Política

Cunha acusa Janot de obrigar delator a ‘mentir’ para constranger o Legislativo

2015071576023Eduardo Cunha ataca o procurador-geral da República, Rodrigo Janot – Givaldo Barbosa / Agência O Globo

– Acusado de pressionar o consultor Júlio Camargo para receber US$ 10 milhões em propinas para que fosse viabilizado um contrato de navios-sonda da Petrobras, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reagiu nesta quinta-feira. Cunha atacou o Executivo e, objetivamente, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a quem acusa de “obrigar” Camargo a mentir em seu depoimento.

– O delator foi obrigado a mentir e acho muito estranho ser na véspera do meu pronunciamento e na semana em que a parte do Poder Executivo envolvida no cumprimento dos mandatos judiciais tenha agido com aquela fanfarronice toda. Há um objetivo claro de constranger o Legislativo e que pode ter o Executivo por trás em uma articulação do procurador-geral da República – afirmou Cunha, logo após reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

Visivelmente abalado, Cunha leu a nota que havia divulgado minutos antes para se defender das novas revelações feitas por Júlio Camargo à Justiça Federal. O deputado disse que seus advogados tomarão providências a respeito do caso e creditou o fato a uma suposta tentativa de constrangimento por parte do Executivo devido às discussões na Câmara sobre pedidos de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

– No momento em que tem um aprofundamento da discussão sobre eventual decisão de pedido de impeachment, de repente quererem constranger o Poder Legislativo? Eu acho isso um absurdo e não vou aceitar ser constrangido – disse Cunha.

O presidente da Câmara afirmou se tratar de uma “ilação” e um “fato falso” e defendeu que a delação de Júlio Camargo deve ser considerada “nula”, pois ele teria apresentado versões contraditórias em seus depoimentos e também porque deveria ter sido enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), já que Cunha, citado no caso, tem foro privilegiado.

– Esse delator, desmentindo o que já delatou, por si só já perde o direito à sua delação. Essa delação é nula, foi homologada por autoridade incompetente. Se eu faço parte da delação dele, não é o juiz que pode homologar – apontou o deputado, que disse que Camargo estaria mentindo.

O peemedebista disse ainda que irá manter seu pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, marcado para a noite desta sexta-feira, em que irá fazer um balanço de seus primeiros seis meses de gestão no comando da Câmara. O deputado disse que não irá alterar o conteúdo do que já foi gravado diante dos fatos novos.

– Não vou regravar nada. Não estou me pronunciando para fazer defesa de fatos pessoais, mas uma prestação de contas do trabalho na Câmara – disse.

O Globo

Opinião dos leitores

  1. Já tem pastor pronto para entrar na justiça pedindo o dízimo da proprina que esse ladrão recebeu….

  2. Brasil: onde corruptos, racistas e fascistas só se surpreendem com a corrupção, o racismo e o fascismo dos outros.

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