Finanças

Desvios pagaram táxi aéreo, reformas e imóvel para Dirceu, diz delator

Responsável por aproximar a Engevix do PT, o lobista Milton Pascowitch diz ter pago despesas pessoais do ex-ministro José Dirceu e de parentes dele com dinheiro recolhido de contratos de fornecedores prestadores de serviços da Petrobras.

Os depoimentos e recibos de pagamentos feitos pelo lobista, que se tornou delator da Operação Lava Jato no final de junho, são os principais indícios de corrupção envolvendo o ex-número dois do governo Lula, que foi preso nesta segunda (3).

Entre as provas documentais contra o ex-ministro apresentadas pelo delator estão comprovantes de pagamentos pela Jamp Engenheiros Associados, empresa de Pascowitch, no valor de R$ 1 milhão, entre abril e dezembro de 2011, à empresa JD Assessoria e Consultoria Ltda, que pertence ao ex-ministro.

Segundo Pascowitch, não houve prestação de serviços pelo ex-ministro à Jamp.

Pascowitch também apresentou recibos de uma doação de R$ 1,3 milhão à arquiteta Daniela Fachini que seria referente à reforma da casa utilizada por Dirceu em Vinhedo (SP). O imóvel servia de residência ao ex-ministro antes de ele iniciar o cumprimento da pena do julgamento do mensalão na Papuda (DF).

A Jamp Engenheiros Associados, conforme o delator, também pagou pela reforma de apartamento localizado na rua Estado de Israel, em São Paulo, em nome do irmão de José Dirceu, Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, que também foi preso nesta segunda. Os pagamentos somaram cerca de R$ 1 milhão à construtora Halembeck Engenharia.

Outro favor pago pelo lobista foi a compra de um apartamento por R$ 500 mil para Camila Ramos de Oliveira e Silva, filha do ex-ministro.

TÁXI AÉREO

Parte dos pagamentos ocorreu também com a quitação de faturas da Flex Táxi Aéreo Ltda., que locava jatos com os quais o ex-ministro cruzou o país durante a campanha para se defender perante a militância petista à época em que era réu na ação penal 470, o julgamento do mensalão.

De acordo com Pascowitch, o contrato firmado entre Jamp Engenheiros Associados e a JD Consultoria visava “cobrir o caixa” da firma do ex-ministro. Em geral, eram feitos pagamentos mensais entre R$ 80 mil e 90 mil que estavam lastreadas pelo contrato de prestação de serviços.

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Opinião dos leitores

  1. Tem alguma coisa muito estranha nessa estoria toda. Por quê só o juiz Sérgio Moro, entre milhares de juízes pelo Brasil, manda prender os Petistas? Mesmo sem provas, apenas com suposições.
    Cadê os outros juízes? Será que não existe nada além da Lavajato envolvendo Petistas para ser investigado por algum outro juiz?
    Ou os outros juízes são todos frouxos, ou esse juiz faz coisas que nenhum outro juiz teria coragem de fazer sem correr o risco de ser injusto.
    Pela ligação da esposa do juiz com o PSDB, acho a segunda opção mais provável.

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Finanças

Sérgio Guerra pediu 'recompensa' para frear CPI da Petrobras, diz delator

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, um dos principais delatores na Operação Lava Jato, disse em vídeo gravado pela PGR (Procuradoria Geral da República) que o ex-senador e ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra (PE), morto em 2014, pediu “uma recompensa” para não efetivar uma CPI da Petrobras no Congresso.

Costa contou ainda que recebeu do chefe de gabinete do então presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli (PT), Armando Tripodi, um sinal verde para levar a negociação adiante.

Segundo Costa, Guerra lhe pediu pessoalmente um total de R$ 10 milhões como propina, durante reunião da qual participou o atual deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE). No vídeo, gravado em fevereiro pela PGR no Rio de Janeiro com autorização do STF, Costa contou que o valor foi pago por meio do empresário lldefonso Colares, da empreiteira Queiroz Galvão –escolhida para a operação porque tem como origem o mesmo Estado do senador, Pernambuco.

“‘Serviço realizado’. Sim. E a CPI não foi feita”, afirmou Costa. Voltando-se para seu advogado, o ex-diretor afirmou: “PSDB, doutor”.

