Saúde

Novo coronavírus pode estar em circulação silenciosa entre morcegos há décadas

Morcegos são vendidos em mercado de animais exóticos na Indonésia. Foto: Reprodução – 09.fev.2020 / Reuters

A linhagem que deu origem ao vírus causador da Covid-19 pode estar circulando em morcegos há décadas. É o que indica um estudo realizado por um grupo de cientistas da China, Europa e Estados Unidos, e publicado nesta semana no jornal acadêmico Nature Microbiology.

Os pesquisadores tentaram reconstruir a história de evolução do vírus Sars-CoV-2 e o que eles descobriram pode ajudar a prevenir futuras pandemias, de acordo com informações da Universidade de Glasgow, cujos cientistas contribuíram com os estudos.

O grupo descobriu que a linhagem à qual o vírus causador da Covid-19 pertence divergiu de outros vírus de morcegos, entre 40 e 70 anos atrás. Segundo a instituição, a pesquisa mostra que o Sars-CoV-2 divergiu de um outro tipo de coronavírus, chamado RaTG13, em 1969 – os dois são geneticamente similares (cerca de 96%).

Os cientistas entenderam que um dos traços mais antigos que o Sars-CoV-2 compartilha com seu ancestral RaTG13 é o domínio de ligação ao receptor localizado na proteína spike, a qual permite que o vírus reconheça e se conecte aos receptores na superfície das células humanas.

Cientistas descobriram que a linhagem à qual o vírus causador da Covid-19 pertence divergiu de outros vírus de morcegos, entre 40 e 70 anos atrás. Foto: Reprodução – 09.fev.2020 / Reuters

“O novo coronavírus tem um material genético que é altamente recombinante, o que significa que diferentes regiões do genoma do vírus podem ser derivadas de múltiplas fontes”, explicou Maciej Boni, professor associado de biologia da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos EUA.

Segundo ele, essa facilidade de se recombinar dificulta a reconstrução da verdadeira origem do vírus. “É preciso identificar todas as regiões que têm se recombinado e traçar sua história.”

Para isso, o grupo de cientistas se aprofundou na análise do genoma do vírus Sars-CoV-2 para identificar e remover as partes que se recombinam.

Depois, reconstruíram as histórias das regiões que não se recombinam e compararam umas com as outras para tentar determinar quais vírus específicos estavam envolvidos nas recombinações passadas.

A partir disso, os pesquisadores conseguiram reconstruir as relações evolutivas entre o Sars-CoV-2 e os vírus conhecidos mais próximos de morcegos e pangolins.

CNN Brasil

 

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