BR – Pior. Porque ela não tomou as medidas necessárias. De 2010 para 2011, o governo, não é só o Executivo, o Legislativo é governo, o TCE é governo, o Tribunal de Justiça. A AL cresceu suas despesas 17,98%. O MP um pouco menos, 17,76%. O TJ 10,72%. O TCE 9,70%. E a arrecadação do Estado, o crescimento da receita dos cofres do Estado foi de 12,61%. Você tem os poderes crescendo mais do que cresce a receita. Não tem mágica. E o Poder Executivo ela segurou no primeiro ano e só cresceu 6,56%. Se implantasse o plano de cargos e salários essa percentagem cresce. E teve-se crescimento da receita de 12,61% contra inflação de 6,5%. Acontece que ela não fez um plano de governo administrativo para segurar uma coisa com a outra. A Dilma fez.
JH – Rosalba saiu da prefeitura de Mossoró para o governo do Estado. O Estado está superdimensionado para o que ela imaginava?
BR – Eu acredito que pode ser isso, pode ser uma vertente. Ou que alguém que ela colocou para imaginar o governo não viu a situação tão grande antes de assumir e não tomou as providências devidas. Na hora que você passa para a área social, você tem um sem número de projetos sociais. O Programa do Leite, o Primeiro Emprego, Cidadão Nota 10, a Central do Cidadão. Tudo não resolvido. A mídia às vezes esquece alguma porque parece que a mídia ganha muito dinheiro e esquece algumas coisas. Ao final do governo de Iberê, início do governo dela, foi aprovada 2% do ICMS no preço da gasolina que vocês pagam para este dinheiro ser para adicionar ao Bolsa Família do RN 30% do valor. Esse dinheiro está sendo arrecadado todo mês. Quanto é? O que estão fazendo com esse dinheiro? Ninguém fala disso. Apesar do governo se achar muito transparente, ele não está tão transparente assim. Para você colher esses dados às vezes não é muito fácil, não.
JH – Como o senhor analisa o secretariado de Rosalba?
BR – Conheço alguns, não todos. Acho que se pegar o núcleo do governo dela, Planejamento, Administração, Casa Civil, são pessoas que ela trouxe da administração que ela fez em Mossoró. Lá em Mossoró ela fez administrações vitoriosas. Mas é aquilo que o Túlio disse ainda há pouco, talvez o Estado seja bem maior que o município de Mossoró. Talvez a visão macro do pessoal dela esteja faltando um pouco. Ou mesmo os assessores junto a ela estejam faltando pensar o estado de forma diferente. Tanto no setor econômico, não tem nenhum projeto na área primária, que se dê destaque, se lute por ele e faça o diferencial. Nós não temos nenhum diferencial de projeto do setor industrial que faça a reestruturação do Estado. Nem no setor de serviços. Até 2002 o estado tinha um crescimento econômico superior à média do Nordeste. Essa curva inverteu-se e hoje nosso crescimento é inferior à média do NE.
JH – O senhor já disse que 2011 foi de dificuldade, 2012 vai ser igual ou pior. Se continuar dessa forma, o senhor acha que a governadora terá dificuldade na reeleição?
BR – Com certeza, sim. Não conheço nenhum governo bom liso. E o governo está liso. O cenário econômico no mundo é de dificuldade e no Brasil vamos ter crescimento econômico igual ou pior que 2011. Portanto, não vai ter esse crescimento que teve o ano passado.
JH – O caixa pode inviabilizar a reeleição?
BR – Já está inviabilizando. Já vai em 60% de desaprovação do governo do Estado em Natal. Não foi por causa de escândalo. Pelo contrário, não teve escândalo, graças a Deus, parabéns para ela que segurou. O que é que está inviabilizando? É a má administração dos recursos. Se está sem recursos para fazer o custeio da saúde, da educação e da segurança. É evidente que esses setores não dependem só de recursos. Depende de você montar uma gestão também. O governo está apegado na Copa do Mundo, que é um evento que por si só se dilui. Vai ter um grande marketing de Natal, excelente, mas é um evento. Não é um projeto que reestruture a economia do Estado.
