Esporte

Ruy Castro: black blocks têm no caminho milhões de interessados na Copa

Estou preocupado com os “black blocs”. Eles garantem que “Não vai ter Copa!”, mas temo que o aparato que usam hoje nas manifestações –capacete, viseira, máscara contra gases, jaqueta preta, calças de combate, joelheira, botas, porrete, estilete e estilingue, perfeitos para enfrentar a PM– seja insuficiente para os novos inimigos que eles terão de encarar. E, contra esses inimigos, as lixeiras incendiárias, os postes à guisa de aríetes e a plêiade de advogados a seu favor serão inúteis.

Os “black blocs” já não contam com as centenas de milhares de pessoas de junho passado, com as quais podiam misturar-se. Aliás, foi por causa deles que elas preferiram ficar em casa. Com isso, os “black blocs” reduziram-se a uns 100 militantes no RJ e em SP e nem isso nas outras cidades. Até o América tem mais torcedores.

Contra si, eles terão os milhões de interessados em que haja Copa. Entre estes, estão os camelôs, já preparados para vender exclusivos produtos Fifa fabricados na China ou em Nova Iguaçu, e os ambulantes, com seus monumentais estoques de cerveja e de camisas falsificadas do Brasil e das outras seleções.

Os “black blocs” precisarão também se explicar para a mais terrível das máfias, a das vans, que não gostará de se ver prejudicada pela não vinda ou pela partida às pressas dos, idem, milhões de turistas, de fora ou domésticos, que são esperados nas cidades-sede. Se eu fosse “black bloc”, evitaria desagradar esses profissionais do transporte.

Por fim, se os “black blocs” conseguirem chegar vivos às imediações dos estádios, arriscam-se a ser exterminados pelas torcidas organizadas, como as do Corinthians, Vasco, Atlético Paranaense, Cruzeiro e outras –que não abrem mão da Copa e dispõem de rojões, soco-inglês e paus com pregos na ponta para mostrar que não se submetem a amadores.

Ruy Castro – Folha

Opinião dos leitores

  1. Pois é Sr. Ruy Castro, a sua vida é confortável. Com ar condicionado em seu apartamento é só sair para a rua, dar uma voltinha no calçadão, beber um chopinho, olhar uma vitrine ou outra e depois voltar a escrever sua coluna. Sua vida é confortável quando basta apenas escrever biografias de gente que já morreu e ganhar com a vendas destes livros ou colunas sobre um tema ou outro com uma frase de efeito no final para amarrar o texto.
    Não quero que o Sr. pense que estou defendendo os Black Blocs que na realidade nem sem de onde vieram e qual a intenção de estarem lá.
    Mas sinceramente Sr. Ruy Castro é fácil escrever sobre manifestações, bombas ou sobre a nossa selvageria dentro de casa, sendo que não vi o Sr. saindo nas ruas por um país melhor. Aliás nenhum ator, cantor, atriz, diretor de cinema, diretor de teatro, redatores, apresentadores, escritores, celebridades, etc.
    Se nosso país estivesse melhor até pessoas da sua profissão estariam melhores também.
    Chega de Saudade Sr. Ruy Castro. Coloque a sua cabeça de avestruz para fora do buraco e ajude a nos tornar um país decente.
    Quero ver o Sr. escrevendo sobre corrupção, sobre o livro do Romeu Tuma Jr, sobre os contratos fraudulentos do Metrô de S.Paulo, sobre o tráfico no Rio, etc.
    Mas parece que o Sr. está muito ocupado com a sua vida confortável e acredito que não quer saber que pessoas morrem em filas de hospitais, demoram 3 horas para chegar no trabalho e sofrem constantemente com a violência. Sem falar que muitas destas mesmas pessoas compram seus livros e mantém a sua vida confortável. Muito obrigado sr. Ruy Castro e confesso que o sr. é um excelente colunista e extraordinário escritor mas não sou sua fã.

  2. Sou contra a forma de agir dos Black Blocks, mas esse texto de Ruy Castro é sugestivo demais. No fim, funciona como uma dica, uma forma, um caminho de como enfrentar os manifestantes. Errou a mão, errou o editor que deixou passar.

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