Economia

Desemprego aumentou em todas as regiões do Brasil com avanço do coronavírus

Foto: iStock

O desemprego aumentou em todas as regiões do Brasil durante o primeiro trimestre de 2020, período que começou a sentir os efeitos da chegada do novo coronavírus ao país, segundo divulgou nesta sexta-feira (15) o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A alta na taxa de desocupados foi sentida principalmente na região Nordeste, indo de 13,6% no último trimeste de 2019 a 15,6% nos três primeiros meses deste ano. A taxa também aumentou no Sudeste (11,4% a 12,4%), Norte (10,6% a 11,9%), Centro-Oeste (9,3% a 10,6%) e Sul (6,8% a 7,5%).

“Todas as regiões do país apresentaram crescimento significativo na comparação da taxa com o quarto trimestre”, disse Adriana Beringuy, analista do IBGE.

O primeiro caso conhecido d e Covid-19 no Brasil ocorreu em 25 de fevereiro. No mês seguinte, o país começou a sentir os efeitos econômicos do novo coronavírus, com decreto de quarentenas em estados e municípios por todo o Brasil, o que causou o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de evitar avanço da pandemia. Até esta quinta (14), eram 13.993 mortos, com mais de 200 mil infectados pela doença.

A divulgação da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) apontou que 12 estados tiveram crescimento na taxa de desocupados. Nas outras 15 unidades da federação, a taxa de desocupação permaneceu estável na comparação com o último trimestre de 2019.

O Brasil terminou o primeiro trimestre deste ano com 1,218 milhão de pessoas a mais na fila do desemprego. Com o avanço no número de desempregados, a taxa de desocupação avançou para 12,2%.

A população desocupada foi de 11,632 milhões, no último trimestre de 2019, para 12,850 milhões nos três meses de 2020, segundo a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE. A alta no período foi de 10,5%.

O primeiro caso conhecido de Covid-19 no Brasil ocorreu em 25 de fevereiro. No mês seguinte, o país começou a sentir os efeitos econômicos do novo coronavírus, com decreto de quarentenas em estados e municípios, o que causou o fechamento de bares, restaurantes e comércio como forma de evitar avanço da pandemia.

Desde então, as maiores altas no desemprego foram observadas no Maranhão, que subiu 3,9 pontos percentuais, no Alagoas, com 2,9 ponto percentual a mais que no trimestre anterior, e no Rio Grande do Norte, alta de 2,7 ponto percentual. As maiores taxas foram observadas na Bahia (18,7%), Amapá (17,2%), Alagoas e Roraima (16,5%),

Segundo o IBGE, o desemprego avançou em diversos segmentos da sociedade no trimestre encerrado em março de 2020. Entre as pessoas que se declararam pretas e pardas, a alta foi de 13,5% e 12,6%, no quarto trimestre, para, respectivamente, 15,2% e 14%. Já entre as brancas subiu de 8,7% para 9,8%. Entre as mulheres, a taxa de desocupação ficou em 14,5%, enquanto 10,4% dos homens estavam na mesma situação

Entre os jovens de 18 a 24 anos de idade, o desemprego passou de 23,8%, no último trimestre de 2019, para 27,1%, no trimestre encerrado em março. “A maior parte dos temporários dispensados no início do ano são jovens, o que faz com que a queda no nível de ocupação seja maior nesta faixa”, explica Adriana.

A pesquisa mostrou ainda aumento no tempo de procura por emprego dos brasileiros: 8,1 milhões procuravam um novo trabalho há até um ano. Outros 1,6 milhão buscavam uma ocupação há menos de dois anos, enquanto 3,1 milhões de pessoas tentam emprego há dois anos ou mais.

A Pnad Contínua com os resultados do trimestre em março foi feita pela primeira vez por telefone, com objetivo de proteger os trabalhadores. Estava, porém, com dificuldades de ouvir os brasileiro – a pesquisa não foi desenhada para ser feita por telefone. Assim, a taxa de resposta dos entrevistados foi de apenas 61,6%, bem menor do que os cerca de 88% do mês de dezembro.

O aumento no desemprego apontado pela pesquisa é reflexo de quedas nos indicadores econômicos do país em março, diretamente causadas pelo primeiro mês com medidas de isolamento social decretadas para conter o avanço do novo coronavírus.

O setor de serviços, responsável por 60% do PIB (Produto Interno Bruto), teve queda recorde no mês, de 6,9%. Já as vendas do comércio brasileiro caíram 2,5% em março. A produção industrial, afetada pela queda nas vendas, caiu 9,1%, no pior resultado desde a greve dos caminhoneiros de 2018.

Folha de São Paulo

 

Opinião dos leitores

  1. Acho que poderia ampliar essa matéria dizendo que desemprego aumentou em todos os países do mundo e avança no mundo e avança com Corona virus.

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Economia

“Vamos disparar daqui a um ou dois meses. Vamos voltar para o trilho”, diz Paulo Guedes

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Ao participar da videoconferência com empresários, ao lado de Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira, Paulo Guedes disse que o governo vai apresentar uma proposta de redução de encargos trabalhistas para estimular a geração de empregos no país.

“Vamos soltar duas ondas de crescimento. De produção e emprego. Vem redução de encargo trabalhista. Produzir emprego no país vai ser algo bom”, disse Guedes.

Ele não apresentou detalhes do plano e afirmou que a proposta vem sendo discutida com Bolsonaro.

“Temos uma onda de investimentos, produção e emprego. Vamos disparar daqui a um ou dois meses. Vamos voltar para o trilho, para o caminho da prosperidade turbinado.”

O Antagonista

Opinião dos leitores

  1. O trilho que estávamos antes da Pandemia, ou seja, pibinho de menos de 2%. Quantas vezes esse embusteiro já contou essa mesma mentira?

  2. Fizeram reforma da previdência dizendo que iríamos crescer, aumentou desemprego, taxaram as bagagens nos aeroportos pq iria baixar passagens, os preços se elevaram , é uma piada atrás da outra essa turma, não voto mais, trabalham para os ricos.

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Diversos

Estudo do Inpe aponta que Brasil é um dos países onde mais se morre por raios; “mais fácil do que ser mordido por um cachorro”, alerta probabilidade

(Foto: Creative commons)

Talvez você não saiba, mas o Brasil está em primeiro lugar na lista de países com maior incidência de raios no mundo: são 77,8 milhões de descargas no solo a cada ano. E esse número não apenas impressiona como também preocupa: um estudo inédito feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, aponta que o país ocupa a sétima posição no ranking global de mortes provocadas pelo fenômeno.

Só neste século, já foram registrados 2.194 casos, uma média de 110 casos por ano desde 2000. Esses dados foram levantados pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Inpe, reunindo informações coletadas pelo Departamento de Informações e Análise Epidemiológica (CGIAE) do Ministério da Saúde, veículos da imprensa e dados de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“As pessoas subestimam os riscos porque acham que as chances [de serem atingidas por raios] são de uma em 1 milhão”, observa Osmar Pinto Junior, coordenador do ELAT, em entrevista a GALILEU. Mas não é bem assim. “Se estiver em um local aberto durante uma tempestade, a chance pode ser de uma em 1 mil”, complementa o especialista. Estima-se que entre 80% e 90% das mortes por raios poderiam ser evitadas com medidas de segurança.

Por isso, o ELAT lançou uma cartilha com orientações de como se proteger do fenômeno. “Hoje somos um dos cinco países líderes no estudo com raios. Isso é muito importante, pois temos poucos recursos perto de outros países, como EUA, China e Japão. É motivo de orgulho”, destaca Junior.

O documento explica, por exemplo, que os raios podem acontecer pouco antes da chuva começar ou no estágio final da tempestade. Sendo assim, buscar abrigo, evitar sair para lugares abertos ou entrar no mar, no rio ou na piscina são ações fundamentais para prevenir acidentes.

Os mesmos cuidados valem para dentro de casa: quando estiver chovendo, não use equipamentos elétricos ligados à rede elétrica ou fique perto de tomadas; não fale ao telefone com fio ou ao celular conectado ao carregador; procure não tomar banho em chuveiro elétrico; mantenha-se longe de janelas e portas metálicas, além da rede hidráulica (torneiras e canos).

O Brasil está em primeiro lugar na lista de países com maior incidência de raios no mundo (Foto: Inpe/ELAT)

Não é brincadeira: a probabilidade de uma pessoa morrer atingida por raio no Brasil ao longo de sua vida é de uma em 25 mil. É mais fácil do que ser mordido por um cachorro (uma em 100 mil, segundo o Inpe). O risco aumenta 2,5 vezes se o indivíduo estiver em uma área descampada durante uma tempestade típica, que produz cerca de três raios por minuto. Já durante uma tempestade mais forte, com 30 raios por minuto, a probabilidade é de um em 1 mil.