JH – O senhor fala da inviabilidade eleitoral dela, mas ela está fortalecida com vários grupos políticos.
BR – Não vão confundir viabilidade política com viabilidade eleitoral. São duas coisas. Politicamente ela está altamente viabilizada. Eleitoral precisa passar no teste. E as pesquisas não dizem que não são muito favoráveis.
JH – Se a eleição fosse hoje o senhor acha que ela não teria condição de ser reeleita?
BR – Depende de quem fosse o candidato.
JH – Contra quem seria?
BR – Ah, essa é uma boa pergunta.
JH – O que o senhor acha da candidatura de Robinson Faria ao governo do Estado?
BR – É difícil lhe dizer isso com Robinson. Porque Robinson teve uma boa atuação sempre política. Mas eleitoral ele foi sempre um deputado estadual. O máximo que ele conseguiu foi o filho ser deputado federal. Você não tem Robinson testado numa majoritária. Majoritária difere muito da proporcional. Então, é muito difícil testar um nome. Foi testado José Agripino, mas foi majoritária. Garibaldi foi na majoritária. Henrique foi um camarada que teve votações sempre presentes na proporcional. Na majoritária nunca foi bom. Então é difícil.
JH – Em relação a Garibaldi, o senhor acha que ele, como aliado, está sendo bem tratado pelo governo Rosalba?
BR – Eu acho que o que ele supostamente solicitou foi atendido politicamente.
JH – Mas, por exemplo, o Programa do Leite foi retirado totalmente da Secretaria que ele indicou. Isso aí não seria uma forma de esvaziá-lo?
BR – Do jeito que estava o programa do leite foi bom para ele. Garibaldi é um sujeito de sorte (risos). O programa do leite está sacrificado por hora.
JH – Será que Henrique viabiliza a candidatura à presidência da Câmara?
BR – Eu não tenho essa certeza. Eu torço para termos um norte-rio-grandense na presidência da Câmara, torço para que aconteça, mas essa certeza eu não tenho porque se trata de um acordo feito com o PT. Eu particularmente não vejo o PT gostar de cumprir acordos que não sejam com ele mesmo.
JH – O presidente do PT disse que vai cumprir?
BR – Eu acho fantástico você acreditar na palavra de político, fico até surpreso com isso, mas tudo bem (risos gerais).
JH – Como o senhor vê essa negociação envolvendo o cargo de conselheiro do TCE?
BR – Isso aí precisa primeiro acontecer para a gente poder fazer uma avaliação melhor. Eu acho que os cargos do Tribunal de Contas não podem servir de escambo. Não sei se vai fazer, mas não pode servir de escambo sob pena de cada vez o TCE ficar mais e mais e mais sem credibilidade.
JH – E Natal, qual a avaliação que o senhor faz do quadro da capital?
BR – Eu acho que o quadro de Natal está pior do que o do RN. Eu acho que a nossa prefeita é muito bem intencionada, mas intenção não governa. Não existe governo de boas intenções. Existe governo de acontecer. Hoje em dia existe sempre o comparativo com quem saiu. Quem foi que ela sucedeu? Foi Carlos Eduardo, que é bem avaliado. A outra bem avaliada em segundo lugar é Wilma, está nas pesquisas aí. Mas Wilma, acho que vai ter contra ela, não tenha nem dúvida disso, todos esses escândalos que vão começar a ser julgados agora nesse governo. Então acho que a eleição em Natal é muito parecida em ser primeiro turno. Acho.
JH – Micarla está inviabilizada para a eleição?
