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Ter frequentemente noites de sono ruim pode levar a uma vida sexual insatisfatória para muitas mulheres mais velhas, descobriu um estudo publicado nesta quarta-feira (21) na revista científica Menopause: The Journal of The North American Menopause Society.
Na verdade, as mulheres que dormiam mal tinham quase o dobro de probabilidade de relatar problemas como falta de interesse ou prazer sexual do que as mulheres que dormiam bem, de acordo com a pesquisa.
O sono ruim foi medido pelo Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh, que faz perguntas sobre a capacidade de dormir e permanecer dormindo, uso de medicação para dormir, sonolência diurna e muito mais.
Em contraste, o estudo também descobriu que uma boa qualidade do sono estava associada a ter mais atividade sexual, um resultado que “não surpreende ninguém, certo?”, disse a autora principal, Stephanie Faubion, que dirige o Centro de Saúde da Mulher da Clínica Mayo.
“Se você colocar uma bandeja de sono e uma bandeja de sexo na frente de uma mulher cansada, ela vai escolher o sono todas as vezes”, complementou Faubion, que também é diretora médica da Sociedade Norte-Americana de Menopausa.
Esses resultados devem ser um alerta para os médicos começarem a perguntar aos pacientes sobre seu sono e funcionamento sexual. “Em um mundo ideal, toda mulher deveria ser questionada por seu médico sobre sua função sexual. Isso está acontecendo? Não, não está acontecendo”, afirmou Faubion.
“O sono pode ser algo mais fácil de perguntar, e um sono ruim está associado a muitos resultados negativos, como doenças cardiovasculares”, acrescentou. “Se ela não está dormindo bem, isso leva você à próxima pergunta, porque a função sexual provavelmente também está sofrendo”.
Sono e sexo estão interligados
Não são apenas as mulheres que apresentam disfunção sexual devido ao sono insuficiente. Isso também afeta os homens. Um estudo de 2009 descobriu que a apneia obstrutiva do sono – um distúrbio potencialmente grave em que a respiração para e volta repetidamente – estava ligada à disfunção erétil e às dificuldades sexuais mais gerais nos homens. O sono interrompido também leva a um risco maior de disfunção erétil.
Apneia obstrutiva do sono também está ligada à disfunção sexual nas mulheres. A insônia, um distúrbio do sono comum em mulheres, também pode ser um fator de risco para problemas sexuais.
Por outro lado, há uma série de razões pelas quais fazer sexo está relacionado a dormir melhor. Orgasmos não são apenas relaxantes, mas também resultam em aumento de certos hormônios que ajudam homens e mulheres a dormir após o sexo.
Nas mulheres, os níveis de estrogênio aumentam após o orgasmo, o que pode influenciar o ciclo REM e promover uma noite de sono melhor. Nos homens, o orgasmo aumenta a produção de um hormônio chamado prolactina, que promove o sono de ondas profundas – o tipo de que o corpo precisa para se reparar e se restaurar.
Primeiro estudo que pergunta sobre angústia
No estudo publicado na revista científica Menopause: The Journal of The North American Menopause Society, mais de 3.400 mulheres que visitaram as clínicas de saúde Mayo, nos estados de Minnesota e Arizona, responderam a questionários sobre a qualidade do sono entre dezembro de 2016 e setembro de 2019.
As mulheres, que tinham uma idade média de 53 anos, também foram submetidas a avaliação clínica para disfunção sexual e solicitadas a avaliar seu nível de angústia em relação à vida sexual – uma novidade em pesquisa desse tipo.
“Você não pode chamar de disfunção sexual, a menos que uma mulher esteja angustiada com isso”, disse Faubion. “Ela pode ter baixo desejo sexual, mas isso pode não a incomodar. Portanto, o nosso é o primeiro estudo, que eu saiba, que realmente examinou não apenas a função sexual, mas também o sofrimento relacionado a isso”.
A pesquisa fez parte de um levantamento maior chamado DREAMS (ou Registro de Dados sobre Experiências de Envelhecimento, Menopausa e Sexualidade), que acompanhou quase nove mil mulheres por 12 anos. Além da má qualidade do sono, o novo estudo descobriu que mulheres que dormiam regularmente menos de cinco horas por noite também eram mais propensas a relatar problemas sexuais.
No entanto, os resultados deixaram de ser estatisticamente significativos, uma vez que não foram analisados fatores como idade, status de parceiro, educação, raça/etnia, índice de massa corporal, estágio reprodutivo, depressão, ansiedade, problemas de relacionamento, uso de anticoncepcionais e outros medicamentos. Segundo Faubion, já que todos esses elementos podem perturbar o sono, era importante excluí-los para rotular o sono ruim como a possível causa.
O que fazer?
Primeiro, não hesite em discutir questões sexuais e de sono com seu médico, informa Faubion. Embora a maioria das mulheres consiga identificar que sofre de um transtorno de humor, como depressão ou ansiedade, elas podem não perceber que estão lutando com outros problemas, como apneia do sono ou necessidade incontrolável de mover as pernas, chamada de síndrome das pernas inquietas.
“Os parceiros podem ajudá-las a identificar se estão roncando, acordando roncando e tossindo ou se estão chutando o parceiro a noite toda”, destaca Faubion. As mulheres também podem fazer o possível para praticar uma boa higiene do sono. Aqui estão algumas dicas de especialistas:
1-Exercite-se
Tente fazer alguma atividade física, o que reduzirá os produtos químicos do estresse acumulado e promoverá um sono melhor. Procure realizá-la durante o dia – a luz do sol pode ajudar a restaurar seu relógio biológico.
2- Prepare seu quarto para um sono ideal
Uma das primeiras tarefas é configurar seu ambiente de sono e estabelecer uma rotina relaxante de hora de dormir. O estágio REM do sono é o nível de descanso mais leve e pode ser interrompido com facilidade. Portanto, esforce-se para manter poucos sons, pouca luz e temperaturas mais baixas no quarto.
3- Cuidado com a dieta
Evite cafeína depois das 15h e alimentos gordurosos e picantes antes de dormir, para que o desconforto gástrico não o desperte enquanto estiver sonhando.
4- Prepare-se para relaxar
Tomar um banho quente, ler um livro, ouvir música relaxante, meditar ou fazer alongamentos leves são boas opções.
CNN Brasil
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