O levantamento mostra que o Sudeste concentra o maior número de casos (26%) e que a maior parte das mortes (67%) acontece no verão e na primavera. Os homens são os que mais morrem: representam 82% dos óbitos. Já as mulheres respondem por 18%.

As principais circunstâncias em que essas fatalidades acontecem estão ligadas ao agronegócio (26%) e estar dentro de casa próximo à rede elétrica ou hidráulica (21%). Também estão na lista atividades na água ou próximo a praias, rios ou piscinas (9%), embaixo de árvores (9%), em áreas cobertas que protegem da chuva, mas não dos raios (8%), em áreas descampadas (7%), próximo a veículos ou em veículo abertos (6%), em rodovias, estradas ou ruas, sem estar dentro de veículos (4%), próximo a cercas, varal ou similares (4%) e outros casos (6%). Não há registro de fatalidade dentro de veículos fechados.

“Antes, o cálculo era muito abrangente, sendo o número de pessoas atingidas por raios versus número de habitantes de todo brasil. O cálculo não considerava a diferença de pessoas que trabalham em escritório e pessoas que trabalham nos campos. Isso importa”, analisa o coordenador do ELAT.

Estima-se que, do total de atingidos, cerca de 300 pessoas sobrevivam aos raios a cada ano no Brasil. Mas pode haver sequelas, como queimaduras e traumas físicos e neurológicos. Portanto, proteja-se sempre — não importa onde esteja.

Galileu

 

Opinião dos leitores

  1. Esse "guverno petista que aí está" é outra mísera, Mara também de móio ou pelo menos tem vontade. 11.500 óbitos segunda a previsão dos miseráve, se DEUS quiser nunca acontecerá!!

    1. Meus parabéns, seu comentário tem tudo haver com a matéria, sqn!!

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Economia

China troca Brasil por EUA na compra de 1 milhão de toneladas de soja

Foto: Getty Images

A China tem aumentado as compras de soja dos Estados Unidos diante da desaceleração das vendas do Brasil e compromissos do país asiático previstos no acordo comercial com o governo de Washington, segundo pessoas a par do assunto.

Clientes estatais compraram mais de 20 carregamentos, ou mais de 1 milhão de toneladas de soja dos EUA nas últimas duas semanas, disseram as pessoas, que não quiseram ser identificadas. Os grãos foram comprados com isenções de tarifas emitidas anteriormente, disseram as pessoas.

Os principais negociadores comerciais de ambos os países falaram por telefone na semana passada e se comprometeram a criar condições favoráveis para a implementação do acordo comercial bilateral, além de cooperar com a economia e a saúde pública, segundo comunicado do Ministério do Comércio chinês. O presidente dos EUA, Donald Trump, disse posteriormente que enfrenta dificuldades com o governo de Pequim em meio à pandemia global de coronavírus.

Outro sinal de que o acordo comercial da fase um pode estar abalado: o Global Times, uma publicação do Partido Comunista, informou que a China poderia anular o acordo após críticas dos EUA sobre a condução da pandemia de coronavírus pelo país, o que irritou representantes de comércio. Também foi apresentada uma sugestão para negociar um novo acordo que inclinaria a balança mais para o lado chinês, segundo o jornal.

A China prometeu comprar US$ 36,5 bilhões em produtos agrícolas dos EUA, mas a pandemia que se acredita ter se originado na cidade de Wuhan atrasou o ritmo das compras. Embora o país tenha comprado uma ampla variedade de commodities, como sorgo, trigo, milho e carne de porco, as vendas de soja, principal bandeira da guerra comercial, começaram a ser aceleradas.

A maioria das compras nas últimas duas semanas era destinada a carregamentos em portos do Golfo do México, disseram as pessoas. Embora algumas sejam de remessas da safra atual, outras destinavam-se ao final do outono, quando a nova colheita nos EUA começa. O departamento aduaneiro chinês não respondeu a ligações com pedidos de comentário.

A gigante agrícola Archer-Daniels-Midland disse neste mês que estava animada com as compras da China até agora. A empresa com sede em Chicago espera que o país asiático compre entre 30 milhões e 35 milhões de toneladas de soja dos EUA neste ano, disse o diretor financeiro Ray Young em teleconferência com analistas em 30 de abril.

Yahoo, com Bloomberg News

Opinião dos leitores

  1. O setor agropecuário brasileiro precisa ter vergonha e saber se impor cobtra a China. Todos sabem quem a China não tem condições de produzir a quantidade que precisa, para alimentar o seu povo. Da mesma forma que estão ganhando com a desgraça do vírus que eles lançaram ao mundo, o produtor brasileiro também tem que bater o pé em negociar com eles, por um preço alto e não ficar se humilhando. Basta!

  2. O rebanho suíno petralho-chavista nem se dá ao trabalho de ver quanto são as vendas totais de soja do Brasil pra China. Nem leva em conta o baque econômco pelo qual o Mundo passsa.

  3. Não vamos ser injustos com o Presidente, afinal ele não tem culpa de ser incompetente.
    Basta fazer uma análise da sua carreira como militar por quinze anos, depois como deputado federal por mais de vinte e cinco
    anos sem apresentar nada relevante.
    Uma lástima.

  4. Venda aos produtores brasileiros de leite e criadores…
    Barato, tendo preço bom, não precisa exportar, o consumo interno absolve tranquilamente, garanto que não sobra um grão.
    Aí, caba vai ver vaca se desmanchando em leite e animais de coro e penas, gordo rolado.

  5. EUA pesadamente atacando a China, mas na hora comercial ela nem olhou pro Brasil (que uns otários xingaram, mas não chegaram aos pés dos ataques de TRUMP).

  6. Infelizmente, está no começando. O Brasil virou piada internacional com o “mito”. Não pássa confiança algumas aos investidores internacionais. Quem também vai pegar parte do mercado brasileiro é a Argentina…
    Quem não deve estar gostando disso é a turma do “agro é pop”…

    1. Isso é uma lance comercial muito mais complexo do que supõe a sua cabecinha que atribuiu tudo de errado a Bolsonaro.

    2. A culpa da segunda guerra mundial também foi do Governo Bolsonaro. Piada isso, né?

    3. A culpa não é do BOZO não, pois ele e seus ministros são bastantes diplomatas cm os outros países, principalmente com a CHINA, a culpa é do Comunista do MORO.

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Saúde

Levantamento mostra perfil dos mortos por covid-19 no Brasil

O Poder360 analisou os dados de mortalidade por covid-19 no Brasil, Itália, Espanha, Estados Unidos, Reino Unido e Suécia. Foto: Unsplash

Há 1 padrão nos países com mais casos de covid-19 e dados confiáveis à disposição: a maior parte das mortes causadas pela doença é de pessoas acima de 60 anos. Nas internações, porém, é alta a proporção dos mais jovens.

O Poder360 fez o levantamento do perfil etário das vítimas do coronavírus no Brasil e em 5 países com grande número de casos diagnosticados.

Brasil

No país, pessoas com mais de 60 anos representam 69% das mortes. Os que tinham pelo menos uma comorbidade representam ⅔ dos óbitos. As estatísticas de casos escondem grande subnotificação, como já admitiu o Ministério da Saúde.

Foto: Reprodução/Poder 360

Itália

A nação, que tem quase ⅓ da população idosa, é a 3ª com mais mortes computadas até aqui. A taxa de mortalidade de 13,4% dos infectados, no entanto, é considerada irreal. O consenso é que há muito mais casos de covid-19 do que as autoridades italianas conseguiram medir.

Foto: Reprodução/Poder 360

Espanha

O padrão aqui é o mesmo da Itália: 95,2% das vítimas tinham 60 anos ou mais. Entre as internações, 68,9% estão nessa faixa. O número de jovens que precisaram de hospitalização é grande, sobrecarregando o sistema de saúde.

O país tem uma das maiores taxas de mortos por milhão de habitantes: 576.

Foto: Reprodução/Poder 360

EUA, UK E SUÉCIA

Há menos dados disponíveis sobre internações ou estado de saúde dos infectados em acompanhamento nestes países. A tendência é a mesma das nações citadas acima: a grande maioria das vítimas são idosos.

Foto: Reprodução/Poder 360

PIRÂMIDE ETÁRIA

Os infográficos abaixo mostram que o Brasil tem proporcionalmente menos idosos do que países que lideram em número de casos registrados de coronavírus. Apesar disso, são 28,7 milhões de brasileiros nessa faixa etária, contra 17,8 milhões de italianos, por exemplo. Ou seja: há vasta população em idade de risco.

Foto: Reprodução/Poder 360

Poder 360

Opinião dos leitores

  1. Então Bolsonaro não abriu nem um hospital de campanha , né? Muito bem lembrado! Isso significa dizer que os governadores petralhas estão usando o dinheiro que ele manda pra outros fins. Não achas?
    Procure se informar direito!

