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O professor Carlos Alberto Decotelli, anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro, nesta quinta-feira, como o novo ministro da Educação pretende fazer uma gestão pautada no diálogo. Segundo ele, sua gestão será técnica e não há espaço para polêmicas relacionadas à ideologia.
Em entrevista ao GLOBO, o ex-presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) afirmou que pretende estabelecer relacionamento estreito com estados e municípios para traçar a retomada das aulas e irá conversar com o Congresso na articulação do Fundeb.
Oficial da reserva da Marinha, Decotelli é professor da área de finanças na Fundação Getúlio Vargas (FGV) e atuou junto ao governo desde a transição, quando participou do plano voltado para a área da educação.
Qual será sua prioridade à frente do MEC?
São três as prioridades: a primeira é ampliar o diálogo e interlocução para que haja divulgação correta em relação às políticas do MEC; atualizar o cronograma dos compromissos que estão estabelecidos; as ponderações em relação ao novo Fundeb; as políticas envolvendo a covid-19 e a parte de biossegurança. Queremos fazer um trabalho de gestão interna integradora, com diálogo mais forte entre FNDE e a Capes, e a estrutura operacional que é a estrutura estratégica no gabinete. A preocupação com a biossegurança para reativação das aulas e o Fundeb (são as principais questões).
A última gestão do MEC ficou distante dos secretários estaduais. Pretende mudar isso?
Procuraremos um diálogo com o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação). A secretária Cecília Motta (presidente do Consed) é muito eficiente e interessada em dialogar, será um diálogo intenso para que tenhamos a qualidade e a proteção contra a covid, na parte da saúde, e ao mesmo tempo, cronograma possível para retomada das aulas.
Acredita que sua boa relação com Congresso ajudou na sua escolha como ministro? Ajudará na condução do Fundeb?
A professora Dorinha (DEM-TO, relatora do Fundeb) é uma grande entusiasta, conhecedora do ensino e ela coopera muito. Existe no MEC uma profissional que está há mais de um ano trabalhando e conversando com a economia (sobre o Fundeb). Tanto a comissão de educação da Câmara quanto do Senado estão bastante integrados com a necessidade de resolver a questão. O senador Flávio Arns(REDE), Dario Berger (MDB-SC)… São nossas pontas de interlocução específica por serem pessoas com grande laço na área educacional.
Na sua opinião, do que o MEC precisa nesse momento?
O que o MEC mais precisa agora é executar as políticas públicas na educação, colocar em prática o que é previsto, arregaçar as mangas. Eu sou professor, trabalhei como presidente do FNDE e minha prática é entregar para a sociedade da melhor maneira possível as políticas de educação.
O senhor foi presidente do FNDE e, na época, houve relatos de desavença com o ministro Abraham Weintraub.
Eu saí do FNDE porque foi uma questão de troca institucional e voltei para a academia. Quem teve desavença com o ex-ministro foi meu sucessor.
Quando foi feito o convite? Te surpreendeu?
Eu vim ontem (quarta-feira) para Brasília. Houve uma série de referências. Eu fiz uma gestão amplificada no FNDE, viajando o Brasil, ensinando as prefeituras, um diálogo forte com os secretários, conversas fortes no Congresso. A minha ideia de o FNDE fazer sempre palestras no auditório do Congresso, com o presidente Rodrigo Maia, essa prática foi lembrada que eu poderia voltar a trabalhar no governo para estender método de gestão e diálogo, que a política educacional deveria voltar a dar essa orientação quanto à metodologia de trabalho.
Seus antecessores no MEC tiveram uma gestão marcada pela questão da ideologia. Como será sua atuação em relação a essa área?
Eu sou uma pessoa que sou professor da FGV há muito tempo e a minha questão é o trabalho. Eu não tenho nem preparação para fazer discussão ideológica. Vou conversar, dialogar. Minha visão é transformar o ambiente da política educacional em ambiente de sala de aula, e na sala de aula conversamos. A minha função é técnica.
O Globo
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