BR – Eu acredito que para a eleição dela ela está inviabilizada. Eu acho que ela não tem viabilidade de se eleger. A não ser que aconteça um milagre. Só para analisar: ela tem umas obras fantásticas de mobilidade. Essas obras de mobilidade realmente seriam um canteiro de obras em Natal. Tem o dinheiro disponível no BNDES, aliás, é na Caixa Econômica que financia. Mas tem uma coisa chamada contrapartida que ela não tem o dinheiro da contrapartida e, portanto, não pode sacar o dinheiro de mobilidade. Para isso ela está apelando para o que o BID financie. Isso é um processo demorado no Banco Mundial e eu entendo que ela tem só mais seis meses, sete meses de governo. Ela não tem um ano de governo. Só tem até julho. Depois de julho, além de não conseguir fazer isso tudo em menos de seis meses, ela vai reverter isso para a eleição? Só tem seis meses, junto ao Banco Mundial, ao BID, conseguir a contrapartida para pagar, mais o financiamento para ser aprovado pela Câmara Municipal, pelo governo federal, pela Câmara e pelo Senado? Vamos lá, não vai ter esses 10% da contrapartida? Em alguns lugares como no Ceará a prefeita de Fortaleza Luiziane Lins (PT) passou as obras para o governo do Estado. Aqui ela está segurando essa mobilidade. Esse seria um fato que poderia gerar uma virada. Realmente era onde a Copa podia fazer a diferença. Eram as grandes obras de mobilidade de Natal, que eu estou vendo de perto que não vai conseguir porque ela não tem a contrapartida.
JH – Ela afirma que começa no dia 28.
BR – Ela começa e pode ser uma coisa a favor ou contra. Se ela começa e para e os buracos ficam cheios nas ruas, é pior.
JH – Quem foi o melhor governador do Estado?
BR – O único que marcou época antes e depois foi Aluizio Alves.
JH – Tirando Aluizio, que está fora de comparação?
BR – Na história recente você tem bons governadores. Eu diria que Garibaldi foi um bom governador. Garibaldi reestruturou o Estado. José Agripino no primeiro governo foi bom. Cortez Pereira fez um governo muito imaginativo, não foi tanto operativo. Tarcísio foi um governo sério. Eu diria que esse governo que menos foi bom para o Estado ultimamente foi o de Wilma. Realmente parou com a economia do Estado, afrouxou os controles, estão aí os escândalos. Ela fez politicagem. Acho que Wilma não se pode dizer que ela foi ruim na prefeitura. Na prefeitura ela foi uma coisa, no estado ela foi outra coisa.
JH – Aconteceu isso com Rosalba?
BR – Rosalba eu sempre faço uma ressalva, não teve escândalo.
JH – Nas circunstâncias atuais, econômicas e de abertura, Cortez seria um grande governador hoje?
BR – Eu diria que sim. O que mudou de Cortez para aqui é que Cortez era muito arrojado para fazer e hoje se criaram algumas amarras por conta das circunstâncias da administração pública, que amarram muito o administrador público. Você tem o Ministério Público que se incomoda até com ingresso de jogo de bola.
JH – Quem foi o melhor prefeito de Natal?
BR – É uma boa pergunta. Mas teve um prefeito de Natal que se notabilizou com a educação: foi Djalma Maranhão, com o lema de pé no chão também se aprende a ler. É famoso e foi bem. Teve José Agripino. Carlos Eduardo foi bom. O problema de Carlos Eduardo é que algumas vezes ele se apegava com os xiitas que o empatavam de ver as coisas.
JH – O senhor bate no PT, mas considera Dilma uma boa governante?
BR – Uma grande surpresa para mim. Uma surpresa altamente positiva. Até pelo tamanho das coisas que o PT pedia. Ela está surpreendendo para melhor. O PT tem uma parcela grande do Brasil de hoje. Eu bato no PT nas contradições do PT. Eu vinha na ilusão, eu era de esquerda e deixei de ser depois das borrachadas que levei. Mas o PT defendia que o serviço público fosse de quem tivesse competência e não indicação política. E por aí a contradição começa a acontecer. Mas o PT tem a história vinculada à democracia brasileira. Se você me pergunta os três maiores presidentes que o Brasil já teve, Lula está inserido.
