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FOTOS- Lembra do Menino do Acre? Dois anos depois de sumiço, ele abre quarto enigmático a visitas guiadas

Foto: Bruno Borges/Arquivo Pessoal

O quarto está intacto: as mensagens criptografadas no chão, nas paredes e no teto, a estátua em tamanho real do filósofo italiano Giordano Bruno (1548-1600), todas as imagens que viralizaram em 2017. Dois anos depois do desfecho da estranha história ocorrida, a casa de Bruno de Melo Silva Borges, que ficou conhecido como Menino do Acre, está aberta para visitação pública. E ele mesmo ciceroneia os interessados em conhecer sua obra.

“(Meu quarto) é uma obra de arte. Eu trabalhei durante anos dentro daquele quarto, várias vezes me isolei ali para criar. Fiz muitos jejuns e retiros ali dentro”, afirma ele à BBC News Brasil. “É difícil não sentir uma energia ao entrar dentro dele. “Estudante de psicologia da instituição privada Centro Universitário Uninorte, Borges deve se formar no fim de 2019. Ele tem 27 anos.

Desde então, o quarto não é mais utilizado como dormitório. “Atualmente é restrito à obra de arte”, enfatiza, negando-se a responder se continua morando na mesma residência, com os pais, ou se mudou de casa depois do episódio. “O quarto dele continua como está, aberto a visitação, e afirmo que é incrível, com toda a paz de espírito que se encontra naquele local”, completa o pai do estudante, Athos Borges, empresário do ramo de eventos em Rio Branco. “Uma verdadeira obra-prima.”

O sumiço

De 27 de março a 11 de agosto de 2017, Bruno de Melo Silva Borges ficou desaparecido. Seu quarto com mensagens cifradas ganhou o noticiário nacional e nem investigadores policiais descobriram seu paradeiro. Um inquérito chegou a ser aberto pela Polícia Civil do Acre mas, com o reaparecimento do estudante, o delegado que cuidava do caso decidiu encerrá-lo – alegando que houve “comprovação de ausência voluntária”.

Quarto com mensagens cifradas ganhou o noticiário nacional e nem investigadores policiais descobriram onde estava Bruno Borges. Foto: Bruno Borges/Arquivo Pessoal

Até hoje Borges se nega a contar onde esteve e o que fez no período. Ele conta que ficou completamente “isolado da sociedade, sem contato com quaisquer outras pessoas” – e que se preparou durante cinco anos para a experiência. “Levei alguns suprimentos para garantir minha sobrevivência”, comenta. Também diz ter carregado “alguns livros de filosofia e cabala”. “Ao longo dos dias eu lia, refletia e meditava o tempo todo a respeito da vida, do universo, da psiquê e dos seus mistérios. Meu objetivo era apenas um: autoconhecimento”, explica.

O ex-ermitão conta que passou “muito frio” e ficou “muito fraco fisicamente” no período. “Porém, a maior dificuldade que encontrei foi em encarar meus medos, angústias, dúvidas e uma série de coisas que passei a vida escondendo de mim mesmo”, relata. “Acredito que a busca pela verdade sobre a vida é algo extremamente raro entre os indivíduos justamente porque ninguém quer lidar com o fato de que sua vida inteira foi uma grande ilusão correndo atrás do vento. Acreditem nisso: nós não nos conhecemos, não sabemos nada a respeito de nós mesmos, e esta é uma cruz que só carrega quem se permite enxergá-la.”

O ex-ermitão conta que passou “muito frio” e ficou “muito fraco fisicamente” no período fora de casa. Foto: Bruno Borges/Arquivo Pessoal

O pai Athos Borges recorda-se que foram momentos difíceis para a família. “Só posso dizer que sofremos muito, não só pelo sumiço dele, mas também pela maldade do povo, que crucificou a nós e a ele sem saber o que de fato estava acontecendo… Muita maldade”, diz. “Mas estamos fortes e de cabeça erguida hoje, pelas pessoas que entenderam e nos deram forças… Isso vindo de todos os cantos do mundo.”

O empresário valoriza o trabalho realizado pelo estudante. “Interpreto a obra do meu filho como uma arte que deveria ser conhecida por todos, tamanho o volume de informação e da espiritualidade do Bruno”, avalia. “Graças a Deus, [Deus] o colocou em nossas vidas.”

“Interpreto a obra do meu filho como uma arte que deveria ser conhecida por todos”, diz pai de Bruno Borges. Bruno Borges/Arquivo Pessoal

Ao ser perguntado sobre o percurso realizado dois anos atrás, Bruno Borges entende que sair de casa foi como “sair da zona de conforto” e “abrir mão das regalias com as quais estamos acostumados”. Ele compara seu feito às opções históricas de muitos “monges, profetas e sábios”.