Segundo Costa, o diálogo com o senador, ocorrido em um hotel no Rio de Janeiro, foi o seguinte: “[Sérgio Guerra falou:] ‘Paulo, nós estamos aqui para discutir um assunto que é interesse da Petrobras e tal, não sei o quê’. [Eu disse] ‘Qual é o assunto?’. ‘Não, temos a possibilidade de não efetivar a CPI da Petrobras’. Lá em 2009, 2010. Eu falei ‘mas como é que isso?’ ‘Não, se tiver uma recompensa aí a gente…'”

As declarações de Costa abrem dúvidas sobre o exato ano dessas negociações, pois no ano de 2009 o Senado chegou a abrir e tocar uma CPI sobre a Petrobras, embora Costa tenha dito que a CPI “não foi feita”. A CPI de 2009, que foi curta (de julho a dezembro) e encerrada laconicamente sem grandes revelações, teve como relator outro investigado na Lava Jato, o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Sérgio Guerra foi membro titular da comissão no bloco da minoria.

Um dos focos alegados da CPI foi a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, sob investigação do TCU. Porém, nenhum dos empreiteiros que participaram das obras foi ouvido na comissão. No depoimento à PGR, Costa disse não saber detalhes de como o dinheiro foi pago pela Queiroz Galvão a Guerra, se em caixa dois ou em doações eleitorais oficiais.

Nas eleições de 2010, empresas do grupo Queiroz Galvão doaram um total de R$ 11,6 milhões para o PSDB, divididos entre a direção nacional e os diretórios estaduais do partido. Naquele ano, Sérgio Guerra era o presidente nacional do PSDB. No mesmo ano, a construtora repassou R$ 13,5 milhões a diretórios nacional e estaduais do PT.

OUTRO LADO

Na campanha eleitoral do ano passado, quando a Folha de S.Paulo revelou as declarações de Paulo Roberto Costa sobre o suposto pagamento de propina a Guerra, o PSDB emitiu nota na qual afirmou que o partido “defende que todas as denúncias sejam investigadas com o mesmo rigor, independente da filiação partidária dos envolvidos e dos cargos que ocupem”.

Francisco Guerra, filho do ex-senador, afirmou na época: “Eu não tenho absolutamente nenhuma declaração a dar. Eu não tenho como falar com alguém que já não está mais aqui. Mas eu preservo o legado do meu pai com muita honra”.

Em petição ao STF no inquérito que investiga sua eventual participação em delito sob investigação na Operação Lava Jato, o deputado Eduardo da Fonte negou qualquer irregularidade. “Inicialmente esclareço que nunca compactuei ou pratiquei atos de corrupção em minha vida e que estou à inteira disposição de Vossa Excelência e desse egrégio Supremo Tribunal Federal para esclarecer quaisquer elementos referentes”.

Procurada pela reportagem no último dia 9 de março, a Petrobras afirmou que reitera que Armando Tripodi “nega ter tratado sobre a suposta tentativa de obstruir o funcionamento da CPI” criada para investigar a Petrobras com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, com qualquer parlamentar específico ou empresa fornecedora da companhia”.

“Tripodi coordenou os trabalhos para a produção de esclarecimentos solicitados pela CPI na época e teve contatos com o ex-diretor sobre os assuntos pertinentes à área de Abastecimento”, informou.

Leia a seguir os principais trechos do vídeo em que Costa narra suas negociações com Fonte e Guerra:

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Finanças

PETROBRAS: Cartel existe desde meados da década de 90, mas foi mais efetivo a partir de 2004, com Duque e Costa, diz delator

Em novo depoimento à Justiça Federal do Paraná na segunda-feira, 9, o executivo Augusto Mendonça, que fez acordo de delação premiada no processo da Operação Lava Jato, afirmou que o cartel chamado por ele de “clube” de empreiteiras que atuava nas licitações da estatal, existe desde meados da década de 1990, período que abrange a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Segundo Mendonça, ex-representante da Toyo Setal, o cartel “passou a ser mais efetivo a partir de 2004, graças às negociações dos diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Engenharia e Serviços)”.

