Com o intuito de incentivar a leitura, uma pequena editora de Buenos Aires chamada Eterna Cadencia lançou, no mês de junho, um produto sugestivo: El Libro Que No Puede Esperar (‘O Livro que Não Pode Esperar’), um volume de capa preta, aparentemente convencional não fosse o seu conteúdo, que desaparece depois de 60 dias.
Isso mesmo: vencido o prazo de 2 meses, as letras, impressas nas páginas em uma tinta especial, perecível, simplesmente somem aos olhos do leitor, que se contrariar a sugestão do título corre o risco de jamais desvendar o ‘final da história’.
A ousadia do projeto subverteu sua proposta: o livro, que questionava o tempo que os leitores demoravam para degustar uma obra de cabo a rabo, passou a se tornar símbolo de um outro tempo: aquele em que a leitura em papel, tal qual conhecemos, com todo o ritual do tato e do cheiro do livro, saiu de moda e deu lugar a um novo fetiche: o dos eBooks e seus dispositivos de leitura.
Prova disso é o otimismo dos brasileiros com relação aos livros digitais. Segundo dados de uma pesquisa recente do Instituto Pró-Livro (IPL), 54% dos brasileiros afirmam que gostaram muito do contato com o livro digital, enquanto 48% já sinalizaram que pretendiam usufruir da tecnologia futuramente.
A difusão da internet entre os leitores é uma das possíveis explicações para a forte simpatia pelos eBooks: o IPL revelou que 45% dos brasileiros têm acesso à internet, o que representa um total de 81,4 milhões de pessoas.
PARA O FUTURO
Apesar dos indicativos positivos, a parcela da população que já leu literatura com a ajuda de equipamentos como os tablets é ainda reduzida: 82% declararam nunca ter visto um eBook na vida. A penetração do livro digital na atual realidade brasileira é, portanto, ainda minguada: 5% de adeptos, ou 9,5 milhões de leitores, a maioria do sexo feminino, com curso superior e na faixa etária de 18 a 24 anos.
A análise do quadro faz ecoar a teoria do humorista inglês Stephen Fry, para quem “os livros não são mais ameaçados pelo Kindle (leitor de livros digitais da Amazon) do que as escadas pelo elevador”.
A tirada, no entanto, desconsidera algumas tendências de mercado atuais: a PerSe, plataforma digital de autopublicação e comercialização de livros e eBooks, participou da 22ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo com estande próprio e lançou dois pacotes para novos autores que pretendem se incursionar no mundo dos livros digitias.
A AlphaGraphics, empresa que ingressou no mercado brasileiro com a novidade do agBook (divisão de livros digitais sob demanda, na qual escritores editam e publicam seu material gratuitamente), quer levar editoras de livros tradicionais a migrarem para o eBook: “Nossa ferramenta está pronta, testada e aprovada com grande sucesso entre os autores independentes.
Temos certeza que podemos colaborar ainda mais com o mercado literário, levando uma solução completa de e-commerce para estruturas mais tradicionais”, conta Rodrigo Abreu, sócio-presidente da AlphaGraphics Brasil.
Até editoras pequenas, como a religiosa Mundo Cristão, estão entrando na onda: de acordo com informações da assessoria, a editora prepara-se para o lançamento de mais de 60 livros digitais até o próximo ano. Os eBooks são vendidos em livrarias virtuais como o Gato Sabido, a Livraria Cultura, a Livraria Saraiva e a Apple Store.
Fonte: Paraíba Online
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