Finanças

Em meio à crise, Petrobras reduz patrocínio para o Carnaval de Salvador; R$ 12 milhões para escolas de samba do RJ mantidos

No centro da crise desencadeada com a operação Lava Jato, que investiga suspeitas de corrupção, a Petrobras vai investir no Carnaval da capital baiana apenas um quarto do que desembolsou no ano passado.

Em 2014, a estatal aplicou R$ 10,5 milhões, montante que caiu para R$ 2,3 milhões este ano.

Pela primeira vez nos últimos anos, a Petrobras não adquiriu uma das cotas de patrocínio direto para a festa, repassadas para a prefeitura. No ano passado, foram R$ 7 milhões em patrocínio.

A verba para blocos afros e afoxés foi mantida, mas reduzida de R$ 2,6 milhões para R$ 2,2 milhões. Dez entidades foram beneficiadas.

Também houve corte de recursos para bancar trios independentes, que desfilam sem cordas.

Em 2014, foram cinco atrações num investimento de R$ 600 mil. Este ano, a Petrobras bancará apenas o desfile do trio Armandinho, Dodô e Osmar, que custará R$ 150 mil.

Um dos atingidos pelo corte foi o cantor e compositor Luiz Caldas, que tinha patrocínio da empresa havia três carnavais. Sem os recursos, Caldas -considerado o pai da axé music – vai desfilar em apenas dois dias da festa.

“A gente já esperava essa dificuldade com a Petrobras pelos problemas que a empresa está enfrentando. Esperamos que a parceria seja retomada”, diz Alan Barbosa, empresário do cantor.

CRISE E CRÍTICAS

Presidente do Conselho do Carnaval de Salvador, Pedro Costa diz que a redução do valor dos patrocínios atinge não só a Petrobras, mas outras empresas privadas.

“A crise da economia e o direcionamento dos investimentos em marketing para a Copa prejudicaram o Carnaval. No caso da Petrobras, a redução é ainda mais compreensível, tendo em vista as denúncias que saem na imprensa”, diz.

O corte de verbas foi criticado pelo prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).”

Não posso deixar de registrar, enquanto cidadão, minha indignação de ver que o dinheiro que seria colocado no Carnaval de Salvador foi desviado para o esquema do ‘petrolão’ da Petrobras”, disse ele há duas semanas.

OUTRO LADO

Questionada sobre o corte, a Petrobras informou que fez uma “readequação dos valores” para 2015 e que optou por “priorizar” os blocos afro e de afoxé.

A estatal afirmou que o valor do patrocínio aos blocos se manteve “no mesmo patamar” do ano passado – mesmo com uma redução de R$ 400 mil -e disse que fez uma “reavaliação” do patrocínio a trios independentes.

A Petrobras ainda anunciou a manutenção do patrocínio de R$ 12 milhões para escolas de samba do Rio de Janeiro, que tem como contrapartida benefícios fiscais de ICMS do governo estadual.

Folha Press

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