“Isso (o acerto entre as empresas) passou a ter efetividade, de fato, a partir de 2004, quando este grupo negociou com os dois diretores, Paulo Roberto e Renato Duque, de modo que a lista de convidados fosse restrita às empresas que participassem desse grupo. A partir daí, durante um período o resultado dessas reuniões, dessas escolhas, passou a ser mais efetivo”, explicou o executivo, que firmou acordo de delação premiada com a força-tarefa do Ministério Público Federal.

Augusto foi arrolado como testemunha de acusação nas ações penais contra as empreiteiras decorrentes da sétima etapa da Lava Jato. Segundo ele, desde meados da década de 1990, em meio a uma crise do setor, as empresas se reuniram por meio da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) e realizaram grupos de trabalho com a estatal petrolífera “no sentido de discutir e melhorar as condições contratuais, de modo que as empresas poderiam performar melhor e a Petrobras obter melhores preços e condições contratuais”. Paralelo a estas negociações, segundo o delator, as nove empresas que faziam parte do grupo, na época, se reuniam cerca de três vezes por ano tinham o compromisso de não competir umas com as outras.

Propinas

Em 2014, explicou, os contatos com as diretorias de Paulo Robert Costa e Renato Duque intensificaram a atuação do cartel em contrapartida às propinas que passaram a ser pagas para a diretoria de Costa, que encaminhava para o PP, e para a de Duque que o delator afirmou não ter nenhum político envolvido, mas que as investigações apontam que ia para o PT.

“Pelo lado da diretoria do Paulo Roberto existia a figura do José Janene que procurou as companhias dizendo que o partido dele (PP) tinha sido o responsável pela indicação de Paulo Roberto e que por conta disso iam passar a pedir uma comissão nos contratos da Petrobras”, contou o delator.

Augusto detalhou como se davam os pagamentos da propina nas duas diretorias, sendo que na de Abastecimento o processo começou com Janene e depois passou a ser operacionalizado por Youssef, e que na de Serviços eles conseguiam emitir notas fiscais “de cinco empresas”, sem detalhar quais, e que os pagamentos podiam ocorrer tanto por meio de transferências para contas no exterior como em dinheiro vivo no Brasil.

Por fim, ele relatou que, a partir do fim de 2011 e começo de 2012, a atuação do clube foi perdendo eficácia. “(As reuniões) foram interrompidos porque perderam completamente a eficácia. Ainda na gestão do Paulo e do Duque foram perdendo eficácia com inclusão de novas companhias propositadamente pelo lado da Petrobras. E também a partir da saída deles, que aconteceu no começo de 2012, essa interlocução com a companhia acabou, a partir daí essas reuniões se tornaram absolutamente ineficazes e deixaram de acontecer, não houve mais nenhuma tentativa de acordo a partir dessa época”, relatou.

fonte: Estadão Conteúdo

Opinião dos leitores

  1. Se for comprovado, a eleição deve ser anulada e tem que ir todos para a cadeira, inclusive os do PSDB. Por enquanto são os corruptos que estão delatando, e esse povo não merece muita confiança. Mas caso a justiça consiga provas, que seja feita a justiça.
    Particularmente, tenho as minhas dúvidas de que a justiça consiga provas, caso contrário o juiz não teria permitido o vazamentos de informações selecionadas para uma determinada revista com objetivo claro de tentar influir nas eleições.

  2. “O rei está nu”, mostrou Marco Aurélio, Ministro do STF.
    Segundo o Jornalista Paulo Moreira Leite, diretor do 247 em Brasília, o Ministro do STF "apontou o dedo para uma situação que muitos enxergam, mas por interesse político, covardia ou conforto pessoal, preferem fingir que não estão vendo — os abusos da Operação Lava Jato contra as regras do Estado Democrático de Direito".