  2. Gado, se um parente seu precisar de respirador, vai uma dica: não procure por hospital de campanha aberto por Bolsonaro; não procure respirador enviado por Bolsonaro.

  3. Bolsonaro não abriu nenhum hospital de campanha. O Brasil é o país que menos testa COVID-19 no mundo. Bolsonaro só quer roubar os respiradores que os Estados compram e entregar ao sul dizendo que foi quem comprou.

    1. Abriu um em Goiás, outro em Manaus e outro em Roraima pelo exército, como você só assiste a Globo, isso a Globo não mostra.

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Saúde

Coronavírus: o avanço silencioso da covid-19 em frigoríficos do Brasil

FOTO: GETTY IMAGES

Já são quase 250 casos confirmados entre funcionários e cerca de 20 mil trabalhadores expostos, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde.

O rápido aumento de infecções preocupa as autoridades de saúde porque este é um segmento intensivo em mão de obra – e sua própria estrutura operacional favorece a disseminação do novo coronavírus.

O setor emprega 65 mil pessoas no Estado, calcula a procuradora do trabalho Priscila Dibi Schvarcz, que coordena o Projeto de Adequação das Condições de Trabalho nos Frigoríficos.

Por estar incluído na lista de atividades essenciais, ele não foi obrigado pelos decretos de quarentena a suspender os trabalhos.

Devido à multiplicação de casos em poucos dias, entretanto, nas duas últimas semanas pelo menos 4 fábricas tiveram de interromper a produção – total ou parcialmente.

Na quinta e sexta-feira da última semana, o Tribunal de Justiça do RS determinou a paralisação integral de um frigorífico da BRF na cidade de Lajeado e parcial de uma unidade da Minuano na mesma cidade, que deve operar com 50% da mão de obra por duas semanas.

Dias antes, a empresa Nicolini havia informado decisão de fechar por três dias a unidade em Garibaldi para limpeza das áreas internas e externas depois de registrar 60 casos de covid-19 entre os 1,5 mil funcionários. As medidas foram firmadas por meio de um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MPT-RS).

No fim de abril, uma fábrica da JBS em Passo Fundo foi interditada pela Justiça após o registro de 62 casos entre 2,4 mil trabalhadores. A empresa havia obtido uma liminar para retomar as atividades na unidade, mas na última quinta-feira (07/05) a prefeitura de decidiu manter a interdição.

Passo Fundo, que contabiliza pouco mais de 200 mil habitantes, está “empatada” com Porto Alegre em número de mortes causadas pela covid-19 – foram 18 até o dia 11/05.

O volume de casos é cerca de metade (267) do registrado na capital (529), mas, por se tratar de um município menor, a incidência é bem mais elevada: são 135,7 casos a cada 100 mil habitantes, ante 35,8 a cada 100 mil habitantes na capital.

Trabalho ‘ombro a ombro’

A dinâmica de trabalho nos frigoríficos, por suas próprias características, favorece a disseminação do novo coronavírus, pondera a procuradora Priscila Dibi Schvarcz.

O setor é intensivo em mão de obra – são centenas e às vezes milhares de trabalhadores em algumas unidades, muitos trabalhando “ombro a ombro”, muito próximos, diante das esteiras por onde passa a proteína animal que eles têm de cortar ou desossar, por exemplo.

“Além disso, há um problema de renovação de ar principalmente nos ambientes refrigerados, em razão das próprias normas sanitárias que regulam a qualidade do produtos.”

É possível adequar os ambientes para que o ar seja renovado com maior frequência, ela ressalva, mas essa é uma medida cara.

Há ainda vários pontos do espaço físico da fábrica que favorecem aglomerações, como as salas para pausas psicofisiológica (uma medida em vigor nos frigoríficos no Brasil desde 2013, já que o trabalho no setor em geral exige muito esforço repetitivo) e os refeitórios.

Não por acaso, frigoríficos em outros países acabaram se tornando foco da doença causada pelo novo coronavírus. Nos Estados Unidos, por exemplo, a disseminação de covid-19 entre trabalhadores do setor levou empresas como a gigante Tyson Foods a paralisar temporariamente as atividades nas últimas semanas.

Deslocamento preocupa

O caso do Brasil tem uma particularidade que acaba sendo mais fator que facilita o contágio. Parte dos trabalhadores vive em municípios diferentes daqueles em que trabalham, deslocando-se até duas horas para chegar ao serviço em veículos fretados pelas empresas.

Eles se distribuem muitas vezes entre dezenas de pequenos municípios localizados no entorno das fábricas – estas frequentemente já localizadas em cidades pequenas ou médias.

O presidente da Federação dos Trabalhadores na Alimentação do RS, Paulo Madeira, calcula que mais ou menos metade da força de trabalho do setor no Estado se encaixe nesse perfil.

“Muitos estão levando a doença para suas pequenas cidades”, ressalta Priscila Schvarcz, do MPT.

Ela cita o caso de Ibirapuitã, com menos de 5 mil habitantes, que contabiliza 15 diagnósticos positivos para covid-19 e um dos maiores índices de incidência da doença no Estado: 360 para cada 100 mil habitantes.

Os primeiros casos, diz a procuradora, foram “importados” da unidade da JBS de Passo Fundo, a pouco mais de 50 km, onde alguns moradores da cidade trabalham.

Segundo a procuradora, além de Passo Fundo, Lajeado e Garibaldi, há diagnósticos com origem em frigoríficos em municípios como Encantado, Tapejara, Marau, Trindade do Sul, Carlos Barbosa e Serafina Corrêa.

O coordenador do Centro de Operações e Emergência do Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Estado, Marcelo Vallandro, diz que a possível interiorização da doença provocada por essa dinâmica é algo que preocupa as autoridades de saúde – por isso o contato frequente com prefeituras e vigilâncias municipais para monitorar a evolução dos casos em áreas consideradas mais críticas.

Nesse sentido, ele destaca também a importância de que os trabalhadores sigam as orientações de isolamento social e as medidas de precaução no dia a dia fora do ambiente de trabalho – o que em alguns casos não vinha acontecendo.

“A transmissão intradomiciliar também tem sido algo importante”, pontua.

O presidente da federação dos trabalhadores do setor no Estado faz coro: “Tivemos aqui um caso de trabalhador afastado (com suspeita da covid) que foi viajar em vez de cumprir os dias de isolamento domiciliar.”

Resistência no setor

O MPT publicou as primeiras recomendações para a adequação dos frigoríficos ainda no fim de março.

Entre diversos pontos, o órgão sugeria a reorganização das linhas de produção para que os trabalhadores ficassem a uma distância mínima de 1,8 metro um do outro, um rearranjo do transporte para que os funcionários que tomassem ônibus fretados não se aglomerassem na entrada e saída e para que sentassem a uma distância maior uns dos outros dentro dos veículos.

O MPT-RS também recomendava uma vigilância ativa por parte das empresas, para tentar localizar os casos no início, isolar os funcionários afetados e aqueles que tiveram contato com eles.

“Quando existe afastamento precoce, se quebra esse ciclo de contaminação exponencial – e houve muita falha nesse processo de vigilância.”

Segundo a procuradora, as empresas tiveram grande resistência em adotar as medidas inicialmente, argumentando que elas eram “obrigações inexequíveis e exageradas”.

“Mas, depois que começaram a surgir os casos, o próprio setor percebeu a importância das medidas”, completa.

No frigorífico da Nicolini em Garibaldi, diz ela, o número de casos saltou de 10 para 60 em apenas 4 dias. O Termo de Ajustamento de Conduta firmado pela empresa previa que, após os dias de fechamento, as atividades fossem retomadas com apenas 25% dos trabalhadores nesta segunda-feira (11/05).

Os 75% restantes ficarão em quarentena pelos próximos 14 dias.

‘Medo’ de trabalhar e preconceito

O caso mais problemático até o momento é o do frigorífico da JBS em Passo Fundo, que foi interditado por duas semanas pela Justiça em 24 de abril.

Antes que as atividades pudessem ser retomadas, a prefeitura do município acatou recomendação da vigilância em saúde local e impôs uma interdição cautelar por outros 15 dias na última quinta (07/05).

Em comunicado, a prefeitura afirma que “foram desrespeitadas regras sanitárias e epidemiológicas, o que pode colocar em risco a saúde de toda a população”. Além disso, teria pesado o fato de a empresa não estar monitorando devidamente todos os trabalhadores afastados.

Paulo Madeira, da Federação dos Trabalhadores na Alimentação do Estado, diz que a gerência da unidade foi uma das mais resistentes em implementar as medidas recomendadas para evitar surtos de covid-19 entre os empregados.

“Tive medo de trabalhar. Qualquer sintoma de gripe achava que tinha pegado”, diz um dos funcionários, que pediu para ter a identidade preservada.

Segundo ele, os trabalhadores não foram informados sobre os primeiros casos na unidade.