“Isso é necessário, a meu ver, por vários motivos, como pelo fato do ego só sobreviver em convívio social: quando estamos isolados as máscaras que vestimos para cumprirmos este ou aquele papel na sociedade se tornam desnecessárias, e o que ocorre em seguida é um colapso do ego, seu ‘eu’, que foi construído durante anos de existência, deixa de ter uma sustentação e some aos poucos, e se antes você se enxergava com uma individualidade separada de tudo ao redor, você passa a se ver unido com toda a natureza”, explica o estudante de psicologia. “Inclusive, o contato com a natureza ajuda a compreender suas leis, para assim se compreender o criador. Como eu queria ir a fundo nessa busca, conclui que a melhor decisão era sair do meu lar.”

Na época do desaparecimento, diversas hipóteses surgiram convergindo para o fato de que tudo não passaria de um golpe de marketing. Bruno Borges/Arquivo Pessoal

“Eu queria isso, porque pensar sobre o sentido da vida é algo positivo e essencial para o ser humano. E algumas obras que escrevi tratam exatamente disto”, acredita. “Eu queria ser uma pessoa que incentiva todos a filosofarem – e também dar o exemplo, abandonando todos os meus valores e regalias em busca de sabedoria. Tentei quebrar um paradigma da sociedade, despertar as pessoas, pois estamos adormecidos.”

O livro

Publicado no fim de junho de 2017, portanto no meio do retiro voluntário de Borges, o livro TAC: Teoria da Absorção do Conhecimento saiu com tiragem de 20 mil exemplares e chegou a figurar entre os mais vendidos em um levantamento do site especializado PublishNews.

Mas foi um fracasso de crítica. Em seus escritos, o autor defendia a necessidade de dormir pouco, não comer carne e abster-se de relações sexuais – em um percurso necessário para se transformar em um gênio. Além das ideias esdrúxulas, o texto saiu repleto de erros gramaticais e interpretações heterodoxas de obras filosóficas do cânone ocidental.

Em seus escritos, o autor defendia a necessidade de dormir pouco, não comer carne e abster-se de relações sexuais. Bruno Borges/Arquivo Pessoal

“Acontece o seguinte: o livro foi publicado enquanto eu estava isolado. Todos sabemos que as obras estavam codificadas. Houve dificuldades na decodificação, o que fez com que o livro fosse publicado com imagens e palavras trocadas de lugar, sem sentido algum, e o português totalmente errado foi uma das consequências”, justifica-se Borges.

“As pessoas não entenderam o livro, assim como eu também não entendi, porque estava diferente do original. Ninguém tem culpa nisso, o livro chegou nas mãos da editora praticamente ilegível, ela fez o máximo para passar ao público a obra como deveria ser no original. Ainda assim, a intenção por trás do livro é clara: trata-se de um estudo para aprimorar a obtenção de conhecimentos e direcioná-los para algo produtivo, contribuindo para o coletivo.”

O estudante afirma que da tiragem total foram vendidos cerca de 2 mil exemplares. Para o pai, Athos, tratava-se apenas “do primeiro projeto”, “da ponta de uma grande obra que virá por aí”, conforme disse à reportagem.

Em seguida, Borges decidiu disponibilizar todos os demais de forma on-line e gratuita, em seu site. Autodenominando-se “o alquimista do Acre”, ele já disponibilizou para download sete dos 12 livros que afirma ter prontos.

Repercussão

O acreano acredita que as pessoas que não o interpretam corretamente não conhecem a sua história e não compreendem que ele passou “por uma experiência espiritual aos 20 anos de idade”. “Depois dessa experiência de renascimento, eu recebi uma missão, e por ter fé nisso tive certeza de que teria uma grande repercussão. Eu prefiro trabalhar com certezas em meus projetos”, argumenta ele. “Meu objetivo era espalhar uma mensagem para todos, e uma vez que fiquei cinco anos praticamente sem vida social, passando semanas dormindo muito pouco e produzindo bastante, tudo para despertar algo no coletivo. Eu tive certeza de que faria algo que quebraria um paradigma da sociedade. Orava todos os dias pedindo para Deus que me guiasse em minha missão, tive muita fé e aprendi muito com tudo isso.”