  3. Há tá…
    O executivo Augusto Mendonça, que fez acordo de delação premiada no processo da Operação Lava Jato, afirmou que o cartel chamado por ele de “clube” de empreiteiras que atuava nas licitações da estatal, existe desde meados da década de 1990, período que abrange a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB)?
    O cartel chamado por ele de “clube” de empreiteiras que atuava nas licitações da estatal, existe desde meados da década de 1990, período que abrange a gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB)?
    Segundo ele, desde meados da década de 1990…
    Será que agora dá pra entender porque tanta indignação quando só se aponta o dedo para determinados escolhidos enquanto se escondem outros? Ou precisa desenhar?
    Em meio a uma crise do setor, as empresas se reuniram por meio da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi) e realizaram grupos de trabalho com a estatal petrolífera “no sentido de discutir e melhorar as condições contratuais…
    A ORIGEM!

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Finanças

Renato Duque recebia propina na sede da Petrobras, diz delator

O ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, recebia propina dentro da sede da estatal, segundo declarações de Pedro Barusco, que era gerente dessa mesma área. Barusco disse no acordo de delação premiada que fez com procuradores da Operação Lava Jato que ele próprio entregou recursos de suborno a Duque dentro da estatal.

O ex-gerente afirma que ele recebeu por Duque cerca de US$ 40 milhões entre 2003 e o fim de 2011 em contas no exterior. Barusco relata que também recebia propinas em reais, pagas mensalmente entre 2005 e 2011, em valores que somam entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões.

Ainda de acordo com Barusco, os montantes em reais eram entregues a Duque dentro da diretoria de Serviços.

O ex-diretor de Serviços foi indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu e ocupou o posto entre 2003 e 2011, nos governos de Lula e de Dilma Rousseff. Duque negou em inúmeras ocasiões que José Dirceu tenha sido o seu padrinho na estatal.

O delator conta que havia vários caminhos para que o suborno chegasse aos diretores da Petrobras. Segundo ele, um dos operadores do suborno, Shinko Nakandakari, “entregava pessoalmente o dinheiro em euros, reais ou dólares, sempre na quantia correspondente a aproximadamente R$ 100 mil, normalmente nos hotéis Everest, Softel e Caesar Park, onde tomavam um drink ou jantavam”.

Ainda segundo ele, Shinko entregava a propina em nome de Galvão Engenharia, EIT e Contreiras.

O delator afirmou que ia na casa de outro repassador de suborno, Mario Goes, para pegar “umas mochilas com valores”, que variavam de R$ 300 mil a R$ 400 mil. Goes, afirmou, pagava propina em nome as seguintes empresas: UTC, MPE, OAS, Mendes Junior, Andrade Gutierrez, Schain, Carioca e Bueno Engenharia.

CAIXA

Barusco disse que guardava o dinheiro em uma caixa em sua casa, “que era usado para pagamento de despesas pessoais e para fazer repasses a Renato Duque”.

De acordo com O ex-gerente, até presidentes de empreiteiras faziam pagamento de suborno sem usar intermediários. Ele cita o ex-presidente da Queiroz Galvão, Ildefonso Collares (que deixou o cargo há dois anos), como um dos “agia diretamente como operador no pagamento de propinas”. O dono da GDK, César Oliveira, também agia dessa forma, ainda de acordo com Barusco.

Em 2005, a apuração sobre o mensalão descobriu que a GDK dera um jipe Land Rover, avaliado à época em cerca de R$ 70 mil, a Silvio Pereira, secretário-geral do PT naquela época. A empresa passa por dificuldades econômicas e está em recuperação judicial desde 2013.

PRISÃO E LIBERDADE

Duque foi preso por ordem do juiz federal Sergio Moro e solto por decisão do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, em 3 de dezembro do ano passado. Ele havia sido preso 19 dias antes, em 14 de novembro.

Segundo o ministro, não havia nenhum fato concreto que justificasse a prisão de Duque. O fato de o ex-diretor da Petrobras ter contas ilegais no exterior não eram motivo suficiente para ficar detido, de acordo com o ministro.

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Finanças

PT recebeu US$ 200 milhões em propina, diz delator

imagens-do-dia-20141208-11-size-598 Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras (Divulgação)

O ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco, afirmou à Justiça, em acordo de delação premiada, que o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, recebeu de 150 milhões a 200 milhões de dólares em propina de 2003 a 2013, por meio de desvios e fraudes em contratos com a Petrobras. As revelações de Barusco colocam mais uma vez o caixa do PT no centro do escândalo do petrolão e devem respingar diretamente nas campanhas políticas do partido, incluindo a da própria presidente Dilma Rousseff. Vaccari foi levado na manhã desta quinta-feira para a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo onde prestou esclarecimentos sobre a arrecadação de recursos para a legenda e foi liberado em seguida.