Quando começou a ver pessoas próximas sendo afastadas com a doença, ele e outros colegas chegaram a conversar com supervisores.

“Falaram que não podiam fazer nada, que também estavam com medo de trabalhar, como a gente.”

Um caso emblemático para ele foi de um funcionário da limpeza que vinha se queixando de muita dor nas costas e, posteriormente, teve o diagnóstico de covid confirmado.

“Nem febre ele teve. Às vezes essa doença não dá febre. E tem ainda aqueles assintomáticos, que não sentem nada e estão passando a doença para outras pessoas.”

Enquanto isso, em diversas cidades, trabalhadores da fábrica começaram a ser alvo de preconceito de moradores que os acusavam de estar “trazendo o vírus”.

“A gente não tem culpa, tem que trabalhar. Tem gente ignorante que diz: ‘Por que você foi?’, mas a gente precisa sustentar nossa família.”

“E a gente não gente estava lá produzindo pra essas pessoas comerem?”, acrescenta. “O que eles vão comprar no mercado é a gente que produz.”

Quando a unidade foi interditada, a sensação foi de alívio, ele conta.

O trabalhador com quem a reportagem conversou vive com outros 7 parentes em casa. Nas últimas semanas, dois testaram positivo para covid-19. Um foi hospitalizado e, na última vez em que a família conseguiu fazer contato, “com a voz já bem ruinzinha”, ele disse que teria de ser entubado.

“Depois disso, a gente não teve mais notícia, o hospital não passava informação, nada.”

Quando notificados sobre a morte, os familiares foram avisados de que teriam duas horas para velar o caixão fechado e se despedir.

“Ainda dói. A gente não quer que outras famílias passem pelo que a gente está passando.”

“Dinheiro a gente recupera, mas a vida dos nossos familiares, não. Se for necessário continuar fechada (a fábrica), que fique; se for para abrir, que seja com medidas rigorosas (de proteção).”

Questionada sobre a informação de que os funcionários não teriam sido notificados sobre os primeiros casos e sobre as observações do MPT de que parte dos frigoríficos foi resistente em adotar medidas de precaução, a JBS enviou uma nota em que afirma:

“A JBS refuta os argumentos apresentados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e a tentativa de responsabilizar a Companhia como foco de contaminação da Covid-19 em Passo Fundo (RS).

Entre os falsos argumentos presentes nos autos, pesa o fato de que o número de casos não corresponde à realidade e que, diferentemente do que informa o MPT, a unidade não apresentou 62 casos. A planta de Passo Fundo conta, conforme devidamente registrado na Vigilância Sanitária, 47 casos confirmados, sendo que desse total 20 pessoas estão curadas, e 27 seguem em recuperação, todos com acompanhamento permanente da empresa.

Também cumpre informar que não há casos de morte relacionados aos funcionários da empresa – todos os colaboradores que, infelizmente, tiveram óbitos em sua rede familiar, fizeram os testes e tiveram acompanhamento clínico. Nenhum deles apresentou sintomas e, em testes para confirmar contaminação, os resultados foram negativos.

Todas as medidas adotadas pela JBS estão de acordo com os mais altos padrões dos órgãos de saúde e em conformidade com a recomendação da Consultoria do Hospital Albert Einstein e médicos especializados contratados pela empresa para apoiar na definição dos protocolos de saúde e que estão em vigor em todas as unidades da empresa.

É relevante informar ainda que o protocolo de segurança adotado pela empresa foi avaliado e confirmada a veracidade da aplicação das medidas, conforme laudo da perícia técnica realizada por especialista em medicina do trabalho em 23 de abril de 2020.”

A BRF, por sua vez, informa que até o momento as atividades na unidade de Lajeado seguem paralisadas.

“A Companhia reforça que está muito segura do cumprimento efetivo de todas as medidas protetivas e protocolos indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e Ministério da Saúde. A empresa tem mantido uma interação muito próxima e frequente com diversos níveis de autoridades, bem como com o sindicato dos trabalhadores local e a Prefeitura da cidade, com o intuito de propor e discutir soluções que assegurem a saúde e a integridade física de seus colaboradores.

Desde o início da pandemia, a BRF já implementou uma série de ações protetivas em todas as suas operações, contando com um Comitê Permanente de Acompanhamento Multidisciplinar, composto por executivos e especialistas, como o infectologista da Universidade de São Paulo, Esper Kallas.

A empresa conta ainda com uma consultoria global especializada em gestão de riscos e com esse suporte instituiu um centro de inteligência, que, entre outras funções, possibilita estar em contato com companhias em outros países, como China, Estados Unidos e Itália, para aprender com a experiência desses países e aplicar melhores práticas, acompanhando em tempo real o que vem acontecendo na Ásia, Europa e América.

Vale ressaltar ainda que, em abril, a Companhia assinou um compromisso junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), em nível nacional, que endossa práticas de proteção aos colaboradores que já vinham sendo adotadas. Entre as iniciativas adotadas pela empresa estão o uso obrigatório de máscaras, distanciamento mínimo entre funcionários, medição de temperatura nas entradas das unidades, afastamento de colaboradores do grupo de risco e casos suspeitos, reforço de higienização em diversas áreas e nos veículos de transporte fretado e busca ativa de potencial contaminação com o intuito de mitigar a exposição ao vírus.

A empresa destaca ainda que o setor de produção de alimentos é essencial e, por esse motivo, não poupa esforços para manter seu compromisso com a saúde e segurança dos colaboradores, da cadeia produtiva e com o abastecimento à população, trabalhando de forma colaborativa com as autoridades de saúde e os municípios onde está presente.”

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) também se manifestou sobre o tema por meio de nota:

“A ABPA informa que constituiu, juntamente com seus associados, diversos comitês temáticos para o enfrentamento da crise de Covid-19, onde são definidos e constantemente atualizados protocolos para a preservação da saúde dos colaboradores e de todos os envolvidos no sistema produtivo.

Antes mesmo do início da adoção da quarentena em vários estados de todo o país, a associação se certificou de que as suas empresas associadas adotaram medidas preventivas necessárias para proteger e prevenir, ao máximo, o risco nas unidades de produção.

Essas medidas incluem o imediato afastamento de todos os colaboradores identificados como grupo de risco (com idade acima de 60 anos, doenças pré-existentes e outros), a intensificação das ações de vigilância ativa nas unidades frigoríficas e monitoria da saúde dos trabalhadores (com a verificação constante de temperatura), entre outras iniciativas.

As empresas reforçaram todos os cuidados recomendados pela Organização Mundial da Saúde e pelo Ministério da Saúde – grande parte destes cuidados já eram rotina. E, de forma adicional, incluiu várias outras medidas preventivas, como, por exemplo:

Aumento da rotina de higienização de todos os ambientes dentro e fora do frigorífico, como o transporte e outros; adoção de medidas contra a aglomeração, com a redistribuição de horários de refeição e contratação de mais veículos de transporte; monitoria constante do estado de saúde dos trabalhadores enquanto estão no espaço do frigorífico; reforço nas orientações de cuidados para a saúde por meio de orientações diretas, folhetos e outras formas de comunicação interna.

O nosso setor faz parte do rol de atividades essenciais ao país. Para que possamos garantir a produção de alimentos seguros e a oferta de alimentos para a população, a saúde das equipes é prioridade indiscutível.

Sabemos de nossa missão e trabalharemos para que não falte alimentos para as famílias de todo o país”.

A Minuano não respondeu ao pedido de posicionamento feito pela reportagem.

BBC

 

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Saúde

Mais da metade dos adultos está no grupo de risco da Covid-19 no Brasil

Foto: Kaique Rocha/Pexels

Mais de 50% da população adulta brasileira – ou 86 milhões de pessoas – apresenta ao menos um dos fatores que aumentam o risco de manifestações graves da Covid-19, sugere estudo feito na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Se considerados apenas os adultos com menos de 65 anos, a proporção dos suscetíveis a complicações caso venham a se infectar pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2) ainda é alta: 47%.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores incluíram na análise tanto os fatores de risco apontados pelos estudos iniciais sobre a doença, em países asiáticos, quanto os observados nas pesquisas mais recentes, conduzidas na Europa e nos Estados Unidos.

“Inicialmente, foram incluídas no grupo de risco as pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, portadores de doenças crônicas [cardiovasculares, diabetes, hipertensão e doença pulmonar obstrutiva crônica] e os pacientes com câncer diagnosticados há menos de cinco anos. Os últimos estudos, porém, propuseram novos fatores de risco: pacientes em diálise ou outro tratamento para doença renal crônica, obesidade, asma moderada ou grave e tabagismo”, explica Leandro Rezende, professor do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina (EPM-Unifesp) e coordenador da pesquisa, cujos resultados serão divulgados em breve na Revista de Saúde Pública.