Quando voltou de seu isolamento e tomou conhecimento de toda a repercussão, diz ele que avaliou tudo como “grande em quantidade, porém sem qualidade”. “A mídia não se preocupou em averiguar a minha versão da história, e se precipitou considerando de imediato que eu era um interesseiro e farsante que queria apenas dinheiro, bem como as pessoas também me julgaram de forma totalmente equivocada”, diz.

“Quando voltei de um isolamento de cinco meses, eu já estava sendo julgado por toda a sociedade. Como eu avalio isso? Bom, quando você quebra um paradigma na sociedade, a grande maioria das pessoas se sentem ameaçadas, afinal, todo o sistema de crenças que elas construíram desde tenra idade é questionado. Somado a isso, a mídia nunca deu prioridade para assuntos metafísicos, pois se a imprensa começar a tratar destes assuntos, ela vai à falência, visto que a grande maioria da população passa a vida fugindo do grande ponto de interrogação: ‘quem eu sou?’.”

Borges insiste no discurso que fez todas as duas ações “por uma missão”. Bruno Borges/Arquivo Pessoal

Durante a conversa, Borges o tempo todo insiste que fez isso “por uma missão”. “Deixei para trás uma vida de conforto, pessoas que amo, e todos os valores que construí, passei fome e frio, tive que lidar com os demônios de minha mente, com o medo da morte, tudo para ficar rico com livros de filosofia?”, provoca o jovem. “A verdade é que neguei a fama e o dinheiro. Ao retornar para a cidade, recebi mais de 100 propostas para comparecer em redes televisionadas e canais do Youtube. Também me ofereceram muito dinheiro para fazer propagandas. Eu não preciso de nada disso, minha maior riqueza é ter saúde e Deus no coração, só preciso disso e de mais nada.”

Atualmente, ele concilia a faculdade com seus estudos interiores, meditação e reflexões. Também recebe aqueles que querem conhecer o seu quarto – ou melhor, a sua obra. “Para visitar, basta entrar em contato comigo e marcamos um dia que seja bom para ambos. Não é preciso pagar nada”, conta o estudante, que faz os agendamentos por e-mail. “Em geral, uma vez por mês eu recebo visitas, a maioria de pessoas de fora [do País]. Já veio gente da Itália, inclusive.”

Borges afirma que aproveita tais oportunidades para explicar “a verdadeira história por trás de tudo o que aconteceu”. “Minha porta está aberta para qualquer um que queira trocar conhecimentos e experiências”, garante.

R7, com BBC Brasil

 

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Polêmica

VÍDEO: Dois anos depois, Jean Wyllys diz que voltaria a cuspir em Bolsonaro

Foto: Reprodução. Vídeo pode ser conferido aqui em texto na íntegra

Em vídeo publicado nas redes sociais agradecendo pela reeleição a deputado federal pelo Rio de Janeiro, Jean Wyllys (PSOL) disse que cuspiria novamente no rosto do candidado à Presidência da República pelo PSL, Jair Bolsonaro.

“Eu cuspi na cara do fascista e cuspiria outra vez, se ele elogiasse torturadores, e se novamente me insultasse como me insultou homofobicamente depois de derrubar uma presidenta honesta, eu cuspiria naquelas mesmas circunstâncias”, disse o deputado no vídeo de pouco mais de seis minutos, publicado às 21h25 do dia 7 de outubro.

O deputado se referiu à polêmica que se envolveu com presidenciável em 17 de abril de 2016, durante a votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, na Câmara dos Deputados. Depois de dar seu voto contrário ao afastamento da petista, Wyllys chamou os parlamentares favoráveis ao processo de “canalhas” e cuspiu no deputado Bolsonaro.

No vídeo publicado após o fim da apuração do 1º turno, o deputado voltou a defender a liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e se posicionou mais uma vez contra o impeachment da ex-presidente Dilma.

Jean Wyllys ainda diz que enfrentou muita dificuldade na campanha porque, segundo ele, enfrenta o “antipetismo” inclusive no partido dele. “Eu nunca fui petista, nunca me filiei ao PT, mas enfrentei o antipetismo no meu partido, enfrentei os hipócritas do meu partido”, disse.

O psolista foi eleito com 24.295 votos. Na eleição anterior, em 2014, o deputado federal recebeu 120 mil votos a mais e foi eleito com 144.770 votos.

Desde que trocou o papel de ex-BBB pelo de político, Wyllys se envolveu em várias polêmicas. Num bate-boca no twitter em dezembro de 2013 chamou um homem que discordava de um projeto seu contra a discriminação de minoriasde negro, gordo e burro. Entre seus projetos polêmicos está o que pretende regular a produção, industrialização e comercialização da maconha no Brasil, apresentado em 2014. A proposta de Jean Wyllys é que o governo controle o comércio da droga.

