Foto: Jorge William / O Globo/27-10-2014
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nessa sexta-feira que o governo federal está finalizando os estudos que resultarão em uma “redução importante” das despesas. Estão no foco desses ajustes um corte nas despesas de benefícios como o seguro-desemprego, auxílio-doença e abono salarial, que tiveram crescimento acelerado nos últimos anos. Os cortes também envolverão a redução de subsídios financeiros.
Falando a jornalistas depois de fazer uma apresentação em evento em São Paulo, Mantega citou o BNDES como um exemplo de onde poderia ocorrer essa redução. O banco estatal tem uma série de programas de financiamento com juros abaixo da taxa básica Selic, incluindo a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), e vem recebendo injeções de recursos do Tesouro Nacional.
O ministro disse que o papel dos bancos públicos no crédito é “fundamentalmente” anticíclico e lembrou que na fase mais aguda da crise financeira internacional, o crédito privado secou e foi preciso que os bancos públicos assumissem um protagonismo.
Mantega ressaltou, no entanto, que espera que a partir de um novo ciclo de crescimento os bancos privados liberem mais crédito e os públicos não precisem ser tão ativos nessa área. Ele insistiu que não é uma estratégia do governo uma maior participação dos bancos públicos no crédito e sim uma questão de política anticíclica.
— A estratégia macroeconômica para iniciarmos esse novo ciclo de expansão é um ajuste tanto da política fiscal quanto da política monetária — disse. — Do ponto de vista da política fiscal temos que caminhar para um aumento gradual do primário, em relação ao resultado de 2014 — Para isso nós temos agora que fazer uma redução das despesas, uma redução importante das despesas.
Os comentários do ministro ocorrem em um quadro de profunda deterioração das contas públicas, com déficit primário recorde em setembro. O governo precisa revisar sua meta de superávit primário para este ano e deve fazer o mesmo para 2015. Mesmo assim, serão necessários cortes de despesas para equilibrar as contas.
Em sua apresentação, o ministro disse que o desafio agora é “fazer a transição para a economia pós-políticas anticíclicas”, em preparação para um novo ciclo de expansão da economia mundial e brasileira.
Mantega disse que também é preciso recuperar a receita e lembrou que com uma melhora da atividade econômica, cujas condições “estão dadas” segundo ele, isso ocorrerá naturalmente.
Do lado da política monetária, o ministro disse que o objetivo é “uma convergência ao centro da meta”, de 4,5%, apontando a seca deste ano como uma fator de pressão sobre os preços dos alimentos e as tarifas de energia.
— É uma economia pós-crise, com menos estímulos — resumiu, classificando como um “novo ciclo de expansão da economia”, mas deixando claro que os estudos não estão concluídos.
Sobre o reajuste do preço da gasolina, em 3%, e do diesel, em 5%, a avaliação é que o impacto na inflação seja de 0,1 ponto percentual. No acumulado dos 12 meses encerrados em outubro, o IPCA está em 6,59%, acima do teto da meta, que é de 6,5%.
NOVO MINISTRO
Ao falar do cenário econômico, Mantega afirmou que, apesar das dificuldades, o governo deve conseguir fazer um saldo fiscal positivo (superávit) em 2014.
Sobre sua saída, reforçou que não sabe quando acontecerá e evitou fazer comentários sobre possíveis substitutos.
— Não sou a melhor pessoa para comentar o nome desses possíveis ministros — concluiu.
O Globo
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