Para estimar o tamanho do grupo de risco para Covid-19 no país, os pesquisadores da Unifesp usaram dados de 51.770 participantes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013. Trata-se de um inquérito de âmbito nacional que coletou, em mais de 80 mil domicílios, dados como peso, altura, circunferência da cintura e pressão arterial – além de amostras de sangue e urina para exames laboratoriais de uma parcela dos entrevistados.

“Infelizmente, esse é o levantamento mais recente que reúne todas as informações necessárias para nossa análise. Em 2019, teve início uma nova edição da PNS, que ainda não foi concluída. Vale ressaltar que a falta de investimento público em inquéritos abrangentes como esse dificulta a realização de análises precisas para subsidiar políticas públicas em uma situação de crise, como a atual”, diz Rezende.

Segundo o pesquisador, se forem comparados os dados da PNS com os de levantamentos mais recentes, como o Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco para doenças crônicas não transmissíveis do Ministério da Saúde) de 2018, realizado nas capitais dos estados brasileiros e no Distrito Federal, nota-se que a prevalência de diabetes (de 6,9% em 2013 para 7,7% em 2018) e hipertensão (de 21,5% entre os homens para 22,1%) variou pouco na população brasileira nos últimos anos, enquanto o número de fumantes diminuiu de 14,4% para 12,1%. Por outro lado, houve um crescimento considerável na proporção de obesos (de 17,5% para 19,8%) e de pessoas com doenças crônicas associadas ao envelhecimento.

“O tamanho do grupo de risco estimado pelo nosso estudo está possivelmente subestimado, o que torna ainda mais necessária a manutenção das medidas de distanciamento físico. Pelo menos até que os estudos de soroprevalência [que estimam a parcela da população que já foi infectada e desenvolveu anticorpos contra o novo coronavírus] indiquem ser segura a flexibilização”, avalia Rezende.

Desigualdades

Entre os adultos que concluíram apenas a primeira etapa do ensino fundamental, que representam na pesquisa a parcela da população com menor nível socioeconômico, a presença de fatores de risco para Covid-19 grave foi duas vezes mais frequente do que entre os adultos com nível superior completo.

“Embora a desigualdade social no país seja um fato conhecido, nos assustamos com os números. Cerca de 80% dos adultos com baixa escolaridade podem ser incluídos no grupo de risco, enquanto entre as pessoas com nível superior essa proporção é de 46%”, conta o pesquisador. “A prevalência de doenças é maior justamente na parcela da população mais vulnerável, que mora em locais onde o distanciamento físico é difícil, tem vínculos empregatícios mais frágeis e menos acesso a serviços de saúde. É preocupante.”

Ao analisar separadamente os dados estaduais, os pesquisadores observaram que a proporção da população no grupo de risco é maior no Rio Grande do Sul (58,4%), em São Paulo (58,2%) e no Rio de Janeiro (55,8%). Já os estados com menor proporção foram Amapá (45,9%), Roraima (48,6%) e Amazonas (48,7%).

“Há duas possíveis explicações para essa diferença. Uma tem relação com a maior expectativa de vida nos estados do Sul e Sudeste, onde o nível socioeconômico da população é maior e, portanto, há mais idosos. A outra seria o menor acesso ao diagnóstico médico no Norte e Nordeste, que poderia ter enviesado os dados sobre a prevalência de doenças como diabetes e hipertensão, que, muitas vezes, são assintomáticas no início”, diz.

De todo modo, Rezende considera que os indicadores estaduais podem ser úteis para guiar os gestores públicos em suas estratégias de prevenção e controle da epidemia. “Os números atuais, por enquanto, encorajam a permanência das medidas de distanciamento físico em quase todo o país”, afirma.

Galileu

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Saúde

Estudo da Fiocruz diz que covid-19 chegou ao Brasil em janeiro

Foto: Sérgio Lima/Poder360

Estudo liderado pela Fiocruz (Instituto Oswaldo Cruz) indica que o novo coronavírus –causa da covid-19– já estaria circulando no Brasil em janeiro de 2020. Mais de 1 mês antes do 1º registro da doença, em 26 de fevereiro, em São Paulo.

Leia aqui (597kb) a íntegra da pesquisa.

De acordo com a Fiocruz, a transmissão do vírus já acontecia em 4 de fevereiro, muito antes dos registros oficiais, que indicam 13 de março. Ou seja, a doença já estava se propagando na época do carnaval. Quando o Brasil começou a monitorar a doença em fronteiras e aeroportos, o vírus já estava nas ruas.

A metodologia da pesquisa usa como base os registros de óbitos, além de análises dos resultados de investigação de casos de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) por exames moleculares, disponíveis nos portais InfoGripe e MonitoraCovid-19, ambos da Fiocruz. Integraram o estudo pesquisadores da Fiocruz-Bahia, da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) e  Udelar (Universidade da República) – no Uruguai.

De acordo com o estudo, o 1º óbito por covid-19 no Brasil foi no Rio de Janeiro, na 4ª semana epidemiológica –ou seja, de 19 a 25 de janeiro.

O 1º registro oficial de morte por Covid-19 é de 17 de março, em São Paulo. Mas nessa semana –15 a 21 de março–, segundo os registros do MonitoraCovid-19, já havia 670 mortes.

Ao jornal, o coordenador da pesquisa, Gonzalo Bello, disse que a 1ª morte foi identificada por meio de exames moleculares (RT-PCR) em estudos retrospectivos. Os resultados das amostras colhidas dos mortos e doentes identificados apenas como “SRAG” começaram a ser divulgados na última semana.

Poder 360

Opinião dos leitores

  1. Não sou fã de Bolsonaro, mas ao caro leitor que malha o Presidente por qualquer motivo, em 6-2-2020 ele fez a lei 13. 979, que já permitia a quarentena pelos governadores. Inclusive você deve ter aproveitado o carnaval, não é? A propósito, este blog não lançou uma nota sobre descobrimento do Brasil, dia da Vitória (ainda mais em Natal) e o 13 de mao.. Mas civismo é coisa brega, não é?

  2. O importante para o governadores é que tivesse o carnaval, mesmo sabendo que nesse período seria o start para a disseminação aqui no Brasil. Agora ficam com discurso de lockdown… As contas chegando e o trabalhador e empresários quebrando…

  3. Por que ele não mandou aumentar a produção de cloroquina nessa época?
    Ou ele já contava com milhares de mortos no carnaval. Ele gosta…

  4. Quem não sabia, desde novembro/dezembro, que a peste chinesa não estava prestes a se espalhar pelo Mundo? Claro, a santíssima e inquestionável tava dizendo para abraçar um chinês.

  5. Só papai Noel, Doria e outros governadores papagaios é que não sabiam. Incrível é que eles foram avisados por um tal Jair Bolsonaro. Estranho né?

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Saúde

Brasil tem 8.535 mortes e 125.096 casos confirmados de covid-19; nas últimas 24 horas, 614 óbitos

Foto: Reprodução

O Brasil acumula 125.096 casos confirmados e 8.535 mortes por covid-19, desde o primeiro registro oficial da doença no país.

As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (6) por meio do painel do Ministério da Saúde.

Nas últimas 24 horas, foram registrados 614 óbitos.

R7

Opinião dos leitores

  1. O Brasil é o 37º em casos de mortes por milhão de habitantes com 40 pessoas o 1º lugar está com a Bélgica com 692.
    Na média mundial consta 34 mortes por milhão de habitantes. O Brasil está em 6º na quantidade por maior número de mortos.
    A média mundial de mortos está em 34 por milhão.

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Finanças

IBGE: Rendimento médio mensal do 1% mais rico no país é 33,7 vezes o que recebe metade dos pobres

Foto: © WILSON DIAS-ABR

Em 2019, o rendimento médio mensal do 1% mais rico da população, que recebia R$ 28.659, correspondia a 33,7 vezes o rendimento da metade da população mais pobre do Brasil, que ganhava R$ 850. É o que aponta a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) – Rendimento de Todas as Fontes 2019, divulgada nesta quarta-feira (6), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita alcançou R$ 294,4 bilhões em 2019. A parcela dos 10% da população com os menores rendimentos detinha 0,8% dessa massa, enquanto que os 10% com os maiores rendimentos concentravam 42,9% em 2019.

A desigualdade fica evidente também no índice de Gini de rendimento médio mensal de todos os trabalhos, que mede a concentração de uma distribuição e que varia de zero (perfeita igualdade) a 1 (desigualdade máxima). O Índice de Gini é um instrumento matemático utilizado para medir a desigualdade social.

O índice de Gini do rendimento médio mensal real habitualmente recebido de todos os trabalhos foi de 0,509 em 2019. Entre 2012 e 2015, houve uma tendência de redução deste indicador, passando de 0,508 para 0,494. Segundo o IBGE, a partir de 2016, entretanto, o indicador voltou a aumentar para 0,501, valor no qual se manteve em 2017, chegando a 0,509 nos dois últimos anos da série.

