O aroma característico de modelos zero-quilômetro é tão valorizado pelo consumidor que a maioria das montadoras possui uma equipe específica para isso, o “nose team” (time dos narizes).
“O cheiro está associado à conquista do carro novo”, afirma Adília da Conceição Afonso, supervisora de acabamento da Ford.
Esse aroma é o resultado da união das fragrâncias características dos materiais da cabine, como borracha, plástico e tecido. O trabalho dos especialistas é estabelecer combinações que sejam agradáveis.
Na Volkswagen, cabe à osmóloga (especialista em aromas) Maria de Lourdes a tarefa de “sentir” cada componente e também a de analisar o odor final do veículo.Hoje os fabricantes entendem que o conforto sensorial interfere diretamente na percepção de qualidade de seus produtos. Por isso, as peças do interior do veículo são cheiradas uma a uma em clínicas e, caso não agradem ou provoquem alergias, são reformuladas antes de entrar em produção.
“Há uma escala que vai de 1 (inodoro) a 6 (insuportável). Se receber nota acima de 3, o item é reprovado”, conta Maria de Lourdes, que uma vez por ano viaja à Europa para “calibrar” seu nariz na companhia de outros avaliadores do grupo VW.
A Audi criou seu “nose team” em 1985. Atualmente, há seis técnicos na Alemanha, sendo quatro mulheres.
“Não adicionamos aromatizantes aos componentes. Apenas fazemos a combinação correta deles na cabine. Cada modelo possui um aroma para atrair seu público”, diz Heiko Lüssmann-Geiger, chefe do laboratório de odores da marca.
Pelos padrões da empresa alemã, o cheiro característico de carro novo tem de durar cerca de seis meses.
Porém, equipar o carro com tapetes de borracha e hábitos como fumar ou comer na cabine podem mascarar a fragância original. Supermercados e lojas de acessórios oferecem produtos que prometem imitar o cheiro de carro novo, mas o alergista Adriano Bueno de Sá alerta: “Alguns aromatizadores podem provocar sono, dor de cabeça e irritações nasais”.
Além dos especialistas em cheiros, as montadoras possuem outros profissionais cuja função é desenvolver soluções que vão além dos conceitos mecânicos.
Há, por exemplo, o “maestro” que afina o ronco dos motores e os engenheiros que cuidam das texturas da cabine. O objetivo é despertar sensações que proporcionem admiração pela marca e fidelidade aos seus produtos.
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