No momento, os problemas mais críticos da Saúde Pública ainda não estão sendo enfrentados como deveriam. Foi o que ficou evidente na plenária do Conselho Estadual de Saúde (CES-RN), que aconteceu na manhã de ontem. À frente da Sesap, como interina, a mossoroense Dorinha Bularmaqui afirmou aos conselheiros, que “está fazendo o que pode”, mas que está no cargo à espera do novo titular da pasta. Um exemplo é a falta de definição quanto aos novos diretores geral e médico do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, um ponto que para a promotora de Justiça da Saúde, Iara Pinheiro, é prioritário e urgente.
Na plenária do CES-RN Dorinha afirmou que está aguardando a governadora chegar de Brasília para conversar sobre a “escolha do novo titular da pasta e da pessoa ou do grupo para ficar administrando o Walfredo Gurgel”. O complexo hospitalar está sem diretor geral e médico há mais de 30 dias. Pela primeira vez, depois que assumiu, interinamente, a Sesap, Dorinha Bularmaqui, falou à TRIBUNA DO NORTE, após a plenária, e afirmou não ter intenção de assumir o cargo de titular da Saúde Estadual.
“Já falei para a governadora, na sexta-feira”, revelou Dorinha, “que me deixe na retaguarda, na execução das ações, e que veja uma outra pessoa para assumir o cargo”. A possibilidade de terceirização da gestão do HMWG, levantada durante a plenária do CES-RN, foi negada por Dorinha Bularmaqui. “Hoje não existe intenção de terceirizar a gestão do Walfredo. Não existe essa determinação”, garantiu a gestora, que assumiu, há uma semana, após a exoneração do titular Domício Arruda, em meio a uma crise de assistência e de gestão na Saúde, principalmente no Walfredo Gurgel, onde a superlotação alcançou um pico de 93 pacientes em corredores e o lixo se acumular em um dos acessos do complexo.
Na terça-feira, 8, o complexo hospitalar teve a Unidade de Emergência (a Reanimação) interditada eticamente, pelo Conselho Regional de Medicina (Cremern), por internação de pacientes graves em leitos improvisados para terapia intensiva. No dia da inspeção feita pelo Cremern (4 de maio) nove pacientes entubados estavam em leitos improvisados de UTI, nesta unidade. Na terça-feira, 8, o número havia caído para seis.
Ontem, a secretária interina disse que as providências recomendadas pelo conselho já estão sendo adotadas. Uma equipe técnica foi enviada para o HMWG, após a oficialização da interdição ética, na terça-feira, 8. “Já estamos fazendo a adaptação do ambiente, a substituição de alguns leitos, e a medicação já tinha sido providenciada, antes da recomendação”, afirmou Dorinha Bularmaqui.
Segundo ela, o mais difícil, que é a parte da garantia de mais leitos, “está sendo visto”, para que a transferência dos pacientes, conforme recomendado pelo Cremern, seja feita. A interina da Saúde admitiu que a efetividade da transferência de pacientes depende da nomeação dos diretores do HMWG.
“Estamos aguardando uma definição por parte do governo quanto à nomeação dos diretores geral e médico, “que vão poder responder melhor pela unidade”. Dorinha ressaltou que “o desejo é que os pacientes fiquem internados em condições humanas” e que tem “angústia por ver o tipo de assistência que está sendo prestada aqui”.
Segundo ela, a Sesap estuda como disponibilizar técnicos, em número suficiente, para ativar 25 leitos de clínica médica e seis de UTI, no Hospital Dr. Ruy Pereira, em Natal. Outra alternativa é a utilização dos leitos disponíveis no Hospital Regional Alfredo Mesquita, em Macaíba. Mas lá tem plantonista e tem condição de receber os pacientes e vamos investir nessa solução”.
Fonte: Tribuna do Norte
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