“O Brasil é historicamente conhecido como um país de grande desigualdade social e econômica. A desigualdade continua elevada e o movimento de redução é um processo que leva tempo”, disse a analista do IBGE responsável pela pesquisa, Alessandra Brito.

Rendimentos

Do total de pessoas residentes no Brasil em 2019, 131,2 milhões (62,6%) tinham algum tipo de rendimento. O rendimento médio real de todas as fontes, após subir 2,8% em 2018 (para R$ 2.247), manteve-se praticamente inalterado em 2019 (R$ 2.244). O Sudeste registrou o maior valor (R$ 2.645), seguido pelo Sul (R$ 2.499) e pelo Centro-Oeste (R$ 2.498), enquanto os menores valores estavam no Nordeste (R$ 1.510) e no Norte (R$ 1.601).

O número de pessoas com rendimento de todos os trabalhos subiu de 43,4% da população (90,1 milhões) em 2018 para 44,1% (92,5 milhões) em 2019. Já a aposentadoria ou pensão era recebida por 14,7% da população no ano passado, mantendo estabilidade em relação a 2018 (14,6%) e subindo 1,6 ponto percentual em relação a 2012 (13,1%).

O rendimento médio mensal real de todos os trabalhos foi de R$ 2.308 no ano passado. O valor manteve-se praticamente estável em relação a 2018, quando ficou em R$ 2.317. O maior valor da série ocorreu em 2014, quando alcançou R$ 2.364. Após queda de 4,1% em 2015 frente a 2014, o rendimento de todos os trabalhos ficou praticamente estável nos anos de 2016 e 2017 e registrou expansão de 2,3% em 2018.

Alessandra destaca que três quartos da renda do domicílio vêm da renda do mercado de trabalho. “A gente vem observando que, a partir de 2015, 2016, o mercado de trabalho começou a ter uma mudança de característica, de redução do trabalho com carteira assinada, do aumento da informalidade, de inserções mais precárias e isso reflete no rendimento das famílias”, acentuou.

Desigualdade

Segundo o IBGE, em 2019, permanecem as grandes discrepâncias entre o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas brancas (R$ 2.999), pardas (R$ 1.719) e pretas (R$ 1.673). Também continuam as diferenças de gênero: o rendimento de todos os trabalhos dos homens (R$ 2.555) é 28,7% mais alto que o das mulheres (R$ 1.985).

A analista do IBGE destacou que a desigualdade entre homens, mulheres, pessoas brancas, pardas e negras é um fenômeno estrutural do país. “O mercado de trabalho ainda precifica de forma diferente de acordo com as características das pessoas”, afirmou.

De acordo com a pesquisa, o rendimento médio dos trabalhadores com ensino superior completo (R$ 5.108) era, aproximadamente, três vezes maior que o daqueles com somente o ensino médio completo (R$ 1.788) e cerca de seis vezes o daqueles sem instrução (R$ 918).

“Em 2019, o rendimento de todos os trabalhos compunha 72,5% do rendimento médio mensal real domiciliar per capita. Os 27,5% provenientes de outras fontes se dividiam em rendimentos de aposentadoria ou pensão (20,5%) em sua maioria, mas também em aluguel e arrendamento (2,5%), pensão alimentícia, doação ou mesada de não morador (1,1%) e outros rendimentos (3,4%)”, informou o IBGE.

O percentual de domicílios atendidos pelo Bolsa Família caiu de 13,7% em 2018 para 13,5% em 2019. Em 2012, 15,9% dos domicílios do país recebiam o Bolsa Família. Já o Benefício de Prestação Continuada (BPC) era recebido em 3,7% dos domicílios do país em 2019, percentual praticamente igual ao de 2018 (3,6%) e 1,1 ponto percentual acima do de 2012 (2,6%).

Agência Brasil

Opinião dos leitores

    1. Pra você ver o estrago que um ano de governo Temer e um e meio de Bolsonaro pode fazer!

  1. Esse mesmo estudo pode ser aplicado ao estado do RN, onde a elite do funcionalismo recebe 35.000 reais enquanto a maioria dos trabalhadores do estado recebe um salário mínimo de 1.045 reais

    1. Só a do RN?! É bom lembrar em que poder essa elite está mais presente não é: O Judiciário!

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Saúde

Estudo realizado por pesquisadores brasileiros independentes e voluntários aponta o Brasil como o novo epicentro de coronavírus no mundo

(Foto: Reprodução/CIIS/FMUSP)

Um estudo realizado por pesquisadores brasileiros independentes e voluntários aponta o Brasil como o novo epicentro de coronavírus no mundo. De acordo com o levantamento, até 4 de maio, o país tinha entre 1,3 milhão e 2 milhões de casos confirmados da doença, mais do que o registrado nos Estados Unidos, atual epicentro, com 1,2 milhão de casos, segundo o monitoramento da universidade americana Johns Hopkins.

O número apresentado no Portal Covid-19 foi calculado com base em modelos matemáticos que têm como base a Taxa de Letalidade da Coreia do Sul, um dos poucos países que tem conseguido realizar testes em massa – o que sugere que o índice seja mais próximo do real. A Taxa de Letalidade dos Casos é ainda ajustada a partir de um deslocamento temporal entre o registro de óbitos e a confirmação de casos. O estudo estima que o Brasil já tenha entre 10 mil e 12 mil mortos por coronavírus.

“O Brasil é hoje o principal foco da epidemia no mundo. O atraso dos resultados e a subnotificação nos levam a lidar com números muito distantes da realidade. Não estamos conseguindo gerenciar a pandemia. O que estamos fazendo é apenas lidar com os casos de internação, mas sem um cenário preditivo”, explica à Crescer o professor Domingos Alves, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), que integra a equipe do Portal Covid-19.

Oficialmente, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde nesta segunda-feira (4), o Brasil tem 107.780 casos de coronavírus e 7.321 mortes causadas pela doença. Ainda de acordo com o governo, 1.427 óbitos permanecem em investigação. O próprio ministério admite, porém, que apenas pacientes internados são testados para coronavírus no país. Os casos de assintomáticos ou pessoas com sintomas leves não são sujeitos à testagem e, portanto, não são notificados.

“A média mundialmente aceita de pacientes que precisam ser hospitalizados por Covid-19 gira em torno de 15%. Se temos hoje 107 mil casos notificados no boletim oficial, e sabemos que, por falta de testes, só estão sendo testadas pessoas internadas, não é difícil concluir que 85% das pessoas contaminadas com a Covid-19 não aparecem na estatística. Isso se levarmos em consideração apenas as falas do próprio governo. Sabemos, porém, que os números são ainda maiores”, explica Domingos Alves.

São Paulo concentra a maior parte das notificações, com 32.187 casos e 2.654 mortes, segundo o Ministério da Saúde. Já segundo o Portal Covid-19, o total real de casos varia entre 421,7 mil e 650,9 mil. O Rio de Janeiro, que aparece em segundo lugar no país, tem 11.721 casos e 1.065 óbitos registrados oficialmente. A estimativa, porém, aponta entre 152,3 mil e 244 mil casos da doença até 4 de maio.

“O que mais nos preocupa hoje é o número de casos ocorrendo nas cidades do interior, com uma infraestrutura muito menor do que a observada nas capitais. Isso pode fugir do controle dos gestores estaduais. O que as pessoas não estão levando em consideração é que o atraso de medidas mais rígidas, a falta de gestão da pandemia, representa vidas que poderiam estar sendo salvas”.

Isolamento e ‘lockdown’

O Brasil tem hoje uma taxa de distanciamento de 50%, muito abaixo da considerada ideal, em torno de 70%. Ainda assim, os números mostram que o isolamento praticado até aqui reduziu o número de mortes no país, que poderia ser ainda mais alarmante. “Estimamos que os números de óbitos seriam de 3 a 4 vezes maiores se não tivéssemos esse nível de isolamento”, explica Alves.

Na opinião do pesquisador, não é momento de flexibilizar a circulação de pessoas. Pelo contrário, estudiosos do Portal Covid-19 acreditam que, para evitar ainda mais mortes, o chamado “lockdown” – que impõe a restrição de circulação – deveria ser adotado quando a ocupação de leitos hospitalares nas capitais estiver em 70% – ou 60% no caso de cidades do interior, que têm menor infraestrutura de saúde. Em São Paulo, a taxa de ocupação de leitos já ultrapassa os 80%. No Rio, o índice já passa de 90%. Ainda assim, apenas 4 cidades brasileiras – todas no Maranhão – já adotaram o “lockdown”.

“Se formos rigorosos agora, talvez daqui um mês possamos tomar medidas de relaxamento como o que está ocorrendo em Portugal, Nova Zelândia e Alemanha. Se não o fizermos, estaremos cada vez mais parecidos com o cenário dos EUA e o Equador, com muitos mortos em casa por falta de atendimento.”