Ainda que tenha negado irregularidade no sistema de arrecadação de campanhas do PT, Vaccari agora é confrontado pela primeira vez com as informações do delator Pedro Barusco, que concordou em colaborar com a Justiça em troca de reduções de pena. Após firmar o acordo de delação, o ex-gerente confirmou, por exemplo, que iria devolver aos cofres públicos impressionantes 97 milhões de dólares recolhidos a partir do megaesquema de cobrança de propina na Petrobras.

“Durante o período no qual foi gerente executivo de Engenharia da Petrobras, subordinado ao diretor de Serviços, Renato de Souza Duque, de fevereiro de 2003 a março de 2011, houve pagamento de propinas em favor do declarante [Barusco] e de Renato Duque, bem como em favor de João Vaccari Neto”, diz trecho do depoimento de Barusco. O pagamento envolveu 90 contratos de obras de grande porte entre a Petrobras, empresas coligadas e consórcios de empreiteiras. Os contratos estavam vinculados às diretorias de Abastecimento, Gás e Energia e Exploração e Produção. No rateio da propina, normalmente eram cobrados 2% do valor do contrato, sendo que 1% era administrado pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa, e o outro 1%, repartido entre o PT e diretores da Petrobras, incluindo Renato Duque e Jorge Zelada, da Área Internacional da petroleira.

Enquanto as projeções de Barusco apontam que o tesoureiro do PT embolsou até 200 milhões de dólares em nome do partido, no mesmo período o delator recebeu 50 milhões de dólares em dinheiro sujo. Em apenas um contrato de sondas de perfuração de águas profundas para exploração do pré-sal, Vaccari, em nome do PT, recebeu 4,5 milhões de dólares em propina.

Ao relatar em detalhes o esquema de pagamentos na Petrobras, Barusco deu um panorama da divisão do dinheiro recolhido do esquema criminoso e relatou que ele próprio era habitué da movimentação de propina na estatal. Segundo o próprio delator, ele começou a receber propina em 1997 ou 1998 da empresa holandesa SBM Offshore enquanto ainda ocupava o cargo de gerente de Tecnologia de Instalações da Petrobras. A propina entre a SBM e a Petrobras se tornou “sistemática” a partir do ano 2000, com uma espécie de parceria fixa entre Barusco e o executivo Julio Faerman, da empresa holandesa. Os pagamentos eram mensais, variando de 25.000 dólares a 50.000 dólares. Em um dos casos, quando já ocupava a gerência-executiva de Engenharia, recebeu 1% de propina de Faerman em um contrato entre a empresa Progress e a Transpetro.

Faerman é apontado como homem-chave para desvendar o escândalo de corrupção que envolve a Petrobras. Em uma denúncia feita por um ex-funcionário da companhia holandesa SBM Offshore, ele é citado como o lobista responsável por intermediar pagamentos de propina a funcionários da empresa.

Graça Foster – Em seu depoimento aos investigadores da Operação Lava Jato, Barusco não apontou a presidente demissionária da Petrobras Graça Foster como beneficiária direta de propina na estatal, mas afirma que parte dos contratos onde o rateio de dinheiro era feito estavam vinculados à diretoria de Gás e Energia, que já foi ocupada por Graça. Barusco indicou que Graça Foster não sabia do esquema de propina e ponderou que se ela e Sauer sabiam, “conservavam isso para si”.

Quando Renato Duque deixou a Diretoria de Serviços, em 2012, ele fez uma espécie de acerto de contas com Barusco para receber parte da proina que havia sido direcionada inicialmente ao auxiliar. No acordo, Barusco destinou valores de futuras propinas para o ex-chefe – pelo acordo do Clube do Bilhão, as empresas precisavam confirmar o pagamento de dinheiro na trama criminosa. Apenas a Camargo Corrêa, por exemplo, devia 58 milhões de reais em propina na época.

Veja

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