Fotos: Reprodução/ TV Globo
A Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF) encontrou uma ossada enquanto fazia buscas em uma área próxima a uma ponte em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, onde teriam sido deixados sacos com corpos de três meninos desaparecidos no município.
Segundo informações obtidas pelo G1, os ossos achados se assemelham a costelas e estariam dentro de um saco preto.
O material foi levado para perícia e deve demorar pelo menos sete dias para ser analisado. Foram encontrados também fios de cabelo, que serão analisados.
Segundo fontes da Polícia Técnico-Científica, a ossada será levada para o setor de antropologia do Instituto Médico Legal. Não está descartado que seja uma ossada animal, devido ao estado avançado de decomposição.
A informação veio de uma denúncia nesta semana. Após sete meses de investigação, um homem se apresentou à polícia acusando o próprio irmão de ter participado da ocultação dos corpos.
Um saco com corpos teria sido jogado de uma ponte, que fica acima de um rio que corta o município. A ação é feita com a ajuda de bombeiros do quartel de Belford Roxo e Grupamento de Buscas e Salvamento da corporação.
Lucas Matheus, de 9 anos, e Alexandre Silva, 11, e Fernando Henrique, 12, sumiram no dia 27 de dezembro depois que saíram para brincar.
Nesse período, os agentes já trabalharam com várias linhas de investigação — entre elas, a de que as crianças tenham sido vítimas de traficantes da região.
Outra hipótese é a de que os meninos tenham sido mortos após um deles ter roubado uma gaiola de passarinho de um parente de um dos traficantes do Castelar, onde moram.
Várias operações e buscas já foram realizadas em lugares onde surgiram notícias de que eles foram vistos, mas nada que leve ao paradeiro dos meninos.
Informações falsas e trotes que chegam pelo Disque Denúncia também atrapalham o trabalho dos investigadores.
Veja detalhes da investigação
Última imagem dos meninos, feita na Rua Malopia, perto da feira de Areia Branca — Foto: Reprodução
1. Quando os meninos sumiram?
Lucas Matheus, de 9 anos, e Alexandre Silva, 11, e Fernando Henrique, 12, desapareceram no dia 27 de dezembro após sair para brincar no campo de futebol ao lado do condomínio onde moram, no bairro Castelar.
2. Quando eles foram vistos pela última vez?
Eles foram vistos pela última vez em uma feira no bairro da Areia Branca, também em Belford Roxo.
3. O que fizeram os familiares após o sumiço?
Os meninos costumavam voltar para casa para almoçar. As famílias estranharam a demora e começaram as buscas por conta própria.
Eles percorreram diferentes locais, como hospitais, IML e delegacias. Também postaram fotos das crianças nas redes sociais.
4. Quando a polícia foi acionada?
Sem pistas, as mães dos meninos foram, no dia seguinte, à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense para pedir ajuda.
5. O que fez a polícia?
A polícia iniciou as investigações e a busca por imagens de câmeras de segurança que tivessem registrado os passos dos meninos, mas nada encontrou.
As primeiras testemunhas só foram ouvidas uma semana depois que as famílias procuraram a polícia para comunicar o desaparecimento.
Os investigadores fizeram ainda operações na região para tentar achar alguma pista deles, mas nada foi encontrado.
A DHBF também coletou material genético dos familiares para armazenamento em banco de dados e análise de DNA.
6. O que fez o Ministério Público?
Promotores analisaram o material recolhido pela polícia e encontraram imagens de câmeras de segurança mostrando os meninos passando na Rua Malopia, perto da feira de Areia Branca
As imagens só foram achadas em março, mais de dois meses depois do sumiço.
A filmagem já tinha sido apreendida pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense durante as investigações.
7. O que dizem os familiares dos meninos?
Segundo os familiares, a investigação começou tarde demais. Eles também reclamam da falta de pistas sobre o caso e de muitos trotes.
“Só trote, só trote [Quero pedir] Para as pessoas não ficarem fazendo isso com a gente, mandando trote, porque é muito doloroso”, diz Tatiana Ribeiro, mãe de Fernando Henrique.
“Minhas filhas vão sempre na delegacia tentar saber de algo, mas a polícia diz que não tem pista nenhuma. Acho estranho não ter nada. Ou às vezes acho que eles não querem passar o que sabem para a gente”, diz Silvia Regina da Silva sobre as filhas Camila Paes Silva, mãe de Lucas, e Rana Jéssica da Silva, mãe de Alexandre.
8. Alguém foi preso durante a investigação?
No dia 20 de julho, a PM prendeu um homem que, segundo a corporação, teria envolvimento no caso.
Conhecido como “Rabicó”, ele foi detido por policiais do 39° BPM (Belford Roxo). Investigadores ouvidos pelo G1 disseram que o Rabicó não consta nas investigações da Polícia Civil sobre o caso e que o homem seria um traficante na comunidade Castelar, região de onde eram os meninos.
Apesar do nome não estar nas investigações, a Polícia Civil não descarta que a prisão possa ajudar, já que ele atuava no tráfico da área. O celular dele foi encaminhado para análise.
9. Há denunciados no caso?
Dez suspeitos viraram réus por torturar um homem acusado injustamente pelo sumiço dos meninos.
Segundo a polícia, o homem é inocente e foi espancado e surrado a mando de traficantes de uma organização criminosa.
Entre os denunciados, está o tio de Lucas e Alexandre, que teria atraído o homem até o local onde ele foi agredido pelo grupo.
Entre os denunciados também está Wiler Castro da Silva, vulgo “Estala”, gerente do tráfico de drogas do Castelar e apontado como suspeito do desaparecimento das crianças.
10. Qual é a última informação sobre o caso?
Nesta quarta-feira (28), um homem se apresentou à Polícia Militar e acusou o irmão de ter participado da ocultação dos corpos dos três meninos.
Ele foi até o 39º BPM (Belford Roxo) e declarou que as crianças teriam sido espancadas e mortas a mando de José Carlos dos Prazeres Silva, conhecido como “Piranha”, e que os corpos foram levados para a Estrada Manoel de Sá em um carro e depois deixados em uma ponte.
O homem disse que procurou uma unidade da PM porque a delegacia era perto da comunidade Castelar.
Depois da denúncia, o outro irmão também se apresentou à Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense e negou as acusações. Ele afirmou que a denúncia foi motivada por uma rixa com o irmão.
11. O que falta esclarecer?
Quase quatro meses depois do desaparecimento, a Polícia Civil criou uma força-tarefa para as investigações, com agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, da Subsecretaria de Inteligência e da Delegacia de Descoberta de Paradeiros.
Mas até agora, ninguém sabe o que de fato aconteceu com as crianças.
G1
Comente aqui