Crescer – Globo

Opinião dos leitores

  1. Uma pesquisa não pode usar o parâmetro de subnotificaçao para o Brasil e para o EUA ter dados exatos. Até pq se diz que o único país que testa em massa é a Coreia do Sul. Portanto se o Brasil tem cerca de 107 mil casos e o mais provável seria de 1,3 a 2 milhões entao o estados unidos que tem 1.2 milhão, deveria ter bem mais que o Brasil. E lá sim é o epicentro da doença. Vcs leitores tbm chegam a essa conclusão???

  2. Esse estudo deve ter sido feito pelo mesmo que fez o de Fátima que previu 11.378 mortos no RN dia 15/05 num cenário otimista.

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Saúde

No Brasil, coronavírus afeta mais os jovens: faixa de 20 a 49 anos concentra casos, diz estudo

Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo

Dados do portal Covid-19 Brasil, que tem se destacado pelo acerto de suas projeções da pandemia de coronavírus, mostram que a doença no país está concentrada na faixa etária que vai de 20 a 49 anos, com números próximos de 500 mil casos. No município do Rio, 43% dos registros são de pessoas entre 30 e 49 anos.

E apesar de os óbitos seguirem uma tendência mundial – 85% dos mortos têm acima de 60 anos – o percentual de mortes observado entre brasileiros com menos de 50 anos tem sido maior do que o verificado em outros países da Europa e Estados Unidos.

A pneumologista Margareth Dalcolmo, da Fiocruz, foi a primeira a advertir, com veemência, ainda em março, que o país “rejuvenesceria” a doença, como resultado da combinação da pirâmide etária brasileira com o baixo grau de distanciamento social.

— Não estamos falando de casos leves ou assintomáticos. Nos referimos a pessoas que adoeceram com gravidade e engrossaram a triste estatística de casos confirmados. E casos confirmados em nosso país, sem testes e com altíssima subnotificação, são os mortos e os internados em hospitais com um quadro grave da Covid-19 —salienta Dalcolmo, que integra o comitê científico que assessora o governo do estado do Rio de Janeiro no combate ao novo coronavírus.

Foto: Editoria de Arte

A pneumologista se uniu ao especialista em análises numéricas Domingos Alves, do portal Covid-19 Brasil, para investigar e analisar o impacto da doença no Brasil. O portal reúne cientistas e estudantes de várias universidades brasileiras.

As análises levaram em conta dados oficiais do Ministério da Saúde, do Portal da Transparência do Registro Civil e do próprio portal Covid-19 Brasil, que faz estimativas dos casos subnotificados e projeções da evolução da pandemia. O especialista em informática biomédica Filipe Bernardi detalhou os dados por bairro da cidade do Rio.

— É fácil observar no boletim oficial do município o impacto da Covid-19 nas pessoas entre 30 e 49 anos, que representam 43% do total. A despeito do número de óbitos ser maior nas idades mais avançadas, existe um significativo percentual de jovens sendo internados — diz Alves, especialista em modelagem computacional e líder do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo.

Ele observa que, de maneira geral, os óbitos no Brasil seguem a tendência mundial, de serem mais prevalentes em idades acima de 60 anos (85%).

Entretanto, o percentual de mortes observado no país para pessoas com menos de 50 anos tem sido maior do que o verificado em outros países, como Itália, Espanha e Estados Unidos. No Brasil, 7% dos mortos tinham entre 40 e 50 anos; e 3,9% entre 20 e 39 anos.

— O jovem tem mais defesas imunológicas. Por isso, morre menos, mas não quer dizer que não adoeça com gravidade. A situação está grave demais. Muita gente ainda não entendeu que o distanciamento social é a única maneira opção que temos para conter o coronavírus — diz Dalcolmo.

Ser jovem não é ser imune

Ser novo, não ter fatores de risco e praticar atividade física não garantem imunidade a ninguém. Por exemplo, um dos pacientes de Dalcolmo é uma moça de 21 anos, moradora da Zona Sul do Rio e de perfil atlético. Na semana passada, ela começou a sentir sintomas da Covid-19 e, dentre eles, a sensação de estar com a panturrilha “queimando”.

Um exame revelou trombos, uma das marcas da doença. Seu único possível fator de risco, diz a médica, era tomar pílula anticoncepcional.

A comparação entre a distribuição etária do boletim oficial e a do portal Covid-19 Brasil mostra uma diferença importante. O boletim registra as pessoas que foram testadas e, portanto, internadas (casos graves e críticos). Já o portal considera todos os infectados, incluindo assintomáticos e sintomáticos leves.

— Essa população, provavelmente em grande maioria de sintomáticos leves ou assintomáticos, é a lenha que alimenta o espalhamento da epidemia — diz Alves.

Margareth Dalcolmo salienta que a pirâmide etária não é tudo. O fator socioeconômico também pesa:

— Os jovens em maior risco não são os de classe média e alta, que podem se dar ao luxo do home office. São os de classes mais baixas, que precisam sair para trabalhar. Pessoas que não têm informação suficiente sobre a doença e que moram em comunidades com elevada circulação do coronavírus. A doença espelha nossa demografia e nossa disparidade social.

Cálculo cobre lacuna

O portal Covid-19 Brasil tem estimado o número de casos de pessoas infectadas no país por meio de modelagem reversa. Desta forma, contornam a ausência de dados, pois o Brasil segue sem testagem em massa.

O grupo emprega como base de cálculo o número de mortes notificadas. Embora as mortes também sejam subnotificadas, são um indicador mais consolidado do panorama nacional.

Os cientistas aplicam a taxa de letalidade da Coreia do Sul e ajustam os números à pirâmide etária do Brasil. O país asiático é usado como base porque tem dados consolidados sobre testagem desde os primeiros casos.

Domingos Alves diz que a metodologia usada está disponível no site do projeto Covid-19 Brasil.

O Globo

 

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Saúde

Brasil tem 105.222 casos do novo coronavírus e 7.288 mortes; 263 óbitos nas últimas 24 horas

Foto: Nelson Antoine/Estadão Conteúdo

O Brasil registrou nas últimas 24 horas, 263 mortes por covid-19, acumulando 7.288 óbitos em decorrência da doença, segundo balanço do Ministério da Saúde, divulgado na tarde desta segunda-feira (4).

O número de casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus atingiu 105.222, com acréscimo de 4.075 novos registros de ontem para hoje.

R7

 

Opinião dos leitores

  1. Sei que sub notificação, mas também o que tem de defuntos enterrados com causa de covid-19 sem ser, é muito maior.

  2. Até sexta espero que não chegue a uns 14 mil mortos, esses 7 mil são dados confirmados fora as sub notificações. O inacreditável é que ainda tem gente perguntando quando que vai começar o pico como se fosse esperando uma chuva ou começar um show. Será que não entende que a bixiga do isolamento é justamente para não acontecer o pico. Querem fazer depois do pico o isolamento quando não se mais jeito?
    "Brasileiro não tem ser estudo ele que precisa estudar".

    1. “O isolamento é pra não chegar o pico”! Kkkkkkkkkkkkkkk achei que já tinha ouvido de tudo, mas essa foi muito boa! E o melhor é que manda o povo estudar! Kkkkkkk

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Saúde

Brasil registra 85.380 casos de covid-19 e 5.901 mortes; 435 óbitos nas últimas 24 horas

Foto: André Pera/Agência FB/Estadão Conteúdo

Passados 44 dias desde o registro da primeira morte por covid-19 no Brasil, o país acumula até esta quinta-feira (30) 5.901 óbitos decorrentes da doença, segundo o Ministério da Saúde.

De ontem para hoje, foram confirmadas 435 mortes — o que não significa que tenham ocorrido neste período, mas que foi oficializado o registro.

O número de pessoas com diagnóstico positivo de infecção pelo novo coronavírus chegou hoje a 85.380 em todo o país, com 7.218 casos adicionados ao balanço de ontem para hoje.

Com os números desta quinta-feira, Brasil ultrapassa China — país onde a pandemia teve origem — em casos e óbitos e se torna 10º país mais afetado pela pandemia.

De acordo com a Universidade Johns Hopkins, nos EUA, a China tem hoje 83.944 casos e 4.637 mortes.

Entretanto, os números oficiais são objeto de desconfiança na comunidade científica internacional, que destaca eventual falta de transparência do governo chinês. Por outro lado, a China se defende e diz que controlou o avanço do coronavírus ao isolar completamente por mais de 70 dias a província de Hubei, que concentrou a maioria dos casos.