R7

 

Opinião dos leitores

  1. Anencéfalo , fascista , kkkk palavreado desses ptralhas , como pode um povo desse eleger um cara desse , FORÇA BRASIL …. FORA PTRALHAS

  2. Esse VERME ….se elegeu na carona do FREIXE ,se acha acima de tudo ,mas acha lindo cuspir no rosto de alguém,típico PTralha,sem noção ,se chamamos de bixa louca ,somos tratados como homofóbicos ,como chama alguém que cuspe na cara de alguém ??? Reponde PTralhas!!!

  3. A pessoa que assiste programas como BBB não poderia dar em outra coisa, Acaba votando em dente assim.

    1. A culpa é dos abestalhados que votaram nele no big brother ai ele se tornou conhecido e deu nisso, foi eleito por muitos que estão com raiva dele, o brasileiro com o titulo de eleitor na mão é um perigo.

    1. Quero ver ele cuspir na cara de Bolsonaro quando ele estiver na presidência,rs

    2. Edir, um cagão q tem medo de ir a um debate vai fazer algo?. Foi cuspido uma vez e será de novo. Fascista é assim: mandam os minions fazer o trabalho sujo. O "lider" é corvarde.

    3. Léo vc é um o*****, b**** e defensor de bandidos, vai pra p**** que pariu vagabundo

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Judiciário

Dois anos depois, nenhum político cumpre regime fechado por mensalão

Quase dois anos após suas prisões, nenhum dos políticos condenados no esquema do mensalão continua em regime fechado.

Dos 13 condenados no núcleo político do escândalo, apenas um ainda tem de dormir na cadeia pelo mensalão, o deputado Pedro Corrêa (PP-PE), que cumpre regime semiaberto. Corrêa, entretanto, foi preso pela Operação Lava Jato e está em regime fechado –mas por motivo alheio ao escândalo deflagrado em 2005.

A situação de Corrêa é semelhante à do ex-ministro da Casa Civil no governo Lula, José Dirceu, também preso em regime fechado, mas pela Lava Jato. A diferença é que Dirceu cumpria prisão domiciliar pelo mensalão e não precisava dormir na penitenciária.

Dos outros dez políticos condenados no esquema, dois nem sequer chegaram a ser presos -José Borba, ex-deputado federal pelo PMDB paranaense e Emerson Palmieri, ex-dirigente do PTB pegaram penas alternativas.

Entre os restantes, dois –José Genoíno, ex-presidente do PT e Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do então PL (hoje PR)– estão livres. O STF extinguiu a pena de ambos.

Os ex-deputados Carlos Rodrigues (PR-RJ), João Paulo Cunha (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT), e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares cumprem prisão domiciliar. O ex-deputado pelo PTB mineiro Romeu Queiroz está em liberdade condicional.

NÚCLEO EMPRESARIAL

No núcleo empresarial do esquema, que pegou penas maiores, a situação é diferente.

Um condenado (Rogério Tolentino, ex-advogado do empresário Marcos Valério) está em liberdade condicional e todos os outros oito ainda cumprem pena em regime fechado ou semiaberto.

O empresário Marcos Valério, Ramon Hollerbach (ex-sócio de Valério), Cristiano Paz (ex-sócio de Valério) e a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello seguem em regime fechado.

Já os ex- vice-presidentes do Banco Rural José Roberto Salgado e Vinícius Samarane, e Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Valério, estão em regime semiaberto.

O último dos condenados a ser preso, o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, que chegou ao Brasil na manhã desta sexta-feira (23) após fugir para a Itália, se une, inicialmente, àqueles que estão em regime fechado. Ele começará a cumprir sua pena, de 12 anos e 7 meses, na penitenciária da Papuda, em Brasília.

O QUE ACONTECEU COM OS CONDENADOS (CLIQUE AQUI)

Folha Press

Opinião dos leitores

  1. Isso é Brasil ou melhor, brasil com letra minúscula….!!! onde o crime compensa, o bandido sendo politico ou nao, no pais das bruzundangas se o cara for primario e furtar dinheiro de um banco quase nao vai pra cadeia, porque a pena pra furto é uma piada!!!!!sem lei e sem moral!!!

  2. A prova mais que concreta que a justiça brasileira esta falida. As leis atuais estão favorecendo os infratores e penalizando os cidadãos de bem. Hoje no Brasil o crime compensa, infelizmente. Se fosse num país sério essas pragas, esses bandidos permaneciam na cadeia pro resto da vida.

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