O Jornal de Hoje – A conclusão do novo aeroporto é garantida ou o empreendimento ainda tem um futuro incerto?
Bira Rocha – Eu diria que é garantida, mas acho que há dúvida sobre o prazo. Na última entrevista do pessoal da Inframérica ficou muito claro que não vai dar para ficar pronto para a Copa. Então, quando vai operar aquele aeroporto? Primeiro tem que ter acesso ao aeroporto, que se dará com a duplicação da BR-406, que está congestionada, que liga Natal a Ceará Mirim e por onde passa todo o lixo de Natal, todo o petróleo que vem de Macau, todo o parque eólico do RN e a BR está insuportável. Mas sem ela não se chega ao aeroporto e ela tem que ser ligada à BR-304 que vai para Mossoró. Essas obras de infraestrutura ficaram a cargo do Estado e pelo que me consta o dinheiro não tem para dar contrapartida para nenhum convênio. A última publicação do governo a respeito de recurso disponível para contrapartida era de 1,8% do total dos recursos próprios. Esse é o primeiro problema. O segundo é que as notícias que chegam são de que o grupo vencedor apresentou projeto financeiro ao BNDES – saiu em O Globo – e que o BNDES não ficou muito feliz em financiar e faz parte da concessão o financiamento de 90%. Então acho que tudo isso leva a um retardamento do projeto. A população tem que estar consciente de que o aeroporto é válido para o Estado, mas não é o que dizem.
JH – Por exemplo?
BR – Nem ele é um hub para centralizar todas as cargas e passageiros no Brasil, isso está muito claro lá no projeto aprovado. Ele será muito menor que o de Recife, Salvador e Fortaleza. Será um aeroporto bom, mas de porte médio. Não constam nos projetos do aeroporto nada que diga que ali será uma ZPE. A ZPE é assunto vencido sempre requentado na época da política. O grande benefício que as pessoas não estão vendo é a desocupação de Parnamirim, do aeroporto e da base como aeroporto civil.
JH – Como está vendo essa privatização no governo do PT. É a quebra de uma questão ideológica?
BR – Eu acho que o PT entrou naquela de “pimenta nos olhos dos outros é refresco”. E o poder, quando você chega ao poder, muda as coisas. Até estranhei muito essa (privatização) que houve na Bolsa de Valores de São Paulo, a primeira foi no governo de Fernando Henrique, você tinha bandeira da CUT, da UNE. Agora não tem bandeira nenhuma. Quem se atrevesse ir para a bolsa naquela época levava um chute no traseiro. E agora, o que é que o PT fez? O PT entrou naquela do canto de parede. Se deixa do jeito que está, ia chegar a Copa. E como ia ficar esses aeroportos para receber a Copa do mundo com a administração pública cheia de jabutis? Ia ser o caos. E só tinha uma solução para não ser o caos, foi entregar a administração a alguém que tivesse eficiência que é a iniciativa privada. Ele fez forçado pelas circunstâncias. Ele não gostaria que acontecesse isso, mas foi forçado pelas circunstâncias.
JH – O aeroporto de São Gonçalo também foi uma privatização. Por que só agora com a concessão de Viracopos, Guarulhos e Brasília reacende-se esse debate sobre privatização?
BR – Eu temo que o aeroporto de São Gonçalo tenha sido boi de piranha. Os grandes aeroportos brasileiros que foram privatizados foram Guarulhos, Brasília e Viracopos. Todos têm 49% de participação da Infraero. Ela vai participar dos investimentos, do pagamento do ágio, de tudo. O do RN não tem. Zero. Então isso me deixa com um pé atrás. Por que a Infraero não é sócia do de São Gonçalo? Por que ela não teve interesse em ser sócia de São Gonçalo?
JH – O senhor foi presidente da FIERN e projetou uma imagem boa da entidade, qual avaliação que o senhor faz da gestão que sucedeu o senhor?