R7

Opinião dos leitores

  1. Nem tudo está perdido, a pandemia também trouxe um benefício para quem é feio: a máscara.

  2. Todo dia é o mesmo:
    – Bolsonaro fala merda
    – As instituições soltam nota de repúdio
    – O gado espalha fake news no zap
    – A oposição/esquerda só reage com raiva divulgando mais aquilo que quer combater

    E pessoas morrem morrem morrem

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Economia

Desemprego avança para 12,2% e atinge 12,9 milhões de pessoas no 1º trimestre

Foto: REUTERS/Amanda Perobelli

A taxa de desemprego subiu para 12,2% no primeiro trimestre, alta de 1,3 ponto percentual na comparação com os três meses anteriores, divulgou nesta quinta-feira (30) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o número de trabalhadores desocupados no país chega a 12,9 milhões, um acréscimo de 1,2 milhão de pessoas.

“Esse crescimento da taxa de desocupação já era esperado. O primeiro trimestre de um ano não costuma sustentar as contratações feitas no último trimestre do ano anterior (por conta dos temporários contratados no Natal)” , diz a analista da pesquisa, Adriana Beringuy. “Essa alta na taxa, porém, não foi a das mais elevadas. Em 2017, por exemplo, registramos alta de 1,7 ponto percentual”, completa.

Na comparação com o primeiro trimestre de 2019, quando marcou 12,7%, a taxa de desocupação do primeiro trimestre deste ano caiu meio ponto percentual.

Segundo a analista da pesquisa, os números de desemprego de janeiro a março ainda não refletem o impacto das medidas de isolamento social adotadas para frear o avanço do novo coronavírus.

“Grande parte do trimestre ainda está fora desse cenário. Não posso ponderar se o impacto da pandemia foi grande ou pequeno, até porque falamos de um trimestre com movimentos sazonais, mas, de fato para algumas atividades ele foi mais intenso”, comentou.

População ocupada sofre queda recorde

A população ocupada diminuiu em 2,3 milhões de pessoas no trimestre, para 92,2 milhões, uma queda de 2,5% — a maior de toda a série histórica meida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal (PNAD Contínua), iniciada em 2012. A baixa reflete recuo de 6,1% dos serviços domésticos, também recorde.

Em relação ao primeiro trimestre do ano passado, a população ocupada permaneceu estável.

Informalidade recua

Os empregos sem carteira assinada no setor privado tiveram queda recorde de 7% no primeiro trimestre. Das 2,3 milhões de pessoas que deixaram o contingente de ocupados, 1,9 milhão são trabalhadores informais.

Assim, a taxa de informalidade baixou de 41% no último trimestre de 2019 para 39,9% no primeiro deste ano, representando 36,8 milhões de trabalhadores. No primeiro trimestre do ano anterior, a taxa estava em 40,8%.

O grupo dos informais é composto pelos trabalhadores sem carteira, domésticos sem carteira, empregadores sem CNPJ, trabalhadores por conta própria sem CNPJ e trabalhadores familiares auxiliares.

O emprego com carteira e o conta própria sem o CNPJ também caíram no trimestre.

No recorte por setor, todas as atividades registraram perdas: indústria (2,6%), construção (6,5%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (3,5%), alojamento e alimentação (5,4%), outros serviços (4,1%) e serviços domésticos (5,9%).

Nº de pessoas fora da força de trabalho também é recorde

A quantidade de pessoas fora da força de trabalho também bateu recorde no primeiro trimestre, subindo para 67,3 milhões, um ganho de 1,8 milhão de pessoas em relação ao trimestre anterior (2,8%) e de 2 milhões de pessoas contra igual trimestre de 2019 (3,1%).

O grupo é composto por pessoas que não estão procurando trabalho, mas que não se enquadram como desalentados (aqueles que desistiram de procurar emprego). O universo de desalentados ficou estável em 4,8 milhões.

“A população fora da força de trabalho já vinha crescendo, e é importante lembrar que no primeiro trimestre de cada ano, essa população costuma aumentar, porque é um período de férias e muita gente interrompe a procura por trabalho”, observa Adriana Beringuy.

O rendimento médio real habitual (R$ 2.398) no trimestre encerrado em março ficou estável no trimestre. Já a massa de rendimento caiu para R$ 216,3 bilhões, queda de 1,3% em relação ao trimestre anterior. Na comparação com um ano antes, a massa de rendimentos ficou estável.

Coleta por telefone

Por prevenção contra a pandemia de Covid-19 e seguindo as orientações do Ministério da Saúde, o IBGE interrompeu a coleta presencial de todas as suas pesquisas em 17 de março de 2020. Desde então, as informações passaram a ser apuradas por telefone.

Com isso, a taxa de resposta da PNAD Contínua em março de 2020 caiu para 61,3% — em janeiro, tinha sido de de 88,4% e fevereiro, de 87,9%. Porém, o IBGE analisou os impactos na taxa de desocupação e no rendimento médio habitual, e não observou aumento significativo nos coeficientes de variação, o que, segundo o instituto, tornou viável a divulgação dos dados do primeiro trimestre.

CNN Brasil

Opinião dos leitores

  1. Obedeçam Fátima, fiquem em casa, o desemprego vai chegar, depois a fome, a violência, o suicídio, mas o importante é fazer o que a governadora manda.

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Saúde

Brasil tem 78.162 casos confirmados por Coronavírus e 5.466 mortes; 449 óbitos nas últimas 24 horas

Foto: Bruno Kelly/Reuters

O Brasil contabiliza, até a tarde desta quarta-feira (29), 5.466 mortes por covid-19, com acréscimo de 449 novos óbitos nas últimas 24 horas, informa o Ministério da Saúde.

O número de casos já chega a 78.162, sendo 6.276 de ontem para hoje, maior número diário desde o início da pandemia no país.

O ministro da Saúde, Nelson Teich, disse ontem que a manutenção de números em um patamar elevado demonstra o “agravamento da situação” da pandemia da covid-19 no país.

A pasta estima que 34.132 pessoas já se recuperaram da doença. Outras 38.564 estão em acompanhamento.

Veja o número de casos confirmados e óbitos por unidade da federação:

São Paulo: 26.158 casos (2.247 óbitos)
Rio de Janeiro: 8.869 casos (794 óbitos)
Ceará: 7.267 casos (441 óbitos)
Pernambuco: 6.194 casos (538 óbitos)
Amazonas: 4.801 casos (380 óbitos)
Bahia: 2.646 casos (96 óbitos)
Maranhão: 2.804 casos (166 óbitos)
Pará: 2.422 casos (137 óbitos)
Espírito Santo: 2.107 casos (76 óbitos)
Minas Gerais: 1.758 casos (80 óbitos)
Santa Catarina: 1.995 casos (44 óbitos)
Rio Grande do Sul: 1.368 (50 óbitos)
Paraná: 1.348 casos (82 óbitos)
Distrito Federal: 1.275 casos (28 óbitos)
Amapá: 1.016 casos (31 óbitos)
Rio Grande do Norte: 1.086 casos (54 óbitos)
Alagoas: 957 casos (41 óbitos)
Goiás: 705 casos (27 óbitos)
Paraíba: 699 casos (59 óbitos)
Roraima: 452 casos (6 óbitos)
Rondônia: 433 casos (15 óbitos)
Piauí: 454 casos (24 óbitos)
Acre: 354 casos (17 óbitos)
Sergipe: 337 casos (12 óbitos)
Mato Grosso: 292 casos (11 óbitos)
Mato Grosso do Sul: 249 casos (9 óbitos)
Tocantins: 116 casos (3 óbitos)

R7

Opinião dos leitores

  1. No mundo todo, muitas mortes.
    Enquanto isso, no desgoverno Lula e Dilma, foram 650 mil homicídios.
    E os zumbis achavam normal.
    Agora há uma pandemia e traçaram um plano infalível: colocar a culpa em Bolsonaro!
    A esquerda bolivariana não cansa de passar vergonha.
    O comunismo é uma seita.
    O salário de um médico em Cuba é de 200 reais e esse pessoal ainda acha o marxismo maravilha …
    Décadas de doutrinação nos bancos das universidades…

  2. O Brasil mudou muito mesmo depois que o tocador de berrante chegou ao Palácio do Planalto. O Brasil se emocionou com a queda do avião da chapecoense, não era pra menos, pois tivemos 71 vítimas fatais. Mas agora o gado cego e ensandecido repete: E DAÍ??? E DAÍ ?? para mais de cinco mil igualmente brasileiros mortos, em nome de uma suposta recuperação econômica. Vidas sempre serão vidas , seja de gente ou de gado!!!! Repensem tudo . Tá tudo errado no Brasil.

    1. Isso ai, companheiro zumbi.
      A cupula mandou ficar repetindo gado, "e daí ".
      Amanhã pode pegar a mortadela no comitê.
      Vocês perderam a eleição.
      A única chance de voltarem é ficar tentando iludir a população com esses bordões.
      Acorda, Brasil!
      Os zumbis de Maduro e Lula posam se sabichões…

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