Jornalismo

“Congresso brasileiro é circo que tem até seu próprio palhaço”, diz The New York Times

CivfCxTUUAE7EXCFoto: AP Photo/Felipe Dana

Por interino

Um dos espetáculos há mais tempo em exibição no Brasil conta com um número desconcertante de personagens cuja teatralidade aparece em milhões de televisores quase toda noite.

O elenco em constante mudança de 594 integrantes e inclui suspeitos de homicídio e tráfico de drogas, ex-jogadores de futebol, um campeão de judô, um astro sertanejo e uma coleção de homens barbados que adotaram papéis como líderes do movimento das mulheres.

O elenco até mesmo inclui um palhaço cujo nome significa “Zangado”.

Mas eles não são atores. Eles são os homens e mulheres que servem no Congresso nacional.

A democracia pode causar perplexidade e confusão, mas no mundo há pouco que se iguala ao Congresso brasileiro.

Enquanto a nação enfrenta sua pior crise política em uma geração, os legisladores que orquestraram a remoção da presidente Dilma Rousseff (que foi suspensa na quinta-feira e enfrenta um processo de impeachment sob acusação de manipulação do orçamento) estão sob novo escrutínio.

Mais da metade dos membros do Congresso enfrenta processos na Justiça, de casos envolvendo auditoria de contratos públicos até crimes sérios como sequestro ou homicídio, segundo o Transparência Brasil, um grupo que monitora a corrupção.

As figuras sob investigação incluem o presidente do Senado e o novo presidente da Câmara. Neste mês, o presidente anterior da Câmara, um comentarista de rádio evangélica que gosta de postar versos bíblicos no Twitter, foi afastado para ser julgado pela acusação de esconder até US$ 40 milhões em propinas em contas bancárias na Suíça.

Muitos dos problemas do Legislativo derivam das generosas recompensas proporcionadas pelo sistema partidário brasileiro de múltiplas cabeças como de uma hidra, uma coleção desajeitada de dezenas de partidos políticos cujos nomes e agendas com frequência deixam os brasileiros coçando suas cabeças.

Há o Partido da Mulher Brasileira, por exemplo, um grupo cujos membros eleitos no Congresso são todos homens.

“O processo eleitoral permite muitas distorções”, disse Suêd Haidar, a fundadora e presidente do partido. Ela suspirou, reconhecendo que muitos dos homens que ingressam têm pouco interesse em promover os direitos da mulher.

Um dos que se juntaram ao partido, o senador Hélio José da Silva Lima, foi acusado de abusar sexualmente de uma sobrinha menor de idade no ano passado, apesar das acusações terem sido posteriormente retiradas. “O que seria de nós, homens, se não fosse uma mulher ao nosso lado para nos trazer alegria e prazer?” ele foi citado como tendo dito à imprensa brasileira, quando perguntado sobre sua decisão de ingressar no partido das mulheres.

A mesma fúria pública com a corrupção endêmica e má gestão governamental que ajudou a retirar Dilma Rousseff do poder há muito é direcionado à cabala de políticos, a maioria homens brancos, cuja inclinação por acordos escusos e enriquecimento próprio já faz parte do folclore brasileiro.

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Opinião dos leitores

  1. Qdo Tirânica disse ao chegar na Câmara Federal, que sentia em casa…
    Foi um "Deus nos acuda"…
    Agora todos compreendem o que ele quis dizer….

  2. O pior de tudo e q os únicos culpados sao os eleitores, pois quem é que não quer estar no poder? E esses mesmo eleitores sao os que mais crítica, mas quando vem outra eleição fazem pior. Triste realidade!

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Esporte

Teixeira e Del Nero são indiciados pela Justiça dos EUA, diz “The New York Times”

O ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira e o atual presidente da entidade, Marco Polo Del Nero, foram indiciados pela Justiça dos Estados Unidos em uma nova operação que investiga esquemas de corrupção na Fifa, de acordo com o “The New York Times”.

A procuradora-geral da Justiça norte-americana, Loretta Lynch, dará uma entrevista coletiva às 16h30 desta quinta-feira. Ela falará sobre a nova etapa da investigação. É possível que Teixeira e Del Nero sejam citados.

Na manhã desta quinta, a operação prendeu, em um hotel em Zurique, na Suíça, o presidente da Conmebol, o paraguaio Juan Ángel Napout, e o da Concacaf, o hondurenho Alfredo Hawit.

Mais cedo, um porta-voz do Comitê de Ética da Fifa confirmou que um procedimento formal fora iniciado, em 23 de novembro, contra Del Nero. Ele é suspeito de infringir o Código de Ética da entidade. Caso seja suspenso pela Fifa, o presidente da CBF terá de deixar o cargo.

O Globo

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