BR – Eu me afastei porque esse negócio de que você sai e não desencarna é terrível. Inclusive porque foi traumática a minha saída. Eu não fui candidato à reeleição. Foi Flávio contra quem eu apoiava e Flávio assumiu porque uma juíza de direito achou que onze era menor do que dez e cheque sem fundo valia. E aí conseguiu colocar ele lá. Eu deixei de acompanhar a vida sindical por completo. Tem o Amaro que está aí, é ex-diretor meu, mas nesse meio tempo eu não sei como ele está cumprindo o mandato, porque não deveria estar com esse passado que está aí dele. E eu me afastei. Acho que a FIERN é uma ONG que tinha uma posição muito boa na sociedade de reclamar daqueles a quem não se podiam reclamar principalmente dos serviços públicos. Não é falar mal do governo. É reclamar do serviço púbico ruim e do desacerto do governo. Naquela época eu propus que a gente fizesse isso. Fizemos pesquisas não só eleitorais. Nós fizemos pesquisas de avaliação dos serviços públicos. E cobrávamos. E as pessoas que estão lá se acomodaram e não querem fazer isso. Por que razão? Não sei. Talvez os interesses sejam maiores deles do que do cargo. Então a sociedade do RN, no meu entender, perdeu uma FIERN que tinha uma voz falando e denunciando aquilo que não prestava no serviço público. Essa avaliação eu faço hoje. Quanto à administração, pode ser que para os empresários e para a diretoria possa ser até melhor, mas em termos da sociedade do RN, acho que perdeu muito.
Túlio Lemos e Alex Viana Editor e repórter de Política
Publicado na edição do final de semana de O JORNAL DE HOJE
Parabéns a Dr. Bira Rocha pela entrevista.
Ele fechou mesmo 11 e não reabriu nenhuma.
E as que foram reabertas mostraram-se totalmente desnecessárias .
Quem diz o contrario não conhece nada daquele período .
Com total razão , tb quando ele fala da falta de transparência
Do Governo Rosa, ausência de planejamento, inexistência de metas
E formas de controle e cobrança dos resultados
(até agora pífios).
Acho tão engraçado Bira Rocha vir a um jornal falar de um governo. E ele o que fez no de Garibaldi Filho. Resolveu liquidar várias secretarias, remanejou todas para dentro da DATANORTE a título de economia e depois teve de reabrí-las com outo nome e com o mesmo pessoal. CDI, CDM. Turismo… só pode ser brincadeira.
Artigo do empresário Bira Rochapublicado no Blog do Novo Jornal:
O governo do Rio Grande do Norte, nestes primeiros meses de gestão, tem sido pautado por três temas que, por sua vez, parecem ter o poder de “segurar” a máquina administrativa estadual.
O primeiro:
Os aumentos salariais concedidos no governo passado, de forma irresponsável e ao arrepio da Lei de Responsabilidade Fiscal. Sobre essa demanda, a atual gestão tem se posicionado no sentido de não se negar a cumprir os reajustes, obedecendo, porém, a LRF. Está correto.
Lamentável, literalmente é caso de exclusão, pelo menos do meio judiciário.
A única maneira de ajustar conduta é a exclusão com perda de qualquer pretenso direito
seja por concurso público ou plano de cargos e carreira, para todos os envolvidos.
Somente com punição exemplar poderemos pensar em Sociedade Democrática e Igualitária.
O HOMEM SENSATO PENSA E AGE COMO SOCIEDADE, POIS FAZ PARTE DE UM TODO, E QUEM CHEGA A DESEMBARGADOR PASSOU NOS BANCOS ESCOLARES, MAS APÓS ASSUMIREM POSIÇÕES ATÉ ENTÃO INTOCÁVEIS ACHAVAM QUE ERAM DEUSES MITOLÓGICOS. EM EXPRESSÃO VULGAR, CAIU A CASA, AQUI CAIU A TOGA. VOU CONTINUAR MINHA LUTA CUSTE O QUE CUSTAR.